A Morte não é Nada - Sidney Fernandes

Fulano deixou de viver!
Assim o escritor espírita Alexandre Caldini explicou, num programa de entrevistas, como, na Antiguidade as pessoas se referiam ao falecimento de alguém, para evitar a palavra morte.
— Como ter uma morte melhor? — perguntou o entrevistador.
— Tendo uma vida melhor, aproveitando o escasso tempo que temos na vida, agindo no bem, querendo o melhor e acarinhando as pessoas e cuidando do nosso próprio progresso, observando-se e conhecendo-se, em busca da melhora íntima.
— Como ser feliz?
— A vida que levamos agora influencia esta existência e, seguramente, nossa situação após a morte. Fiquei sabendo, há pouco tempo, que os torturadores do Brasil, em sua maioria, estão passando por situações muito difíceis. Por que será? Porque plantaram más sementes e agora estão colhendo os resultados. Recebemos na presente encarnação o que semeamos e, com toda certeza, também o receberemos na espiritualidade e nas existências futuras. Queremos felicidade, paz e tranquilidade? Façamos por merecer, plantemos isso desde já.
— Todos vamos morrer um dia! Isso é óbvio?
— Sabe que não é tão óbvio assim? As pessoas se esquecem, fazem de conta que nunca vão morrer. Não querem pensar na morte, dizendo que é uma coisa ruim.
— Morrer é ruim?
— Gostando ou não, todos morreremos um dia, como já morremos e renascemos uma série de vezes. Compreender isso como um fato da vida é mais do que meio do caminho andado. Discutir a morte é fundamental. Se a gente quer compreender a morte e quer morrer bem, deve aprender a lidar com a morte e com a dos demais. É bom discutir o assunto.
Por que as pessoas têm medo da morte?
Eis aqui alguns dos motivos principais:
 
- Insuficiência de informações sobre a vida futura; 
Para a maioria das pessoas, a vida depois da morte representa uma ideia vaga, uma probabilidade, e não uma certeza absoluta. Com isso, elas se apegam desesperadamente às coisas da matéria, negligenciando o estudo em torno do assunto. Achando que a destruição do corpo seja o fim de tudo, o homem apega-se à vida material, não tendo plena convicção da satisfação do seu secreto desejo de sobrevivência da alma.
 
- Descrença da felicidade além da vida;
Acreditando que é possível alcançar a felicidade somente com práticas externas, comprá-la a preço de dinheiro, sem maiores preocupações com a reforma de caráter e de hábitos, o homem coloca todas as suas fichas no gozo dos prazeres do mundo.
 
- Conservação de crenças herdadas de ancestrais;
Louvado como uma das maiores obras da literatura mundial, O Inferno foi o primeiro dos três livros que compuseram A Divina Comédia, de Dante Alighieri: um poema épico de 14.233 versos, que descreveu sua brutal descida ao mundo inferior, a jornada pelo purgatório e, por fim, a chegada ao paraíso. Das três partes da Comédia – Inferno, Purgatório e Paraíso –, O Inferno é de longe a mais lida e a mais memorável. 
Antes da obra de Dante Alighieri, a ideia do mundo inferior nunca havia fascinado as massas de forma tão arrebatadora. Da noite para o dia, a obra de Dante cristalizou esse conceito abstrato em uma visão nítida, aterrorizante, visceral, palpável, inesquecível.
Como era de esperar, nessa época, início do século XIV, após a publicação do poema houve um aumento no número de fiéis da Igreja Católica, graças aos pecadores aterrorizados que buscavam evitar a versão atualizada do inferno imaginada por Dante. E essa concepção ainda perdura nos dias atuais.
 
- Cenário sombrio após a morte;
As perspectivas oferecidas pelas religiões tradicionais não são animadoras. De um lado, o terrível inferno de Dante Alighieri. Do outro, almas sofrendo em um purgatório, esperando sua libertação nas orações dos vivos, que não têm muita boa vontade para esse assunto, pois estão preocupados com a própria salvação. Acima dessas possibilidades, resta apenas um improvável céu, restrito aos eleitos.
 
- Barreira intransponível entre as almas, após a morte;
Segundo as crenças tradicionais, se, por exemplo, uma família se separar, após a morte, quem for para o céu não terá acesso a quem estiver no purgatório e, muito menos, ao ente querido que foi encaminhado para o inferno. Essa crença nada tem de sedutora e mata as esperanças dos homens, levando-os a acreditar que a morte, é realmente, a pior desgraça que lhes pode acontecer.
 
- Morte da esperança;
A morte é cercada de cerimônias lúgubres, que aterrorizam e matam as esperanças. Temos que dar um eterno adeus aos nossos amigos que partem, sem jamais poder revê-los. O lamento maior, no entanto, é o da perda dos gozos deste mundo, sem qualquer chance de encontrar, na espiritualidade, felicidades maiores.
 
***
Muitos espíritas veem a morte com serenidade
A maioria dos espíritas encara a morte com esperança e de maneira serena. Por que esse comportamento é diferente do das demais pessoas?
 
- Informações sobre a vida futura;
A vida futura deixa de ser uma hipótese, mas torna-se uma realidade palpável. A situação das almas, após a morte, não é mais uma teoria, e sim a constatação advinda do estudo e da análise das informações e notícias trazidas por elas próprias. 
Esses conhecimentos não são fruto de imaginações férteis ou concepções engenhosas, mas revelações dos próprios habitantes desse mundo imaterial, que vêm nos descrever sua situação.
 
- Felicidade além da vida;
A certeza da vida futura dá outro objetivo à vida do homem. Não obstante lhe serem facultadas a criação e a riqueza, não considera os resultados materiais auferidos como a finalidade da sua existência, mas somente como meios com que poderá contribuir para o progresso da humanidade. O desprendimento e o desapego passam a ser os objetivos almejados.
 
- Revivescência dos princípios do Cristo;
O Espiritismo nos liberta das velhas crenças herdadas de nossos ancestrais. Ninguém mais está irremediavelmente perdido, pois isso não condiria com a generosidade do Deus Pai, revelado por Jesus. 
Para Moisés, não haveria outra maneira de conduzir o povo hebreu senão com a adoção da imagem de um Deus punitivo, que se irava e castigava implacavelmente os que se desviassem das leis divinas. 
Jesus trouxe a imagem de um Deus amoroso, que ele chamava de Pai, que perdoa e nos quer ver vivendo como irmãos. Sua mensagem pode ser sintetizada na anotação de Mateus: Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles. 
Com o advento da Idade Média, a Igreja resgatou o conceito mosaico do pecado e a ideia de que os pecadores precisavam ser castigados, como forma de remir suas faltas. Além disso, foi fortalecida a ideia da ação do demônio na vida dos homens e de que, se não “pagássemos” pelas nossas faltas, estaríamos irremediavelmente condenados ao fogo do inferno.  Essa concepção foi transmitida através das gerações e chegou até os nossos dias, em que continuamos temendo os castigos de Deus. 
O Espiritismo, por meio de sua visão amadurecida, nos faz observar sob uma nova ótica a questão do pecado. Lança a luz do entendimento sobre o assunto e traz conforto e esperança aos homens, que doravante apagam a noção de pecadores e passam a assumir o papel de seres em evolução.
 
- Cenário real;
Não mais a crença no futuro baseada em princípios contraditórios à lógica e sim a perspectiva de uma vida proporcional aos esforços que cada um venha a desenvolver para seu progresso. André Luiz, em suas treze obras que compõem a coleção A Vida no Mundo Espiritual, deu especificidade e ilustração ao pentateuco básico de Allan Kardec, mostrando com clareza didática a visão possível do cenário da vida espiritual, dentro das nossas possibilidades ainda limitadas de conhecimento. O homem encarnado passa a ter plena consciência de que o seu futuro depende da direção que venha dar ao seu presente 
 
- Queda da barreira intransponível entre entes queridos;
Com o Espiritismo, adquirimos a certeza de encontrarmos nossos amigos e entes queridos, depois da morte. Poderia ser de outra forma? Como um pai ou uma mãe poderia ser feliz, nos planos celestes, sem a possibilidade de conviver com seu filho, localizado em regiões sombrias? A lei da reencarnação, irmã gêmea da lei de causa e efeito, nos propicia o retorno à carne, ao lado de criaturas amadas, ainda que elas tenham se distanciado momentaneamente das leis divinas.
 
- Renascimento da esperança;
 
Aí está — arremata o assunto Allan Kardec em O Céu e o Inferno —, para os espíritas, a causa da calma com a qual encaram a morte, da serenidade dos seus últimos instantes na Terra. O que os sustenta não é somente a esperança, é a certeza; sabem que a vida futura não é senão a continuidade da vida presente em melhores condições, e a esperam com a mesma confiança que esperam o nascer do Sol depois de uma noite de tempestade.
Esses conhecimentos não são fruto de imaginações férteis ou concepções engenhosas, mas revelações dos próprios habitantes desse mundo imaterial, que vêm nos descrever sua situação.
 
- Felicidade além da vida;
A certeza da vida futura dá outro objetivo à vida do homem. Não obstante lhe serem facultadas a criação e a riqueza, não considera os resultados materiais auferidos como a finalidade da sua existência, mas somente como meios com que poderá contribuir para o progresso da humanidade. O desprendimento e o desapego passam a ser os objetivos almejados.
 
- Revivescência dos princípios do Cristo;
O Espiritismo nos liberta das velhas crenças herdadas de nossos ancestrais. Ninguém mais está irremediavelmente perdido, pois isso não condiria com a generosidade do Deus Pai, revelado por Jesus. 
Para Moisés, não haveria outra maneira de conduzir o povo hebreu senão com a adoção da imagem de um Deus punitivo, que se irava e castigava implacavelmente os que se desviassem das leis divinas. 
Jesus trouxe a imagem de um Deus amoroso, que ele chamava de Pai, que perdoa e nos quer ver vivendo como irmãos. Sua mensagem pode ser sintetizada na anotação de Mateus: Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles. 
Com o advento da Idade Média, a Igreja resgatou o conceito mosaico do pecado e a ideia de que os pecadores precisavam ser castigados, como forma de remir suas faltas. Além disso, foi fortalecida a ideia da ação do demônio na vida dos homens e de que, se não “pagássemos” pelas nossas faltas, estaríamos irremediavelmente condenados ao fogo do inferno.  Essa concepção foi transmitida através das gerações e chegou até os nossos dias, em que continuamos temendo os castigos de Deus. 
O Espiritismo, por meio de sua visão amadurecida, nos faz observar sob uma nova ótica a questão do pecado. Lança a luz do entendimento sobre o assunto e traz conforto e esperança aos homens, que doravante apagam a noção de pecadores e passam a assumir o papel de seres em evolução.
 
- Cenário real;
Não mais a crença no futuro baseada em princípios contraditórios à lógica e sim a perspectiva de uma vida proporcional aos esforços que cada um venha a desenvolver para seu progresso. André Luiz, em suas treze obras que compõem a coleção A Vida no Mundo Espiritual, deu especificidade e ilustração ao pentateuco básico de Allan Kardec, mostrando com clareza didática a visão possível do cenário da vida espiritual, dentro das nossas possibilidades ainda limitadas de conhecimento. O homem encarnado passa a ter plena consciência de que o seu futuro depende da direção que venha dar ao seu presente 
- Queda da barreira intransponível entre entes queridos;
Com o Espiritismo, adquirimos a certeza de encontrarmos nossos amigos e entes queridos, depois da morte. Poderia ser de outra forma? Como um pai ou uma mãe poderia ser feliz, nos planos celestes, sem a possibilidade de conviver com seu filho, localizado em regiões sombrias? A lei da reencarnação, irmã gêmea da lei de causa e efeito, nos propicia o retorno à carne, ao lado de criaturas amadas, ainda que elas tenham se distanciado momentaneamente das leis divinas.
 
- Renascimento da esperança;
 
Aí está — arremata o assunto Allan Kardec em O Céu e o Inferno —, para os espíritas, a causa da calma com a qual encaram a morte, da serenidade dos seus últimos instantes na Terra. O que os sustenta não é somente a esperança, é a certeza; sabem que a vida futura não é senão a continuidade da vida presente em melhores condições, e a esperam com a mesma confiança que esperam o nascer do Sol depois de uma noite de tempestade.
Fiquemos com este texto/oração:
A Morte Não é Nada
Henry Scott Holland
 
A morte não é nada.
Apenas passei ao outro lado.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.
Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa
como sempre se pronunciou.
Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou,
continua sendo o que era.
O cordão de união não se quebrou.
Por que eu estaria fora de teus pensamentos
apenas porque estou fora de tua vida terrena?
Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo estará bem.
Redescobrirás o meu coração,
e nele redescobrirás a ternura mais pura.
Seca tuas lágrimas.
E, se me amas, 
Não chores mais.
 
Fontes consultadas: Vídeos veiculados por Alexandre Caldini nas redes sociais; 
O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, e Inferno, de Dan Brown.
 
Nota: O texto A Morte Não é Nada é a versão, em português, de parte do sermão proferido pelo cônego Henry Scott Holland na missa de morte do Rei Eduardo VII, em 15/5/1910, também chamado de Oração de Santo Agostinho, pela semelhança com uma de suas cartas escritas no Século IV.