O legítimo feminismo, não o do estímulo às passeatas com estandartes coloridos, mas o que outorga diretrizes superiores e edificantes às mulheres — ensina-nos Emmanuel, em Pão Nosso — surgiu com Jesus. Antes dele, o judaísmo considerava a mulher mercadoria condenada ao cativeiro. Com Jesus, houve a inauguração de uma nova era para as esperanças femininas, pois no evangelho encontramos a consagração da Mãe Santíssima, a conversão de Madalena, a dedicação das irmãs de Lázaro e o espírito abnegado das senhoras de Jerusalém que acompanharam o Mestre até o último instante de sua vida.
Depois de Jesus — continua ensinando Emmanuel —, não obstante a aspereza de suas palavras, Paulo de Tarso consolidou o movimento regenerativo feminino, levantando a mulher de sua aviltada condição para alçá-la à condição de mãe, irmã e filha, como criatura de Deus.
O Espiritismo deu sequência a esse processo de libertação, através da grandiosidade histórica de seu Codificador: Allan Kardec. Ele casou-se com uma senhora intelectualizada e nove anos mais velha, caso atípico para sua época. Com ela — também educadora — militou pela educação e pelo direito de as mulheres se formarem em medicina, bem como defendeu o voto feminino.
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec ressalta que a diferença entre os sexos restringe-se aos gêneros da organização física, porquanto o espírito pode renascer com um sexo ou com outro, sendo lícita a igualdade de direitos entre o homem e a mulher, diferenciando-se apenas suas respectivas funções.
Outro aspecto importante a se considerar foi ele ter escolhido mulheres como intermediárias dos espíritos. As melhores mediunidades dos seus colaboradores eram exercidas por meninas, cujas idades variavam entre quatorze e dezessete anos.
Somos absolutamente iguais! Somos espíritos e o corpo é apenas uma veste temporária. Dessa forma, podemos reencarnar como homens e como mulheres, brancos, negros, amarelos e em qualquer classe social e em qualquer país, assevera Allan Kardec, em pleno olho do furacão, isto é, em meados do século XIX, quando havia se iniciado o movimento de emancipação da mulher, entre as décadas de 1840 e 1850.
Espíritos não têm preferência para nascer como homem ou como mulher, porque o que efetivamente lhes interessa é o progresso, haurido nas diversas provações e deveres especiais atinentes a cada sexo.
— Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens — dizia Kardec.
O que Jesus e Kardec não disseram — não porque desconhecessem, mas porque os homens não os entenderiam — é que a reencarnação num corpo feminino tem o condão de tornar o espírito mais sensível. A intelectualidade do homem é complementada pelo sentimentalismo da mulher. O desenvolvimento cerebral — não exclusivo dos homens — conta com a emoção e a sensibilidade da mulher.
Além disso, enquanto o homem pode executar no máximo duas tarefas ao mesmo tempo, a mulher, simultaneamente, pode exercer as funções de mãe, esposa, profissional, cozinheira e pilotar tranquilamente as funções de gestora de um lar.
Em minha passagem pelo Banco do Brasil, constatei que, não obstante a maternidade, amamentação ou período menstrual, minhas funcionárias eram mais responsáveis, mais assíduas, mais pontuais e tratavam melhor os clientes do que meus colegas varões.
Encerrarei com as palavras de Richard Simonetti, contidas em seu livro O Que Fazemos Neste Mundo, que ressalta o amor materno, algo de Deus no coração feminino, que favorece na mulher o desenvolvimento do seu lado espiritual.
— Por isso ela é mais propensa à atividade religiosa e mais sensível aos valores espirituais.
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Espíritos conscientes de suas responsabilidades reencarnatórias superarão as limitações e valorizarão as virtudes de cada vida, seja ela em corpo feminino ou em corpo masculino, para melhor aproveitar sua experiência evolutiva.
Fontes consultadas: Pão Nosso, de Emmanuel, O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, artigo A Mulher e o Espiritismo, de Dora Incontri e O Que Fazemos Neste Mundo, de Richard Simonetti.