A Terapia das Mãos - Sidney Fernandes

Foram apresentados a Jesus vários meninos, para ele lhes impor as mãos e orar por eles.

Depois de lhes impor a mãos, Jesus partiu dali”

 Mateus XIX, 13 a 15

— Mamãe, mamãe, machuquei o dedinho. Está doendo muito....

— Venha até aqui, filhinha.

Imediatamente a mãe soprou carinhosamente a mão da criancinha.

— Pronto! Já sarou — disse ela, sorrindo.

Por trás desse gesto aparentemente aconchegante e infantil da amorável mãezinha, há séculos da história humana dedicados à energia para ajudar ou até mesmo curar pessoas. No antigo Egito já era utilizado o magnetismo das mãos para o alívio dos sofrimentos, da mesma forma que o utilizamos nos presentes dias.

Jesus, em várias passagens do Novo Testamento, curou, através da prática da imposição das mãos. As chamadas fricções magnéticas, consideradas mágicas e milagrosas, espalharam-se pelos povos no decorrer da história da humanidade. Por intermédio da aposição de mãos e insuflações, pessoas dotadas da faculdade de curar puderam debelar doenças tidas como incuráveis.

Se, nos tempos antigos, essas práticas eram inexplicadas e passaram por prodígios e milagres, o Espiritismo trouxe a chave que as esclareceu, com a enunciação de uma lei natural desconhecida ou mal compreendida pelos homens. Com o conhecimento dessa lei, desapareceu o maravilhoso e hoje esses fenômenos podem ser arrolados na ordem natural nas coisas.

No romance Úrsula Mirouët, Balzac atribuiu poderes reais à personagem da trama, assim como a vidência a ela relacionada, e apresentou várias referências documentais, explicações e testemunhos se referindo às teorias de Alexis Didier (célebre vidente) e às de Franz Anton Mesmer.

Esse mesmo Mesmer atraiu a atenção e impressionou o Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, desde ele que chegou a Paris, quarenta anos antes de codificar o Espiritismo, ou mesmo antes, quando ainda estava na Suíça. O Professor Rivail concluiu muito cedo, com base nos estudos de Mesmer, que todos os humanos possuem, em graus diversos, a força magnética.

Depois, já investido da personalidade do codificador Allan Kardec e desde as primeiras anotações de seu primeiro livro, concluiu que os espíritos sempre preconizaram o magnetismo, quer como meio de cura, quer como causa primeira de muitas variações da arte de curar. A homeopatia de Hahnemann, por exemplo, que parte do princípio de que a doença tem sua origem num plano acima do físico, tornou-se eficiente veículo magnético capaz de atingir a verdadeira natureza do sofrimento.

A obra de André Luiz — particularmente os treze volumes da coleção A Vida no Mundo Espiritual — detalhou e complementou as informações enunciadas por Allan Kardec e antecipou informações que, seis décadas depois de sua publicação, foram pesquisadas e confirmadas recentemente pela respeitada revista inglesa Neuroendocrinology Letters.

Graças à mediunidade de Francisco Cândido Xavier e, naturalmente, aos espíritos superiores que se utilizaram do Espírito André Luiz como seu porta voz e verdadeiro repórter da espiritualidade, a ciência médica teve acesso a inusitadas informações sobre a fisiologia humana.   

O sopro da mãezinha, do início deste texto, foi objeto de um capítulo inteiro do livro Os Mensageiros, de André Luiz, que o comparou ao passe espírita, com vantagens curativas prodigiosas, que pode ser utilizado pela maioria das criaturas. André adverte, no entanto, que toda realização nobre requer apoio sério e que, como em outras modalidades de transmissão fluídica, o esforço individual, a boa vontade humana e a santidade de intenções são imprescindíveis.

André Luiz ainda relaciona em suas obras várias técnicas de exercício dos passes de socorro, que aqui sintetizamos, às quais remetemos o amigo leitor para análise mais acurada:

Sopro ou insuflação: Os Mensageiros e Conduta Espírita; Longitudinal e rotatório: Missionários da Luz; Dispersão: Ação e Reação. O autor ainda se refere ao uso da água fluidificada, ao autopasse e à emissão de força socorrista à distância (irradiação), através da oração.

Sobre, especificamente, a água fluidificada, Allan Kardec nos fala a respeito no livro “O Que é o Espiritismo? ”, destacando a mudança das propriedades da água pela ação da vontade. Afirma que o magnetizador é frequentemente auxiliado por espírito superior, que opera transmutação por meio do fluido magnético e modifica as propriedades da água. Conclui o Codificador que, se os espíritos conseguem modificar a água, podem fazer a mesma coisa com os fluidos do organismo, o que pode resultar em efeito curativo, pela ação magnética dirigida.

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Imposição de mãos, sopros, passes longitudinais, rotatórios ou por dispersão, estariam adstritos ao meio espírita? É evidente que não, como já esclareceu André Luiz, pois, desde que conheça a técnica adequada e guarde elevação mental contínua, qualquer pessoa estará habilitada a se iniciar no trabalho de exteriorização das faculdades radiantes. Presente a boa vontade, o longo exercício proporcionará ao servidor do bem a experiência necessária, desde que se mantenha na retidão de conduta e na pureza de suas intenções.

A mãe que embala e amamenta a criança, a humilde benzedeira que ora em favor do doente, o afago e o carinho transmitidos às pessoas, animais ou simples vegetais, o consolo ao doente ou o simples gesto de ouvir o atormentado, trazem tantos benefícios curativos como a energia vital do reiki, dos japoneses, do johrei, dos messiânicos, do toque terapêutico ou do passe espírita.

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A cura através das várias técnicas magnéticas, particularmente a da imposição das mãos, já está sendo usada em mais de 80 países para o tratamento de várias doenças, desde as mais graves até a ansiedade, a depressão ou o simples estresse.

Trata-se de recurso terapêutico complementar, que não prescinde, nem dispensa, o tratamento convencional da medicina terrestre.

Importante lembrar, com Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, que o poder magnético reside no homem, mas é potencializado pela ação dos espíritos que se interessam pelo doente.

São auxiliados pelos bons espíritos aqueles que, tendo força magnética, esforçam-se para manter retidão de conduta e procuram transmitir aquilo que têm de melhor aos sofredores que os procuram, com a sincera intenção de curar.

Havendo bom ambiente, intenção nobre, oração sincera e merecimento do paciente, poderão ocorrer verdadeiros milagres, que, por enquanto, a ciência ainda não consegue explicar.

A partir do momento em que a medicina terrestre levar em conta não apenas os efeitos, mas as verdadeiras causas das doenças, as espirituais, ainda encobertas pela capa do materialismo, ela terá condições de preveni-las e erradicá-las.

Daí, então, a ciência terrestre deixará de utilizar-se de medidas paliativas e, conhecendo as origens das enfermidades, proporcionará ao homem vida saudável, duradoura e definitiva.