Promessas não Cumpridas - Sidney Fernandes

PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS

Colhendo retalhos de depoimentos de pessoas que passaram a viver no além, concluí que, depois de certo tempo, a maioria reconhece a necessidade de nova encarnação física, em busca de retificação e aperfeiçoamento.

Trago-lhes o caso de Waldemar, que pediu para renascer entre os homens para desenvolver atividades de promoção social junto de crianças e adolescentes carentes. Gabriel foi o instrutor desencarnado encarregado de lhe dar proteção e apoio para que, no tempo devido, detivesse os recursos necessários à empreitada.

 Cedo, através de sonhos e intuições, Waldemar viu-se em contato com Gabriel, que passou a lhe recordar os ideais com os quais havia se comprometido em seu planejamento espiritual.

Precisava, no entanto, de recursos. E o dinheiro chegou, abundante....  Negócios, explorações, transações imobiliárias, lavouras e até loterias proporcionaram vertiginoso progresso financeiro na vida de Waldemar.

Chegou o momento de ele cumprir os acordos firmados com os regentes maiores. Foi nesse ponto que as coisas começaram a desandar: Gabriel falava em crianças, carências, educação e diferenças sociais. Waldemar falava em negócios, reivindicava mais recursos e adquiria mais bens.

Quem se afasta dos compromissos espirituais, e passa a amar coisas, aos poucos vai se coisificando. Os que se empolgam em demasia com os prazeres materiais, e que se esquecem das promessas firmadas na espiritualidade, somente acordam quando a doença ou a morte os abraça.

Certa ocasião, ao visitar determinada fazenda, onde iria implantar monopólios de abastecimento, Waldemar, inadvertidamente, não percebeu inocente casca de banana, que se transformou em improvisado patim. Caiu de costas e projetou o crânio em sólido pontiagudo, vindo a falecer imediatamente.

Ao chegar ao plano espiritual, foi recebido e amparado por Gabriel. Depois do abraço inicial de confraternização, ambos passaram em revista os sonhos de mocidade, os projetos sociais e as excelentes condições que Waldemar havia recebido da espiritualidade e que em nada frutificaram em favor das obrigações assumidas.

Waldemar caiu em si e começou a chorar.

— Meu amigo, meu amigo — disse Gabriel à guisa de consolo. Agradeçamos ao Senhor e à casca de banana a felicidade de reequilíbrio. Seu ideal voltou intacto. Esperemos que o berço lhe seja de novo propício.

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Previnamo-nos, amigos leitores, contra os excessivos atrativos materiais que podem comprometer nossos ideais mais nobres. Todos somos missionários e temos um planejamento a cumprir. Obedeçamos à voz da consciência, que geralmente nada mais representa do que a advertência e a inspiração de nosso protetor espiritual, para que evitemos as cascas de bananas que podem nos levar ao fracasso de nossos empreendimentos morais.