A BONDADE DE DEUS JAMAIS FALHA
Sidney Fernandes
Quando tudo parece perdido E se de repente surgisse uma crise esmagadora em sua vida?
Se o seu mundo estivesse desabando sem perspectivas visíveis de recuperação? E além disso, toda a sua vida e reputação estivessem
prestes a serem maculados para sempre?
Este é o dantesco cenário apresentado por Hilário Silva em um dos seus mais brilhantes textos, em que apresenta o terrível drama do personagem Francisco Teodoro.
Ele não encontrou amigos sinceros que o apoiassem, nem teve coragem para buscar socorro junto de seus entes queridos.
Seu pífio apego à religião de nada lhe serviu e ele se suicidou.
Esquecera-se de apelar a Deus, que jamais deixaria de atendê-lo.
Na espiritualidade, experimentou suplícios por mais de trinta anos, até que conseguiu recuperar-se e voltar ao palco de suas desilusões, para rever parentes, amigos e a sua velha fábrica, que esperava encontrar falida.
Enganou-se! Deparou, surpreso, com o enorme progresso do estabelecimento que havia construído. Filhos e netos continuaram labutando em seu empreendimento, que agora estava modernizado e ampliado.
Cinco dias depois dos seus funerais, a balança comercial do país passara por radical oscilação, provocada pela grande guerra de 1914.
O estoque de casimiras que Teodoro havia acumulado zelosamente produziu importância muito superior aos débitos que o haviam levado à loucura e à morte.
Foi então que o velho industrial reconheceu que a proteção de Deus se fizera presente. Suas orações foram ouvidas e seu negócio fora salvo. Menos ele, que, não resistiu às pressões e cometeu o suicídio.
Francisco Teodoro mostrou melancólico sorriso e entendeu, finalmente, que a bondade de Deus não falhara. Ele, simplesmente, não tivera fé suficiente para entender e esperar.
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O triste episódio que narramos ainda acontece nos tempos atuais. Mais do que nunca precisamos guardar o equilíbrio e a fé e nos resguardarmos dos perigos e das tentações que podem nos conduzir ao perigo e à destruição e nos sujeitar a consequências extremamente funestas e desagradáveis.
A oração e a reflexão estendem as antenas espirituais e nos colocam em sintonia com os valores da vida, que sempre nos protegem.
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Quem era Henry?
Na revista Seleções do Reader’s Digest encontrei a história de Henry. Sua neta, Jean, nos trouxe, em tom intimista, essa encantadora experiência.
Depois da Guerra de Secessão, Henry voltou para sua casa em Nova Jersey e montou um negócio de madeiras e carvão, em sociedade com antigo colega de batalhão. Os negócios corriam bem, graças aos conhecimentos e as amizades de Henry.
Embora seu sócio não concordasse muito, Henry jamais deixou de atender os menos favorecidos, vendendo as madeiras a prazo e para pessoas que detinham pouco poder aquisitivo.
Religioso, sempre orava com a família e prosseguia com seu jeito benevolente que a todos cativava e envolvia, principalmente porque contribuía generosamente com todas as causas. Um homem honesto, de fé e de boas obras.
Certa ocasião, o sócio de Henry ficou bastante zangado porque ele vendeu, a prazo, caras madeiras a um ex-companheiro de farda, Jim, que estava se estabelecendo em Nova York como empreiteiro de obras. Henry estava certo de que Jim teria êxito nos negócios e um dia o pagaria.
E então aconteceu o inesperado. O sócio de Henry desapareceu com todo o dinheiro da empresa e com a esposa de um dos moradores da comunidade.
Depois do incidente, Henry apegou-se ainda mais à religião e às orações. Nelas encontrou o fortalecimento necessário para começar tudo de novo e reencontrar o caminho do progresso.
Henry limitou-se a comentar que, se tivesse exercido adequada influência cristã sobre o sócio infeliz, uma coisa dessas nunca teria acontecido. Cobriu o prejuízo com uma promissória, comprometendo-se a resgatá-la o mais depressa possível. Como o presidente do banco era um velho amigo, esse arranjo foi questão de algumas palavras e de um aperto de mão.
Passaram-se os anos. Por volta de 1890, sobreveio a grande depressão e Henry tinha em seu cofre mais promissórias a serem recebidas do que dinheiro. Da primitiva dívida deixada pelo sócio ainda faltava pagar 17.000 dólares. Com a morte do presidente, amigo de Henry, o banco passou a exigir o pagamento imediato da dívida.
Amigos se cotizaram para pagar o que deviam a Henry, mas o total recuperado era apenas uma gota no oceano. Quase todos estavam na mesma situação e não tinham dinheiro disponível.
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Desculpe, caro leitor, se interrompo a história de Henry, para relatar situação análoga, narrada por Richard Simonetti.
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O tempo dos milagres já passou?
Valdo era presidente de uma creche, que estava passando por dificuldades financeiras. O tesoureiro, Justino, informou que não havia dinheiro para o pagamento do décimo terceiro salário dos funcionários da instituição.
Como ocorria habitualmente, sempre que problemas o afligiam, Valdo buscou inspiração no Evangelho. Abriu-o ao acaso e leu, em Mateus:
Perguntou-lhes Jesus:
— Quantos pães tendes?
— Sete e alguns peixinhos.
Jesus ordenou então ao povo que se sentasse no chão e, tomando os sete pães e rendendo graças, partiu-os e deu aos discípulos para que os distribuíssem pelo povo. Tinham também alguns peixinhos; e ele, abençoando-os, mandou que estes igualmente fossem distribuídos. Todos comeram, ficaram saciados e ainda encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.
A leitura do texto evangélico deu a Valdo novo ânimo.
Telefonou para o tesoureiro e deu a ordem:
— Pode soltar os cheques do décimo terceiro.
— Conseguiu o dinheiro?
— Tenhamos fé, companheiro! Jesus dispunha de apenas sete pães e alguns peixes e alimentou uma multidão de quatro mil pessoas!
— Valdo, sejamos práticos. O tempo dos milagres passou.
Dinheiro não se multiplica no banco do dia para a noite!
— Pague! Assumo a responsabilidade!
—Tudo bem, profeta. Seja o que Deus quiser!
No dia seguinte, o tesoureiro lhe telefonou:
— Recebi um comunicado do banco.
— Quanto devemos depositar?
— Nada.
— Nada?!
— Informaram que houve um depósito ontem, feito por um irmão que se propôs a ofertar um donativo de Natal. Deu exatamente para completar as despesas com o décimo terceiro!...
Valdo desligou o telefone de olhos úmidos. Incontida emoção revigorava seu espírito valoroso. Não havia motivos para desânimo. Jesus velava, sempre pronto a socorrer seus seguidores, conforme prometera.
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Para quem também acha, como o tesoureiro da instituição de Valdo, que “o tempo dos milagres já passou”, ouçamos o final da
história de Henry.
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Milagres acontecem Finalmente, chegou o último dia do prazo. Era uma hora da tarde e Henry precisava arranjar o dinheiro até às cinco. Às duas horas da tarde ele convocou suas energias e fez esta declaração aos empregados:
— Meus amigos, quero que saibam que este é o último dia do meu prazo. Fiz tudo quanto estava em mim, sem resultado. A menos que Deus nos ajude, pois agora só ele nos pode valer, das cinco em diante estarão trabalhando para outra pessoa.
A seguir, mandou que voltassem ao trabalho e abriu calmamente a Bíblia.
Duas horas mais tarde, um trem entrou na estação situada do outro lado da rua, em frente ao escritório de Henry.
Jim, o seu velho amigo do exército, o empreiteiro de construções em Nova York, chegou ruidosamente, conduzindo uma pequena mala. Ao ver Henry ali sentado com a Bíblia nas mãos, deu-lhe uma tremenda palmada no ombro e vociferou:
— Henry, meu caro, que diabo lhe deu na veneta de se afundar aqui em Nova Jersey? O seu lugar é em Nova York. Olhe para mim. Veja só: estou rico, rico, sim senhor! Você sabe — continuou —, comecei a pensar nisso mesmo, hoje, quando acabava de almoçar.
— Pensei com meus botões:
— Aposto que o camaradão do Henry, lá metido em Jersey, está passando o diabo nestes dias de dificuldade. Depois, então, dei uma olhada nos meus livros e, santo Deus, verifiquei que lhe estava devendo um dinheirão há muito tempo.
— Disse de mim para mim:
— Chegou a hora de pagar a conta e aposto como o Henry está precisando do dinheiro.
— De maneira que fui à caixa-forte, onde venho guardando as pelegas precisamente para os tempos de vacas magras, como os de agora, e meti 20.000 dólares nesta velha mala preta. E aqui estão eles. Desculpe a demora, desculpe ter-lhe feito esperar todo esse tempo.
Henry contemplou o amigo, contemplou a mala, depois olhou para a Bíblia. Disse então com toda a calma:
— Em verdade, só comecei a esperar por você esta tarde, depois da uma hora, meu caro Jim.
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A bondade de Deus jamais falha Espíritos do Senhor sempre estão vigilantes. Protetores espirituais conservam-nos na serenidade e no equilíbrio, a fim de superarmos os entraves naturais da vida material.
Jamais nos distanciemos da reflexão, da serenidade e da oração, ingredientes fundamentais para que nossas antenas espirituais captem as sugestões, alertas e recomendações que vêm da espiritualidade maior.
A religião, seja qual for, professada com seriedade e alegria, sustenta a nossa fé, principalmente pelo espírito de emulação que irradia dos companheiros de jornada.
No entanto, o fundamental é nos mantermos com a alma ligada à espiritualidade, conservando-nos na verdade e no bom ânimo, auxiliando os que nos procuram, e tudo virá, no tempo certo, como acréscimo de misericórdia da justiça divina.
Deus jamais nos abandona!
Referências: Artigo de Jean Dalrymple, A dívida de vovô, retirado de Seleções do Reader’s Digest, de junho de 1948; A vida escreve
e Almas em desfile, Hilário Silva; Endereço certo, Richard Simonetti.