A CHAMA DIVINA QUE DORME EM NOSSO PEITO
Sidney Fernandes
— Eu não pedi para nascer. Aceitem-me como eu sou. Não vou mudar.
Infelizmente, semelhante expressão é muito comum e não apenas se origina de jovens irresponsáveis. Ouvimo-la, via de regra, de pessoas maduras que, mesmo com o passar dos anos, ainda não se conscientizaram da verdadeira razão da vida.
Ensina-nos Emmanuel que falam mais alto os impulsos primitivistas que nos mantêm no erro, porque atitudes em desacordo com as leis divinas ficaram impregnadas em nossa alma.
Quando nos desobrigamos da evolução e fugimos do aperfeiçoamento, é natural que nos tornemos extremamente vulneráveis às tentações que nos conservam na escuridão.
Essas tentações reproduzem-se rapidamente na ausência da luz. Em outras palavras, o indivíduo que recusa a autoiluminação atrai calúnias, expressões descabidas, convites de espíritos inferiores, estímulo à indolência e estagnação de sentimentos. Está pronta a combinação perfeita: ausência de luz e águas estagnadas tornam-se campo propício às más alimentações, do corpo e da alma. O charco venenoso é a consequência natural para aqueles que se distanciam da gloriosa luz divina.
O que fazer? Não há salvação aos que se acham presos nas areias movediças do desequilíbrio?
Paulo, o apóstolo, bem sabia de todos esses perigos e desvios que nos afastam do caminho reto. Não por acaso enunciou uma das mais gloriosas expressões, que representa toda a misericórdia de Deus para com seus filhos, ainda encharcados de lodo e irresponsabilidade:
— Te lembro para que despertes o dom de Deus que existe em ti.
Esquecemo-nos desse fundamental componente de nossa alma? Não temos consciência de que a chama divina encontra-se impregnada no peito de todos os filhos de Deus? Teimamos em ignorar que esse ponto de luz, ainda que temporariamente apagado, brilhará a partir do momento em que dirigirmos nosso olhar para o Alto?
Com certeza ainda sofreremos muitas tentações, cairemos várias vezes e padeceremos decepções e desânimos. Sem a menor dúvida, pois ainda estamos no início do caminho evolutivo.
Jamais nos esqueçamos, todavia, que todos nós fomos agraciados pelo determinismo do bem e da cultura infinitos, oásis bendito onde um dia chegaremos, mais cedo ou mais tarde.
Indispensável, todavia, que nos conscientizemos da necessidade de despertarmos nossa alma, a partir da chama bendita que todos portamos em nosso peito.
Fiquemos com Emmanuel, ao comentar a oportuna palavra de Paulo:
Que as sombras do passado nos fustiguem, mas jamais nos esqueçamos de reacender a própria luz.
Reacendamos a chama divina que dorme em nosso peito.
Referência: Vinha de Luz, Emmanuel