Anjos Guardiões- Sidney Fernandes 

ANJOS GUARDIÃES

- Sidney Fernandes 


Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, no capítulo denominado Intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal, encontramos um dos textos mais agradáveis e consoladores da literatura espírita. São Luís e Santo Agostinho assinam uma mensagem que nos comove por seu encanto e sua doçura: a doutrina dos anjos guardiães.
Lembram que temos perto de nós seres superiores, por ordem de Deus, cumprindo a missão de nos proteger, onde estivermos. Observam ainda que, se levássemos a sério essa verdade, seria mais fácil enfrentar os momentos de crise e de influência de Espíritos inferiores.
E se consultássemos mais amiúde esses conselheiros do espaço e com eles estabelecêssemos uma ternura íntima, constataríamos que temos à disposição verdadeiros pais que velam por seus filhos e se alegram quando escolhemos o bom caminho. Quando essa sintonia se estabelece, somos mais fortes e mais felizes.
Jorginho estava com o carro da mãe. Resolveu viajar com um amigo. Nem falou nada em casa, pois ameaçava chuva, e das boas.
Nas proximidades do Rio Batalha, entre Bauru e a vizinha cidade de Pirajuí, aconteceu o acidente. Jorginho perdeu o controle do veículo, que despencou barranco abaixo, em direção ao rio, bufando de tanta água da chuva.
Saíram do carro ilesos. Sofreram apenas alguns arranhões.
Tomou a decisão de comunicar o acidente aos pais somente quando estivesse de volta à sua casa. O susto seria menor, ao constatarem que o filho estava ali, são e salvo.
Em plena madrugada, toca o seu celular.
Era seu pai:
— Jorginho, aconteceu alguma coisa?
— Oi pai. Por que pergunta?
— Sua mãe acordou aqui apavorada. Eu ainda tentei convencê-la de que talvez ela tivesse tido algum pesadelo e que você deveria estar em alguma balada ou coisa parecida. Está tudo bem com você, não é filho?
Jorginho não teve alternativa se não narrar o ocorrido. Ao mesmo tempo, já deduzia como sua mãe havia sabido do
acidente.
Sempre fora muito ligado a ela. E desde muito pequeno já se acostumara com a sua proteção espiritual, mesmo dormindo.
Provavelmente, em sono, presenciou o acidente e retornou imediatamente ao seu corpo, preocupada com o filho.
Um pai, por exemplo, pode vir a ser o Espírito protetor de seu filho?
— Ele o pode, mas a proteção supõe certo grau de elevação, um poder ou uma virtude a mais concedida por Deus. O pai que
protege seu filho pode ser, ele mesmo, assistido por um Espírito mais elevado.
Allan Kardec, questão 507, O Livro dos Espíritos 
Se pudéssemos tentar resumir em uma frase a doutrina dos anjos guardiães, diríamos:
NUNCA ESTAMOS SÓS!
A branda mão de Deus manifesta sua misericórdia ao designar um Espírito superior para nos guiar, proteger e nos aconselhar, no enfrentamento das dificuldades da jornada terrestre. E essa proteção estende-se, conforme informam os Espíritos, à vida espiritual e, às vezes, até às futuras encarnações.
Forçoso lembrar, todavia, que as providências divinas não são somente de caráter protecionista. O homem deve continuar com seu esforço evolutivo, no processo reencarnatório.
Assim, ser-lhe-ão facultadas boas influências de espíritos simpáticos, que dependerão de sua persistência no bem e de seu bom caráter. Caso contrário, ficará à mercê de Espíritos que  podem lhe desejar o mal.
Valorizemos a misericórdia divina, nesse trabalho grande e sublime dos Espíritos guardiães, que velam por nós e nem sempre são por nós ouvidos e reconhecidos. Eles estão sempre prontos para nos ajudar. O nosso progresso, no entanto, depende de nós mesmos.