Aparências e Maledicências - Sidney Fernandes 

APARÊNCIAS E MALEDICÊNCIAS

- Sidney Fernandes 


A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz Mateus, 6:22
A maledicência e a crítica dura e destrutiva são inadmissíveis no comportamento do homem de bem.
Mesmo a simples discordância ou a mera manifestação ruidosa em relação a pessoas e ideias, devem ser conduzidas com muito cuidado.
Não estamos falando, naturalmente, do pensamento divergente que, sinceramente, visa o aperfeiçoamento, com base na excelência e no mérito.
Ainda nesses casos, espíritos elevados costumam revestir suas observações com o algodão da tolerância e a mansuetude da prudência.
Falta-nos autoridade moral para apontarmos defeitos alheios. Além disso, quantas vezes nos deixamos levar pelas aparências? E como as aparências nos enganam...
Muitas vezes fazemos mau juízo do próximo, julgamo-lo por seus erros e, não raramente, nós é que estamos errados.
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A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo. Apesar de ter sido chamada semana, o evento ocorreu em três dias - 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 -, no Teatro Municipal de São Paulo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos.
No dia 17, o público presente, em número reduzido, portava-se com respeito. Até que o Maestro Villa-Lobos adentrou o recinto...
Entrou de casaca, mas com um pé calçado com um sapato e outro com chinelo.
O público e a crítica interpretaram a atitude como desrespeitosa. Vaiaram impiedosamente o grande maestro.
Mais tarde, quando já não se podia mais consertar o grande estrago, o maestro explicaria que não se tratava de modismo. Era apenas um calo
inflamado.
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Como se reconhece um homem de bem? Na resposta da questão 918 - uma das mais importantes de O Livro dos Espíritos -, Allan Kardec registra que o homem de bem é indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do Cristo:
– Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.
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A respeito da maledicência, geralmente revestida da inocente fofoca, Chico Xavier recomendava:
Devemos efetuar campanhas de silêncio contra as chamadas fofocas,  cultivando orações e pensamentos caridosos e otimistas em favor de nossa união e de nossa paz.
No livro Por uma vida melhor, Richard Simonetti adverte que indo pelas aparências, em direção à maledicência, agentes das sombras
agem de forma sofisticada.
Para impedir que a ação saneadora do Espiritismo progrida, semeiam a discórdia e a separação a partir da aparentemente despretensiosa fofoca, a maledicência veiculada sem compromisso, assim como quem vende pelo preço que comprou.
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Aparência e maledicência andam de mãos dadas, ainda mais se inspiradas pela leviandade ou pela má intenção.
Espírita que sinceramente deseje lutar contra suas más tendências deve precaver-se contra esses perigos, ainda mais se considerar que são armas prediletas da espiritualidade inferior.
O que faria Chico em meu lugar?
Silêncio, orações, pensamentos caridosos e otimistas previnem a desunião e nos mantêm nossa consciência tranquila.
Finalmente, é preciso lembrar das dores que já passamos simplesmente porque outras pessoas foram movidas pela necessidade de autoafirmação.
Se doeu em nós, doerá no outro!
Que tal nos lembrarmos da norma básica que nos aconselha a fazer ao próximo exatamente o que gostaríamos que fizessem conosco?
Lembremo-nos do mandamento maior que nos aconselha:
Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.
Lucas, 6:31