Às vésperas da Grande Transição -Sidney Fernandes 

ÀS VÉSPERAS DA GRANDE TRANSIÇÃO
Sidney Fernandes 


Está chegando o mundo de regeneração?
— Como seria a Terra se os seus habitantes já fossem voltados para o mundo de regeneração?
Essa pergunta foi formulada por Richard Simonetti, com a interessante proposta de identificar pessoas já dispostas a colaborar no campo do altruísmo, pela construção de uma nova humanidade.
— Como identificaríamos um habitante do planeta Terra já ligado aos ideais do mundo de regeneração?
Considerou Richard, em sua manifestação, que estamos às vésperas da grande transição anunciada por Kardec, de mundo de expiações e provas para mundo de regeneração. Lembra ele que o nosso planeta ainda caracteriza-se pelo egoísmo, na base do cada um por si e o resto que se vire. Já, no mundo de regeneração, predomina o altruísmo.
Enquanto na Terra atual impera o trio terrível — egoísmo, vaidade e orgulho —, no mundo de regeneração ocorre mais ou menos o que acontece na Colônia Nosso Lar: uma cidade tranquila, localizada em plena região umbralina, onde as pessoas vivem bem, onde há paz, trabalho e felicidade, porque os seus habitantes assumiram o compromisso, perante a própria consciência, de só pensar e praticar o bem. Eles guardam o empenho de servir, trabalhar e coadjuvar a obra da criação. Não são espíritos perfeitos, mas, efetivamente, fazem o possível para
domar suas más inclinações e promover a sua transformação moral.
Seria possível identificar, aqui na Terra, neste mar de espíritos empolgados pela matéria, por gozos, prazeres e transitórios poderes, algum lídimo representante do devotamento e do altruísmo?
Simonetti entendeu que não seria uma tarefa difícil. Embora ainda em quantidade pequena, é possível encontrar pessoas inteiramente devotadas ao próximo, que realizam maravilhosos trabalhos nos campos do bem, social, religioso e até no campo político. Gente idealista, que trabalha para o bem da humanidade. 
Instruções dos espíritos 
Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, encontramos a notícia de que, por enquanto, não é possível usufruir da completa felicidade, na Terra, mas que é possível suavizar os males e sermos felizes tanto quanto comporte a nossa existência grosseira, dentro dos limites do nosso orbe.
Falam ainda os espíritos da possibilidade de se alcançar uma espécie de felicidade relativa, desde que nos dediquemos à prática da leis de Deus. Finalmente, ainda na mesma linha de raciocínio, abrem os mentores uma janela de oportunidades, ao admitirem a possibilidade de irmos resgatando as nossas faltas, já desde esta vida.
Ora! Estas três orientações espirituais não estão se referindo exatamente aos personagens destacados por Simonetti, que, nesta existência, com suas atitudes e comportamentos, estão antecipando o momento de transição anunciado pelos espíritos?
Esse modo de ser caracteriza a atuação de encarnados de nível superior, adrede preparados e especialmente designados para  melhorar as novas gerações, que estão vindo para agilizar a grande transição, que já está em andamento.
***
Exilados de Capela
Em A Caminho da Luz, Emmanuel nos revelou que, por volta do período neolítico, a Terra acolheu grande número de espíritos intelectualmente superiores, porém, de moral limitada, que foram expulsos de um planeta iluminado pelos sóis de Capela.
Esses habitantes recusaram-se a acompanhar o salto evolutivo daquele orbe e, por não terem valorizado os preciosos instrumentos que detinham em suas mãos, foram aqui localizados, para contribuírem com o nosso adiantamento e, ao mesmo tempo, procederem à reavaliação de seus paradigmas.
Aqueles que estranharam a reencarnação, aqui, de espíritos avançados em conhecimentos, porém eticamente atrasados, deverão consultar as informações contidas no Capítulo XVIII, de A Gênese, de Allan Kardec. O Codificador, da mesma forma descrita por Emmanuel, já havia reiterado que eram chegados os tempos anunciados por Jesus e que aquele mesmo processo de expurgo dos capelinos iria se iniciar no mundo em que vivemos.
A geração nova 
Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.
Mateus, 24:34 e 35
De que forma ocorrerão as transformações que culminarão com a ascensão do nosso planeta para superior degrau evolutivo?
Com cataclismos que aniquilarão de repente as atuais gerações?
Ensina-nos Allan Kardec que esse processo — substituição de espíritos que praticam o mal pelo mal — será gradativo, fazendo com que a geração atual gradualmente seja sucedida por uma geração nova, que se identifique com o bem, composta por espíritos melhores.
Quando ocorrerão essas transformações? Segundo Simonetti, elas já estão ocorrendo. Muitos espíritos obstinados no mal, que teimam, com renitência, em não se modificar, estão tendo sua última oportunidade de remissão, em suas presentes encarnações. Por outro lado, existem pessoas que trabalham graciosamente, que têm seus afazeres, necessidades, famílias e compromissos, mas encontram tempo e disposição para desenvolver atividades de benemerência.
Eles fazem parte da geração nova que, por ora, é composta por alguns, mas no futuro será constituída pela maioria. Em outras palavras, pioneiros do processo de regeneração já se encontram em nosso meio, inaugurando um maravilhoso movimento em que todos deverão estar integrados, se quiserem continuar encarnando aqui, no planeta Terra.
O mundo de regeneração surgirá quando todos nós estivermos dispostos a vencer o velho egoísmo e partirmos para o altruísmo, que caracteriza o comportamento dos verdadeiros filhos de Deus, acrescenta Simonetti.
No livro A Gênese, de Allan Kardec, encontramos, na página do Doutor Barry, a confirmação de que essa escalada em direção à regeneração já começou:
É no período que ora se inicia que o Espiritismo florescerá e dará frutos. Trabalhais, portanto, mais para o futuro, do que para o presente. Era, porém, necessário que esses trabalhos se preparassem antecipadamente, porque eles traçam as sendas da regeneração, pela unificação e racionalidade das crenças.
Ditosos os que deles aproveitam desde já. Tantas penas se pouparão esses, quantos forem os proveitos que deles aufiram.
Como fazer parte dos novos tempos?
Estamos efetivamente interessados em fazer parte da nova geração? A que primará pelo aprimoramento moral e comporá o mundo de regeneração que começa a se implantar na Terra?
Talvez a poesia A Saga do Homem Justo, de Merlânio Maia, que aqui reproduzimos resumidamente, possa nos ajudar.
Ela narra a história de um homem justo e bom que, ao morrer, foi impedido de entrar no céu. Resignado, perguntou:
— Por favor, me diga, onde irei ficar?
A resposta que recebeu não o agradou, mas aceitou-a silenciosamente:
— Seu lugar é no inferno.
O homem agradeceu, despediu-se e desceu até o seu destino.
Depois de duas semanas, o séquito de Satanás chegou ao céu, gritando, pedindo para falar com o arcanjo:
— Quem mandou aquele agente sagaz? — perguntou o chefe das trevas, referindo-se ao homem justo e bom.
— Desde sua chegada está desmoralizando o inferno.
Chegou escutando as pessoas, olhando-as nos olhos e conversando com elas. Agora está todo mundo dialogando,  abraçando-se e beijando-se. O inferno não é lugar para isso.
— Exijo que tragam esse sujeito para cá! — encerrou Satanás.
***
Vivamos de tal forma que, se por engano, formos parar no inferno, o próprio demônio nos trará de volta ao paraíso.
***
Fiquemos com Richard Simonetti:
Na medida em que estivermos dispostos a edificar o bem e a orientar as nossas vidas no sentido de construir a solidariedade no mundo, treinaremos a nossa capacidade de servir. Talvez hoje interessados na possibilidade de receber benefícios ou em melhorar a nossa situação espiritual. Mas amanhã espontaneamente.
Assim estaremos preparados para o mundo de regeneração.
Ainda que esse mundo ainda demore um pouco, dentro de nós ele irá nascendo, irá crescendo e para instalar o Reino de Deus dentro de nós e na Terra, com o nosso esforço e desejo de servir.
Referências: A saga de um homem justo, poesia de Merlânio Maia; Mundo de regeneração, texto de Richard Simonetti; A Gênese e O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec; A Caminho da Luz, de Emmanuel.