CIÊNCIA E PERISPÍRITO
-Sidney Fernandes –
Uma das descobertas mais significativas dos anos cinquenta foi a constatação de que o corpo humano tem a capacidade de destruir-se e renovar-se constantemente. Embora os cientistas já soubessem que a pele, o cabelo e o sangue são substituídos continuamente, a novidade surgiu depois que o Karolinska Institutet, da Suécia, desenvolveu estudo baseado na medição do carbono-14 e descobriu que as células se refazem periodicamente.
Em outras palavras, a recauchutagem celular é muito mais ampla do que se imaginava e ocorre num intervalo de 7 a 10 anos, num ciclo constante, no qual as células vão envelhecendo e morrendo, sendo substituídas por outras novas.
A exceção seriam as células nervosas do cérebro, que se manteriam as mesmas por toda a vida. Recentemente, no entanto, a neurocientista Sandrine Thuret, do King’s College de Londres, afirmou, com contundência, que os neurônios fundamentais para os processos de aprendizagem e memória continuam sendo gerados durante toda a vida.
Quando reencontramos uma pessoa que não víamos há seis meses, não a reconhecemos imediatamente? Mesmo assim, tem-se como verdade incontestavelmente aceita pela ciência que todas as proteínas que compõem sua fisionomia não são mais as mesmas da última ocasião que a vimos.
Depois de milhares de estudos em torno do assunto, cientistas teriam chegado a um impasse. Se cada ser humano se reinventa totalmente (ou quase totalmente) a cada determinado período, tornase indispensável a existência de um mecanismo de controle, para que esse ser se mantenha o mesmo.
Esse mecanismo de controle precisa estar fora do corpo físico e não pode estar sujeito a qualquer mutação, renovação ou recauchutagem, ou não teria a estabilidade de manutenção da matriz original.
Em 28 de agosto de 1976, o Dr. Martin Ruderfer, durante uma conferência no Instituto de Paraciência, em Londres, defendeu que a operação de pensar pode ser comparada à de um computador, cuja operação e estrutura já são de nosso conhecimento. Dentro do jargão informático, nos computadores feitos pelo homem existem dois sistemas independentes: o hardware, que designa o sistema que contém os dispositivos de processamento, e o software, que designa as instruções para aquilo que vai ser computado. Nos computadores, o software tem origem fora deles e é elaborado pelos operadores humanos.
Martin Ruderfer, após uma série de considerações em que descreve o cérebro humano como um computador biológico, faz a seguinte indagação:
— Onde está o “software” do cérebro?
Segundo o seu ponto de vista, não existe suporte evidencial para que o software do cérebro humano possa se localizar dentro dele. Após uma série de considerações, defende a posição de que a suposição mais provável é a de que essa fonte de informações esteja fora do cérebro.
Alerta para o fato de que nenhuma máquina pode se autoorganizar e se autoprogramar e que isso, empírica e teoricamente, não foi demonstrado que possa acontecer com o cérebro humano.
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Com suas suposições e lucubrações, os cientistas estão prestes a admitir a existência de um elemento intermediário, o tal software do modelo de Ruderfer. Não é, esse corpo quintessenciado, o nosso velho conhecido, que Allan Kardec chamou de perispírito?
1 A Mente Move a Matéria, Hernani Guimarães Andrade.
Segundo Hermínio Miranda, a existência do perispírito vai se tornando uma necessidade científica, capaz de explicar os fenômenos que a biologia clássica ainda não consegue entender.
A cada dia que passa, estamos presenciando a confirmação científica dos princípios fundamentais do Espiritismo, que se mantém inexpugnável em suas posições.
Nas Fronteiras do Além, Hermínio Miranda.