COMO SALVAR O MUNDO?
-Sidney Fernandes
Vós sois a luz do mundo...
Mateus, 5:14
Não são do mundo, como eu também não o sou...
João, 17:16
Trabalhava num grande banco.
Salário bom, bom plano de saúde e excelente plano de previdência. Passei a ter alguma disponibilidade para algum investimento. Notei que alguns colegas tinham o mesmo" problema". Reunimonos no café e Waldemar puxou o assunto.
– Que tal criarmos uma S.A.?
– Como assim? - perguntei.
– Uma Sociedade Anônima!
– Mas, isso é possível? – objetaram os demais.
– Claro que sim. Basta a gente se unir e pronto.
– Mas, isso dá dinheiro? Queremos fazer o nosso "pé de meia" – voltei a perguntar.
– Depende do empreendimento.
Podemos iniciar com uma contribuição mensal de cada um de nós. Depois de juntarmos um capital, decidiremos o que fazer.
Desse despretensioso diálogo, surgiu o GNI - Grupo de Novos Investidores, que depois de um ano já tinha um bom dinheirinho acumulado. Formou-se uma diretoria. E com a boa organização e confiança que passou a inspirar, alguns clientes do banco também se interessaram.
Logo o GNI estava pronto para investir
– Que tal comprarmos um terreno?– sugeriu um dos sócios.
– Para quê? – perguntaram alguns.
– Sei lá. Depois a gente resolve... –
propôs Waldemar.
Com fé no empreendimento e com a curiosidade de quem tateia um terreno escuro, o grupo se reuniu e aprovou a ideia.
Dali a algum tempo, várias propostas de aplicação surgiram. Por unanimidade decidiram construir uma escola.
Mas, não uma escola qualquer. Uma escola-modelo, digna do conceito da organização em que trabalhavam profissionalmente - porquanto
indiretamente iriam ligar o nome do novo empreendimento a ela - e porque se tratava de um grupo de homens e mulheres idealistas.
Queriam ganhar dinheiro, mas também ansiavam contribuir por uma sociedade melhor.
-x-
Com o tempo esqueci-me do assunto.
Cuidei da minha vida e me aposentei.
Como eu, confiando em Waldemar e nos demais diretores, a maioria dos sócios deixou que fizessem o melhor.
Vinte anos se passaram. Há poucos dias tive uma surpresa. Estava procurando uma boa escola para minha filha mais nova. E alguém falou-me:
– Matricule-a no GNI!
– GNI? Mas, eu sou sócio de um
GNI. Será que é o mesmo?
Era o mesmo. Com emoção, constatei que aquela reunião despretensiosa de 20 anos antes havia se transformado na melhor escola de minha cidade.
Procurei os antigos sócios e diretores da nossa S.A., dizendo da minha agradável surpresa.
E, engraçado, ninguém - com exceção dos diretores administrativos, que eram remunerados em suas funções
- jamais ganhou qualquer dinheiro com o empreendimento, a não ser, naturalmente, a valorização das cotas de participação.
Nenhum de nós, porém, se preocupou ou está preocupado com isso. O objetivo inicial de vantagem financeira deu lugar à enorme satisfação de sabermos que contribuímos de alguma forma para que aquela escola surgisse.
Hoje, quando vemos as filas de carros chegando de manhã com crianças, jovens, pais, professores e diretores da Escola GNI, emocionamonos,
muito mais do que com o lucro financeiro, com a satisfação de termos contribuído por um mundo melhor.
As identificações são fictícias, mas o depoimento é real, de um dos sócios do GNI.
-x-
Como tornar o mundo melhor? – Vós sois a luz do mundo – afirmou Jesus. E aquele grupo de investidores, que inicialmente somente queria ganhar dinheiro tornou-se, mesmo sem querer, uma pequena luz no mundo.
Eles deram a sua contribuição para o progresso, para o ensino, para a evolução da sociedade E se sentem felizes hoje por isso.
Não está exatamente aí a fórmula para melhorarmos o nosso planeta? Se nos unirmos, como aconteceu com os participantes da primeira reunião do GNI, e passarmos a remar do mesmo lado, em direção a um objetivo, ele será alcançado.
O mundo está precisando exatamente desse empenho, dessa conscientização, desse desprendimento. Exatamente porque, como afiançou Jesus, moramos no mundo, mas não somos deste mundo.
– Vós não sois do mundo, como eu também não o sou (João, 17:16).
Espera-se o mesmo de todos os habitantes do nosso planeta!