Concilia-te depressa com o teu adversário.
-Sidney Fernandes
"Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão." Mateus 5:25.
“...o homem é artífice de sua própria infelicidade.” (O Livro dos Espíritos – Questão 921)
Sidney Francez Fernandes
Zequinha não fazia questão nenhuma de ter amigos. Sua conduta afastava as pessoas e, pior, criava desafetos. Além do comportamento agressivo e egoísta, era amigo do álcool. Por sua conduta irregular, poderia ser demitido a qualquer momento da ferrovia em que trabalhava.
Na virada do ano novo, todos comemoraram. Mas Zequinha exagerou. E quando os colegas de trabalho passaram pelo pontilhão que ligava o Bairro Bela Vista ao recinto da ferrovia, viram Zequinha caído, ferido e dormindo a sono solto, embalado pelas bebedeiras da madrugada. Ninguém fez menção de ajudá-lo.
Iam passando de largo quando Zé Lopes falou: - Gente, é o Zequinha, vamos ajudá-lo! Todos estranharam essa atitude.
Afinal de contas, ninguém gostava do Zequinha e a maioria queria mesmo é que ele se complicasse e perdesse o emprego.
Mas todos respeitavam Zé Lopes. E sob sua influência benévola, tiraram Zequinha da lama do pontilhão e o levaram para a enfermaria da estação ferroviária. Medicado, foi para casa. No dia seguinte, chamado à superintendência, recebeu o ultimato: ou parava de beber ou seria demitido. Zé Lopes o esperava. E com a autoridade de quem sabia o que falava, discorreu longamente sobre o seu relacionamento com os colegas, com o trabalho e com a bebida. Zequinha prometeu emendar-se. Ninguém acreditou.
Passado algum tempo, Zequinha sofreu um acidente com um vagão de carga. Nada sério, mas o serviço médico concedeulhe licença por alguns dias. Aproveitando-se da situação, o paciente não sarava. Estava “esticando” a doença para não trabalhar. Zé Lopes voltou à carga, dando-lhe sonora bronca.
Alertava-o da possibilidade concreta de sua demissão, caso levasse adiante a farsa.
Dias mais tarde, Zequinha estava atravessando uma rua e quase foi atropelado por um veículo. Graças à sua agilidade, safou-se com um pulo digno de atleta em plena forma. Ocorre que o motorista do carro era simplesmente o médico que estava sendo ludibriado pelo “acidentado”. Não deu outra. No dia seguinte sua licença-saúde era cancelada e, ao mesmo tempo, saía sua transferência para um dos mais temíveis serviços da ferrovia: a soca, aonde a manutenção e reposição dos dormentes era feita pelos iniciantes de carreira ou como castigo aos indolentes e
malandros. Segundo Zé Lopes, ainda saiu no lucro.
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Nosso personagem encontrou um “anjo da guarda” que, com muita paciência e dedicação, conseguiu protegê-lo de seus adversários, mas não de seus próprios erros. O guia mais seguro para nossa conduta já nos foi oferecido pelo próprio Jesus, ao propor que desejemos para os outros o que gostaríamos fosse feito para nós mesmos. E essa áurea regra deve ser considerada em todas as situações de nossas vidas. Até que nos conscientizemos dessa recomendação, continuaremos a “bater a cabeça”, projetando para o futuro somente infelicidade, fruto colhido por
quem semeia infrações e excessos.