CONHECIMENTO
Luz que liberta
Sidney Fernandes –
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.
João, 8:32
A informação e o conhecimento libertam e nos dão a perfeita noção dos acontecimentos, de suas causas e efeitos. A ignorância pode nos trazer medos, inseguranças e comprometer a verdadeira postura que devemos assumir perante a vida. É bom ter presente, todavia, que a verdade é como a luz, com a qual o homem deverá habituar-se, gradativamente, pouco a pouco, sob pena de ela ofuscar o raciocínio1.
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Patrícia estava deitada, quase dormindo, quando viu seu irmão, que estava em outra cidade, entrar em seu quarto. A aparência era tão real que ela achou que ele havia voltado da viagem. Quando foi tentar conversar, ele fez-lhe sinal para não falar e dormir. Em seguida desapareceu. Noutra ocasião, Patrícia sentiu-se mais leve, dois corações batendo, o do seu corpo e o de outro corpo, mais leve, e começou a levitar. De repente, viu sua querida avó, já morta, sorrindo para ela. Acordou com agradável sensação de bem-estar e de alegria.
Seu irmão, depois consultado, ainda se encontrava em outra cidade no momento da aparição.
Esses fenômenos são muito comuns na vida de Patrícia. Para sua família, no entanto, são motivo de preocupação, por suas convicções religiosas, principalmente porque envolve relações com O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 628.
Pessoas já falecidas, o que, para eles, representa contato com demônios.
O pastor da igreja que frequentam, consultado por eles, deulhes a única orientação que sua ideologia e seus conhecimentos permitiram:
— Deus proíbe a comunicação com os mortos e tal prática não tem a bênção do Senhor. Os demônios podem se manifestar como nossos parentes e pessoas queridas, tomando a forma de anjos de luz. São especialistas em enganar! Não era o irmão, nem a avó que estavam ali, mas entidades demoníacas.
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O Espiritismo nos dá a chave de uma imensidão de coisas que, até pouco tempo, eram consideradas sem razão, maravilhosas e fora da ordem dos fenômenos naturais. A realidade hoje nos é demonstrada de maneira irrecusável.
Ensina-nos o Professor Herculano Pires, em sua fiel tradução de O Livro dos Médiuns, que, por mais maravilhosos que os fenômenos apresentados por Patrícia possam parecer, ao estudioso da Doutrina Espírita não sairão do círculo dos fenômenos naturais.
Durante o sono, o espírito se afasta do corpo, com mais liberdade. Quem estudou o Espiritismo já aprendeu que, tanto o espírito do vivo, quanto o do morto, possuem um envoltório, que Allan Kardec nominou de perispírito, capaz de proporcionar visibilidade e tangibilidade momentâneas.
Esse fenômeno, chamado de desdobramento ou bicorporeidade, ocorreu com Santo Afonso de Liguori, com Santo Antônio de Pádua e pode ocorrer com qualquer indivíduo que tenha.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 628.
— como explica Allan Kardec — adquirido virtudes e elevado sua alma a Deus.
Incrédulos argumentarão que essas explicações datam do século XIX. Elas foram, no entanto, confirmadas por numerosas experiências científicas e ocorrências, em várias partes do mundo, como Alemanha (Zolner), França (Richet, Geley, Osty e Gibier), Reino Unido (Soal, Carington e Price), Estados Unidos (Rhine), Suíça (Jung) e Brasil (Hernani Andrade). E nenhum desses cientistas ou parapsicólogos puderam contradizer as teorias defendidas por Allan Kardec.
Situações como a de Patrícia e seus familiares espalham-se pelo mundo, a dezenas de milhares. Elas representam, aos mais simples, medo e insegurança; aos ignorantes, incredulidade e dúvida; aos mais instruídos, desconforto filosófico; porquanto suas causas são desconhecidas e desconsideradas pelas mais imponentes arquiteturas de erudição.
Sem o conhecimento das realidades espirituais, protagonistas desses dramas — ainda que tenham sido portadores de excepcionais talentos enquanto estavam vivos — poderão ser surpreendidos pela morte em estado de extrema indigência e ser despejados no plano espiritual como se tivessem chegado a um país desconhecido e assustador — ensina-nos Hermínio C. Miranda.
Não por acaso, advertiu-nos o Espírito de Verdade6 para não afastarmos o facho que nos clareia o caminho:
— Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruívos, este o segundo. No cristianismo encontram-se todas as verdades.
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, capítulo 7 – bicorporeidade e transfiguração.
Texto redigido com base em nota do Professor Herculano Pires, na tradução de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
As Mil Faces da Realidade Espiritual.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, Capítulo VI, O Cristo Consolador, em Instruções dos Espíritos, na página
Advento do Espírito de Verdade.
Todos nós somos filhos de Deus, em crescimento. A morte a ninguém propiciará passaporte gratuito para a ventura celeste. Daí a
necessidade de entendermos que os tesouros da eternidade somente serão oferecidos com a aquisição de sabedoria e de amor.
Fiquemos com as orientações de Emmanuel, em sua maravilhosa obra O Livro da Esperança:
Educação e reeducação constituem a síntese de toda obra consagrada ao aprimoramento do mundo. Para isso e para que nos disponhamos à conquista da vida vitoriosa é que o Espírito de Verdade, nos primórdios da Codificação Kardequiana, nos advertiu claramente:
— Espíritas, instruí-vos.
A Doutrina Espírita brilha hoje, porém, diante do Evangelho, não apenas para aliviar e consolar, mas também para instruir e esclarecer.
O Espiritismo, restaurando o Cristianismo, é universidade da alma. Nesse sentido, vale recordar que Jesus, o Mestre por excelência, nos ensinou, acima de tudo, a viver construindo para o bem e para a verdade, como a dizer-nos que a chama da cabeça não derrama a luz da felicidade, sem o óleo do coração.
Iluminemos o raciocínio sem descurar o sentimento.
Burilemos o sentimento sem desprezar o raciocínio.
No Mundo Maior, de André Luiz, na introdução Na jornada evolutiva, de Emmanuel.