Crianças voltam do passado -Sidney Fernandes

Resumo
Crianças e jovens que já partiram para o outro lado da vida podem voltar e se comunicar com seus pais? Algumas delas retornam à vida física e se lembram de vida anterior? Como explicar as dores e deficiências da vida atual? Nossas interpretações dificilmente se aproximam dos métodos persuasivos do plano espiritual, que dispõe de formas de convencimento que não concebemos.
Palavras-chave
Crianças; comunicações mediúnicas; lembranças de outras vidas; reencarnação; planejamento reencarnatório.


CRIANÇAS VOLTAM DO PASSADO
Sidney Fernandes

Crianças e jovens que já partiram para o outro lado da vida podem voltar e se comunicar com seus pais? Algumas delas retornam à vida física e se lembram de vida anterior?
TETÉO
Centenas de mães foram a Uberaba para obter notícias de seus filhos. Por mais de sessenta anos Chico Xavier confortou pessoas desconsoladas que buscavam notícias de seus mortos. Uma das cartas recebidas por Chico1 foi a do pequeno Rangel, que morreu aos três anos, depois de cair de bicicleta. Sua carta tinha traços infantis, provavelmente por não ter tido tempo para ser alfabetizado, e foi redigida com a ajuda do avô.
— Querido papai Aguinaldo e querida mamãe Célia, com vovó Lia. Sou eu o Tetéo. Estou com o meu avô Lico e com a minha tia Gilda. Vovô me auxilia a escrever porque estou aprendendo. Estou vendo a tia Lé. Eu estou vivo e vou crescer. Estou aprendendo a escrever só para dizer ao seu carinho e ao carinho da mamãe Célia que não morri. Vou aprender muitas coisas e muitas lições para saber escrever melhor.
Mas, já estou mais adiantado que a Mariana e creio que o Aguinaldinho ficará satisfeito. Papai, mamãe, Vó Lia e Tia Lé, não posso escrever mais porque fiquei cansado de fazer letras. Mas, quando eu puder, voltarei. Estou com muitas saudades.
O apelido do pequeno Rangel, a citação dos nomes dos parentes e de amiga da família, bem como detalhes particulares, desconhecidos por Chico, atestaram a veracidade da tocante comunicação, reconhecida pelos entes queridos.
PAPÁ, MEU AMOR!
Alexandre Aksakof2, grande pesquisador russo dos fenômenos espíritas do século XIX, recebeu, pelo consagrado médium Daniel Dunglas Home, comunicação que dizia respeito a assunto de família muito íntimo. O espírito da filha de Roberto Chambers pedia que ele entregasse uma carta ao pai. Aksakof recusou-se a fazê-lo, a não ser que a entidade lhe desse uma prova incontestável de autenticidade, que pudesse
convencer o Senhor Chambers de que a correspondência era realmente de sua filha.
Instado, o espírito respondeu a Aksakof:
— Dize-lhe: “ Papá, meu amor! ”
O pesquisador russo procurou o Senhor Roberto Chambers e lhe perguntou o que significava aquela expressão. Ele respondeu que aquelas haviam sido as últimas palavras de sua filha, no momento em que morreu. A partir daí Aksakof se sentiu autorizado a entregar a comunicação que lhe havia sido confiada.
O revelador episódio, além de ter sido registrado em obra do próprio Aksakof, foi publicado de forma independente pelo jornal Banner of Light, em artigo de autoria de H.F. Humphreys que, providencialmente, testemunhou aquela sessão com o Sr. Home.
LILI
A filha única de Madeleine, Julie, de quatorze anos, objeto de toda a sua ternura, havia falecido. Diante da tristeza inconsolável, a saúde da mãe começou a se alterar gravemente, de maneira que, em breve, ela poderia seguir os caminhos da filha.
Uma senhora de seu conhecimento aconselhou-a a procurar Allan Kardec, que a acompanhou, em busca de alívio para sua pena, a uma consulta mediúnica. Eram apenas os três: a mãe, a médium e Allan Kardec. Eis o resultado dessa sessão:
— Em nome de Deus, peço-te que venhas, minha filha querida, se Deus assim o permitir.
— Mãe! Estou aqui!
— És tudo mesma, minha filha, que me respondes? Como posso saber que és tu?
— Lili.
Lili era um pequeno apelido familiar, dado à jovem em sua infância, que não era conhecido nem da médium, nem de Allan Kardec, considerando-se que, havia vários anos, só a chamavam pelo nome de Julie. A esse sinal, a identidade era evidente. Não podendo dominar a emoção, a mãe explodiu em soluços.
GILLIAN E JENIFFER
O professor Hemendra Nath Banerjee nasceu na Índia, em 1929, e foi um dos mais destacados pesquisadores sobre a reencarnação. Em 1979, publicou o livro Vida Pretérita e Futura, um relato de 25 anos de pesquisas na área da reencarnação. Nesse livro, descreve seus achados em mais de 1.100 casos estudados.
Ao pesquisar o caso das gêmeas Gillian e Jeniffer Pollock, nascidas em uma família católica na Inglaterra, Banerjee comprovou que elas, na vida anterior, tinham sido as irmãs Joana, de onze anos, e Jacqueline, de sete. Elas haviam morrido de mãos dadas, vítimas de atropelamento. Ao reencarnarem do mesmo pai e da mesma mãe, as gêmeas começaram a falar de suas vidas passadas, inclusive relatando com detalhes o
acidente que sofreram.
SUJITH
Dentre os cientistas que estudaram a reencarnação, podemos citar Ian Stevenson, pesquisador canadense-americano, que abordou esse assunto com rigorosa metodologia.
Um dos casos por ele estudados foi de Sujith, um menino que nasceu no Sri Lanca. O cingalês começou a falar sobre uma vida anterior em 1971, com menos de 2 anos de idade. Disse que na vida anterior chamava-se Sammy, fora ferroviário e vendedor de  aguardente em Gorakana, cidade distante dez quilômetros de onde Sujith morava.
Lembrava-se que, na vida anterior, depois de uma bebedeira, brigara com a esposa Maggie, saíra para andar e morrera atropelado por um caminhão. O caso chegou ao conhecimento de um monge budista, que conseguiu verificar dezesseis pontos do relato de Sujith, quase todos confirmados. 
Stevenson foi ao Sri Lanka entrevistar os envolvidos no caso e conseguiu confirmar 59 afirmações de Sujith sobre sua vida anterior. O pesquisador notou no menino características marcantes de Sammy, como o gosto pelo canto, a propensão à violência física, uma imensa generosidade e um precoce interesse por cigarros e álcool.
***
VERDADES REVELADAS
Comunicações mediúnicas, lembranças de vidas anteriores, TVP – Terapia das vivências passadas e EQM – Experiências de quase morte são fatos que não podem mais ser ignorados pela ciência humana. Por que indivíduos, particularmente crianças, passaram a nos dar provas irrecusáveis da continuidade e da multiplicidade das vidas?
Nossas interpretações dificilmente se aproximam dos métodos persuasivos do plano espiritual, que dispõe de formas de convencimento que não concebemos. Somente quando chegarmos ao cume evolutivo é que os véus pesados sobre o entendimento começarão a ser retirados.
Por dedução, só podemos imaginar que esses fatos, que estão chamando a atenção dos cientistas, foram planejados por técnicos da espiritualidade, a fim de auxiliar-nos a superar crônicas distorções de comportamento, que vêm se repetindo no transcorrer de nossas existências. Experiências oriundas de crianças que se lembram do passado deveriam despertar em nós a consciência de que somos espíritos reencarnados e estamos de volta à vida física para evitar erros pretéritos e rever nossos procedimentos.
Referências:
1 SUPERINTERESSANTE. https://super.abril.com.br, “Três cartas inacreditáveis que Chico Xavier psicografou”, por Sílvia Lisboa, atualizado em 12 junho 2018.
2 AKSAKOF, Alexandre. Animismo e Espiritismo. Cap. IV-B-II- Edição original francesa em 1895. P.G. Leymarie.
3 IBIDEM.
4 KARDEC, Allan. Revista Espírita. Janeiro de 1858, trad. Evandro Noleto Bezerra, p.
5 MONTEIRO, Gerson. Reencarnação e almas gêmeas. https://livrozilla.com.