Diante dos fracassados -Sidney Fernandes

DIANTE DOS FRACASSADOS
Sidney Fernandes


Depois de muitos esforços, meu técnico conseguiu implantar excelente velocidade de internet em meu computador. Epa! Um problema. Meu velho notebook não apresentou a mesma performance.
— O que está acontecendo? – perguntei. Enquanto o computador de mesa resistiu a todos os testes, o velhinho não acusou de jeito nenhum os 300 megas adquiridos.
— Não adianta, seu Sidney – informou o técnico. Essa máquina foi construída para apenas 100 megas. Seu processador foi concebido com esse limite. 
Conformado, agradeci ao técnico o esclarecimento. Assim que ele saiu, minha esposa, muito esperta, disse-me:
— Temos aí uma perfeita metáfora das pessoas que recebem tudo da vida e não aproveitam as oportunidades.
— Como assim? – perguntei.
— Você não estranha o comportamento do Roberto, filho do seu amigo Jairo, que teve à disposição três faculdades, dois estabelecimentos comerciais, estágios no exterior, trabalho em um navio de cruzeiros e excelentes oportunidades de realização em grande franquia e se manteve indiferente a tudo?
— Sim, mas o que isso tem a ver com meus computadores?
— O processador do Roberto foi concebido com determinado limite e jamais passará disso.
— Mesmo que ele se esforce e se dedique?
— Ah, sim. Caso ele deixe a ficha cair, como aconteceu com o filho pródigo da parábola, supere sua indolência e parta para o trabalho digno, com certeza ampliará os seus registros e poderá ter uma vida melhor. Ele não é uma máquina e suas limitações não são absolutas. Depende exclusivamente de seus esforços.
Fiquei pensando nas reflexões de minha esposa e tive que lhe dar plena razão.
Diz Emmanuel que Deus nos proporciona todos os recursos necessários ao nosso progresso material e espiritual. No entanto, ele não pode evoluir em nosso lugar. Isso é tarefa pessoal que demanda esforço, dedicação e perseverança e cabe a cada alma.
E quando o processador não se renova e não tem sua capacidade de realização ampliada pelo espírito que insiste em marcar passo em sua jornada evolutiva? Cabe-nos, então, deixá-lo à própria sorte? Jamais! Os que o rodeiam e o amam jamais deverão desampará-lo.
Antes, portanto, de massacrarmos os que consideramos fracassados, perguntemos a nós mesmos qual a capacidade de seu processador e, mais do que isso, em que altitude espiritual eles se encontram. Talvez essas pessoas precisem muito mais de apoio e incentivo, do que críticas e exasperação.