Doutrina de Amor e Luz -Sidney Fernandes

DOUTRINA DE AMOR E LUZ
Sidney Fernandes


Em meados do século XX, as concentrações e congressos espíritas estavam a pleno vapor. Nos dias atuais remanescem alguns movimentos, nacionais e internacionais. Destaco o Encontro Anual Cairbar Schutel, realizado na cidade de Matão (SP), sob a direção de um grupo de amigos de várias cidades. O Hino ao Espiritismo, de autoria de Nelson Kerensky e Sebastião Avelino de Macedo, cuja letra abaixo transcrevemos, era cantado e decantado na época áurea dos grandes encontros de jovens e famílias espíritas.
Doutrina de amor e luz, ciência, fé e consolação, prometida há dois mil anos por Jesus, diretriz da humana perfeição.
Proclamam irmãos dos céus a boa nova, a lei imortal.
Homens, fraternizai, vosso pai é Deus e sois vós a família universal!
Irmãos, é a Doutrina Espírita a imensa esperança do porvir.
Marchar ao clarão da luz bendita é nascer e renascer, amar e progredir.
Ao desavisado leitor, à primeira vista, poderá parecer que o ufanismo dessa letra sugere a presunção de que o Espiritismo será
a religião do futuro.
Em entrevista que realizei com Orson Carrara, respeitado escritor e conferencista, nascido em Mineiros do Tietê, atualmente radicado na cidade de Matão, questionei-o a esse respeito:
— Podemos afirmar que o Espiritismo vai se tornar, futuramente, a religião de todos os habitantes do planeta Terra?
— Não, absolutamente não! Ninguém precisa se tornar espírita para galgar felicidade e harmonia interior e plena identificação com o Criador e suas leis. O Espiritismo será o futuro das religiões, conforme um grande clássico da Doutrina Espírita. Isso significa dizer que a humanidade não precisará se tornar espírita, mas os princípios apresentados pelo Espiritismo estarão dentro do contexto da própria vida humana. Porque a Doutrina dos Espíritos não foi criada, não foi inventada e sim, representa, uma síntese das leis divinas.
— O que importa para o ser humano, que habita este planeta, como criatura pensante, capaz de sentir, de agir, capacitada, com plena potencialidade de desenvolvimento, é tornar-se uma criatura de bem. Isso significa fazer o bem, viver o bem, harmonizar-se interiormente para exteriorizar-se junto às demais criaturas da sua convivência, como um ser que promove o bem, vive bem e o bem, capaz de tornar-se espelho refletor de luzes para estender a solidariedade, uns para com os outros.
— A construção interior é que vale, muito mais do que qualquer religião ou denominação religiosa que se queira dar, inclusive a espírita. O importante não é tornar-se espírita. O importante é sermos criaturas boas. Isso vale para todas as religiões. Ser bom é identificar-se com a moral de Jesus.
A menção de Orson à expressão Religião do Futuro, referese à famosa frase de Léon Denis, contida no livro No Invisível:
As religiões do futuro terão por fundamento a comunhão dos vivos e dos mortos, o ensino mútuo das humanidades.
Estamos vivendo o momento previsto por Léon Denis. As ligações do homem com Deus tendem a ocorrer sem intermediários, sem cultos, sem dogmas que contrariem a razão, como ocorre hoje com a Doutrina Espírita. Não estaremos exagerando se afirmarmos que outros credos cada vez mais se aproximam dos valores espíritas.
Muito temos ainda a caminhar. As legiões de espíritos pouco evoluídos que irão reencarnar na Terra representam bem os momentos de convulsão ainda por vir.
Por outro lado, caravanas de missionários começam a reencarnar em nosso planeta, para criar um novo tempo. Aportam aqui, para acelerar o entendimento e promover o progresso, que, gradativamente, adquirirá força e velocidade.
O conhecimento está à disposição da humanidade.
Modernos meios de comunicação e de pesquisa tendem a escancarar, em futuro não muito distante, os preciosos conhecimentos do espírito.
Oxalá a humanidade faça bom uso dessas verdades!
Faz cinquenta anos que os espíritas sabem o que a ciência pretende hoje descobrir. (Léon Denis, Congresso Espírita de Liége, Bélgica, em 1905)
Referência: No Invisível, Léon Denis.