Entra em acordo sem demora com o teu adversário... Mateus 5:25 -Sidney F. Fernandes

“Entra em acordo sem demora com o teu adversário...” Mateus 5:25

-Sidney F. Fernandes


Notei que uma de minhas filhas teimava em chegar atrasada na escola. Conversando com ela, deduzi que estava sofrendo algum tipo de pressão. Bullying! No falso entendimento de alguns opressores, chegar antes da hora representava exagerada vontade de estudar e, portanto, motivo de chacotas e situações vexatórias. Felizmente em pouco tempo o assunto se resolveu graças a medidas adotadas pela direção da escola.
Que absurdo! Sentir-se mal ou envergonhada por estar cumprindo uma regra? Daí lembrei-me de que Rui Barbosa, mais de um século atrás, já declarava, em discurso proferido no Senado Federal: ... de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Se homens maduros sentem vergonha de ser honestos, como criticar uma insegura jovem, sob a mira de “marmanjões”?
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É possível orar para evitar o bullying?
Claro que sim! A oração sempre é útil. Ela nos conduz à mansuetude que, acompanhada de ações inteligentes, pode conter, com
recursos pacíficos, os que insistem em agir com violência.
O psiquiatra Stuart Twemlow e o psicólogo Frank Sacco escreveram o livro “Por que os programas antibullying das escolas não funcionam?”.
Defendem a tese de que não basta punir os agressores. Isto só faz com que eles pratiquem bullying longe das vistas dos professores. A melhor estratégia é ensinar as crianças a se defenderem, aprimorando formas de diálogo que passem longe da provocação...
Faixa preta em aiquidô, Twemlow entende que através das artes marciais podemos aprender a nos defender, esquivando-nos da violência do opositor.
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Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?
Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos.
Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância. (LE 932 – Kardec)
Espíritos que sofreram muito tempo o jugo e a opressão de intrigantes e audaciosos costumam lhes debitar totalmente a responsabilidade desse sofrimento.
Com o tempo, aprendemos que não somente os maus foram os responsáveis por nossas dores. Quando somos fracos, omissos e tímidos, nós lhes damos liberdade de ação.

Nós “permitimos” que manipuladores e agressivos extravasem a sua inferioridade.
Não se trata aqui de sermos tão maus quanto eles. Não se está falando de pagar o mal com o mal e nos igualarmos em crueldade. Trata-se de aprender a defender-se.
Sem agressividade. Sem violência. Com assertividade.
Mesmo assim devemos orar? Sem dúvida, sempre, com fervor e confiança (LE 660 - Kardec).
Com a oração atrairemos bons espíritos, que nos fortalecerão. No entanto, jamais eles prescindirão da nossa participação. Com a ajuda do plano espiritual e com a nossa coragem e firmeza, poderemos sim minimizar as dores provocadas pelos maus. “Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, bem o sabes” (LE 663 – Kardec).
Finalmente, é preciso lembrar que ainda não somos anjos. Vez por outra, mesmo sem intenção, também praticamos o bullying, sendo agressivos e opressores. É preciso entrar em acordo sem demora com os adversários e também, com nós mesmos.