Instrumentos da Misericórdia -Sidney Fernandes

INSTRUMENTOS DA MISERICÓRDIA

-Sidney Fernandes


Se alguém está doente ou enfrenta problemas para resgatar dívidas e evoluir, pode receber a nossa ajuda? Ou estamos transgredindo a lei de causa e efeito? Estas dúvidas são plenamente esclarecidas pela Doutrina Espírita. E a observação dos fatos nos dá conta da misericórdia de Deus, através de seus enviados, na Terra e além da Terra.
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Lembro-me de Arnaldo, o filho de um funcionário do centro espírita que frequentávamos. Começou a apresentar dores em sua coluna vertebral. Paralelamente às consultas e exames médicos a que ele era submetido, levamos o seu nome para o atendimento fraterno. A prudente resposta dos Espíritos nos fazia prever algo muito sério.
No início, as dores de Arnaldo pareciam muito com as dores lombares comuns. Mas, elas eram persistentes e progressivas e se intensificavam à noite, acordando-o durante o sono. Tudo indicava, como depois foi diagnosticado pelos médicos, que se tratava de um tumor maligno. Em pouco tempo Arnaldo já precisava de fortes analgésicos.
Um medicamento, especificamente, lhe trazia alívio, por atuar como depressor de seu sistema nervoso central. Era utilizado para alívio de dores de intensidade média ou alta, geralmente em pacientes com neoplasias.
Naquela época esse medicamento era raro. E então movimentaram-se os frequentadores do nosso centro espírita na procura do remédio, a fim de minimizar as dores de Arnaldo.
Havia um problema: por pertencer a um grupo de opioides sintéticos, era uma droga também procurada por dependentes químicos. Isso dificultava muito a sua aquisição, ainda que acompanhada de receita médica. Mesmo assim, um verdadeiro exército de voluntários e criaturas de boa vontade se movimentava à procura do remédio.
Arnaldinho, como passou a ser chamado carinhosamente por todos nós, desencarnou numa noite fria de julho, em paz, com o mínimo de dor possível.
Dias antes de seu desencarne todos os seus amigos, parentes e protetores reuniram-se em volta de sua cama, no hospital, levando um bolo e uma camisa de seu time de futebol predileto.
Era a comemoração de seu último aniversário: 14 anos de idade. Tempos mais tarde, Arnaldo compareceu a uma reunião mediúnica de nosso centro espírita e expressou todo o seu agradecimento. Tinha consciência das causas de suas dores. mas, também sabia que sofrera menos, graças à intercessão e ao amor que recebera de inúmeras pessoas da nossa Casa Espírita.
Depois de várias comunicações, apresentou suas despedidas.
Estava partindo para uma nova região, graças à melhoria de sua situação espiritual.
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O bem é o único objetivo da vida!
E para ele devem concorrer todos os nossos esforços e objetivos.
Infere-se daí que toda a movimentação da espiritualidade maior tem por objetivo maior o bem do homem, a sua conscientização como filho de Deus em jornada evolutiva, a valorização de sua encarnação, o seu equilíbrio e a diminuição de suas dores.
Deus auxilia os homens através dos homens.
E, se temos consciência dessa realidade, mais do que nunca devemos valorizar a inspiração dos amigos espirituais e nos tornarmos, tanto quanto possível, instrumentos da misericórdia divina na Terra.