MANIFESTAÇÕES
-Sidney Fernandes
Este trabalho pouco tem de original. Respostas com base em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec e em artigos de autoria de Richard Simonetti e Wellington Balbo.
1 - Por que o homem se revolta e promove manifestações contrárias aos poderes vigentes?
Porque o sentimento de justiça está na natureza do homem (LE 873). Deus colocou esse sentimento em seu coração. Ele existe mesmo entre homens simples e primitivos.
2 - Por que elas demoram para ocorrer ou ocorrem apenas diante de certas circunstâncias?
Com o passar do tempo, movido pela necessidade do progresso já impregnada em seu espírito, o homem vai tomando ciência de seus direitos. As revoluções se infiltram pouco a pouco nas ideias e germinam durante séculos. De repente estouram e fazem ruir edifícios carcomidos do passado, que não estão mais em harmonia com as necessidades novas e as novas aspirações.
3 - Os desencarnados tomam parte desse processo?
Tanto encarnados que já vêm da espiritualidade com um objetivo traçado a ser alcançado na presente encarnação, como desencarnados, que se interessam pelo atual estado das coisas e o futuro que irão encontrar em suas futuras encarnações, trabalham em conjunto em favor de um mundo melhor.
4 - Esses processos devem ser necessariamente violentos?
Não devem. Uma minoria barulhenta acaba por turvar a limpidez de movimentos legítimos. O homem não percebe, frequentemente, nessas comoções, senão a desordem e a confusão momentâneas que o atingem.
Aquele que eleva seu pensamento acima da personalidade admira os desígnios da Providência, que do mal faz surgir o bem.
A tempestade e a agitação saneiam a atmosfera depois de a ter perturbado (LE 783).
5 - Essas manifestações são normais porque estamos vivendo em um mundo de expiações e provas?
Sim, porquanto ainda imperam em nosso planeta o trio terrível - EVO - Egoísmo, Vaidade e Orgulho. Do egoísmo deriva todo o mal. No fundo de todos os vícios está o egoísmo. Ele é a verdadeira chaga da sociedade. Ele neutraliza todas as qualidades e se prende à nossa inferioridade. Com isso, refletimos em nossos governantes o mesmo estado que vigora em nossos corações.
Daí o ditado CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE.
Parece que estamos despertando para a necessidade de nos policiarmos mais, enquanto POVO, a fim de podermos exigir um comportamento mais adequado da parte de nossos governantes.
6 - Ao cogitarmos da honestidade de nossos governantes, deveríamos olhar para a nossa própria honestidade então?
Vejo as pessoas pedindo verbas para a saúde e educação.
Ótimo, são duas áreas precárias em nosso país. Vejo as pessoas falando não à corrupção. Ótimo, a corrupção é um câncer social.
Todavia, será que ao levantarmos a bandeira da honestidade estamos sendo honestos também? Será que fazemos a nossa parte? Será que declaramos todos os impostos, não lesamos os cofres públicos, respeitamos as leis, não somos adeptos do “jeitinho brasileiro”?
Wellington Balbo
7 - Richard Simonetti, em sua página Cidadania, nos chama a atenção também para as obrigações do cidadão:
Ser cidadão não é apenas reivindicar direitos. É, sobretudo, assumir deveres. É o que nos diz a questão 877, de O Livro dos Espíritos: "Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais?"
"Certo, e a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. Em vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias.
Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos."
8 - Poderíamos então sintetizar a fórmula ideal, tanto para governantes como para governados?
Nem é preciso um conhecimento mais amplo das leis para saber o que nos compete fazer, partindo do dever fundamental de não fazer nada que atazane ou prejudique o próximo. Essa orientação não é nova. Desde os Dez Mandamentos, de Moisés, sabemos o que não nos é lícito – matar, trair, mentir, cobiçar, furtar… Observada essa orientação elementar, eliminaríamos a maior parte dos males que afetam a Humanidade.
Richard Simonetti
9 - Como administrar os reclamos múltiplos da população, como espíritas?
Nenhuma manifestação pode ter uma causa vaga! No entanto, quando se tem objetivos bem traçados e sabe-se aonde quer chegar, as chances de sucesso são bem maiores. Daí a importância de toda e qualquer manifestação ser raciocinada, analisada e bem trabalhada por seus coordenadores.
O codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, fincou as bases do Espiritismo na fé raciocinada, baseada na lógica e apoiada pela razão.
O espírita sabe as razões pelas quais tem a certeza da reencarnação, comunicabilidade dos espíritos, lei de causa e efeito e demais códigos que regulam o universo. Isso é a fé raciocinada, a fé que sabe, que pensa, reflete e quebra as amarras do fanatismo.
Fazendo um paralelo entre a fé raciocinada e as manifestações do povo em nosso país, compreende-se que é preciso existir a manifestação raciocinada.
Claro, necessito de saber as razões pelas quais estou comprando esta bandeira e batalhando por ela. Não adianta ficar com um ideal vago e ir no embalo dos outros, reproduzindo ideias alheias sem refletir.
O Espiritismo ensina que é preciso pensar, analisar, ponderar...
10 - Parece que as cidades estão se transformando em verdadeiras Selvas de Pedra. Hoje em dia quase não temos tranquilidade em nossas ruas, com tantas ameaças de assaltos, acidentes provocados por motoristas imprudentes e agressividade das pessoas.
Realmente, as tensões acumuladas geram o estresse, a diminuição dos mecanismos imunológicos, favorecendo muitos males e desequilíbrios.
A miséria em que vive considerável parcela da população, a escalada dos vícios, a corrupção institucionalizada, a dissolução dos costumes…
Acresça-se a maior sensibilidade psíquica que caracteriza o homem atual. Ela nos coloca mais perto do mundo espiritual, exatamente mais perto de Espíritos perturbados e perturbadores que pululam na crosta terrestre, com os quais as pessoas sintonizam por ausência de uma diretriz de vida menos comprometida com as mazelas do mundo e mais ligada aos valores espirituais.
Wellington Balbo
11 - Como conservar o equilíbrio e a serenidade diante das atuais situações?
Às religiões compete o esforço de esclarecimento e orientação que favoreça uma limpeza da atmosfera psíquica do planeta, a partir de um comportamento disciplinado, observados o cultivo da oração e da vigilância, em busca do céu interior.
Nesse particular o Espiritismo apresenta-se numa vanguarda de orientação e esclarecimento, a partir de uma ampla visão da vida espiritual, onde colheremos as consequências de nosso comportamento na Terra.
-X-
O Espiritismo mantém suas portas abertas a todos aqueles que desejam assimilar os seus princípios redentores, com abençoadas oportunidades de estudo e trabalho, que enriquecem nossa vida e nos ajudam a manter a serenidade e o equilíbrio em todas as situações.
Sejam bem-vindos os servidores de boa vontade, dispostos a arregaçar as mangas e a colaborar para que se estendam benefícios cada vez maiores a um número sempre crescente de pessoas, em busca de defesas para enfrentar a selva de pedra.