Maria Escolheu a Melhor Parte - Sidney Fernandes –

MARIA ESCOLHEU A MELHOR PARTE
Sidney Fernandes –


Numa pequena comunidade, em que cada um cuidava de seus afazeres e interesses e pouco se preocupava com relações de fraternidade com seus vizinhos, aconteceu um fato muito sério.
Um menino de aproximadamente três anos, num momento de invigilância dos pais, afastou-se da sede da propriedade rural e embrenhou-se em mata próxima, acompanhado de uma cachorrinha.
Depois de horas de procura, bateu o desespero. Polícia e bombeiros foram chamados, cães farejadores, helicópteros e profissionais experientes foram mobilizados na busca da criança.
Toda a população do vilarejo sensibilizou-se e deslocou-se para a pequena fazenda, para ajudar na procura do desaparecido.
Conhecido canal de televisão foi até o local. A experimentada repórter sensibilizou-se com o clima de oração, solidariedade e empatia que tomou conta daquela gente, antes tão distante e apática perante os problemas alheios.
Quando a noite se aproximou sem que a criança aparecesse, pais, avós, parentes e todos da comunidade reuniram-se de mãos dadas, orando, para que a criança fosse encontrada.
O final feliz aconteceu quando um dos moradores mais antigos e experientes lembrou-se do local em que se escondia, quando era pequeno, e para lá se dirigiu. Encontrou a criancinha sob a proteção de sua fiel cadela, brincando inocentemente.
A dura lição serviu para toda a comunidade, que, a partir daquele incidente, superou suas divergências. Foi necessária uma quase tragédia para que as pessoas se unissem.
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Qual o fator mais importante que se pode destacar nesse relato? Temos que recorrer ao evangelho e nos lembrar de forte expressão de Jesus.
Maria estava completamente absorvida pelas palavras de Jesus, quando sua irmã, Marta, reclamou ao Mestre que ela não a estava ajudando com as obrigações da casa.
Foi quando Jesus fez esta incisiva afirmação:
— Marta, Marta, andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. No entanto, só uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.
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À beira de um fato grave, que consternaria todas as pessoas daquela pequena comunidade do nosso relato inicial, os habitantes, antes distantes e indiferentes uns com os outros, escolheram a melhor parte, destacada por Jesus. Em outras palavras, no momento do aperto reportaram-se todos ao conhecimento espiritual e se uniram. Colocaram-se, empaticamente, no lugar daqueles pais desesperados e ombrearam-se na busca da criança desaparecida.
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Ensina-nos Emmanuel que podemos cuidar dos próprios negócios e interesses, amealhar patrimônio, defender nossas opiniões e até criar organizações que reflitam nossas ideias.
Jamais poderemos, no entanto, abdicar das atitudes de convivência fraterna, tendo sempre em conta que uma só coisa é necessária, como asseverou o Mestre Jesus. Acima de tudo deveremos assumir o roteiro da divina lei, pois, sem essa atitude espiritual de sintonia com o Criador será muito difícil alguém agir corretamente.
Escolher a melhor parte citada por Jesus implicará arregaçar as mangas, sensibilizar-se com a dor do outro, exercitar a solidariedade e passar a desenvolver naturalmente atitudes que demonstrem a espiritualidade que aprendemos com as religiões.
Da vida nada levamos de material. Patrimônio, talento, poder, riqueza, saúde e mobilidade física nos foram emprestados por Deus, não para o nosso diletantismo, e sim para que tivéssemos condições de executar a missão que recebemos.
Todos nós somos missionários! Do mais modesto trabalhador até o poderoso administrador, cada um de nós está na Terra para
cumprir o trabalho que recebeu, antes de nascer.
Daí a necessidade de nos mantermos fraternos, solidários, unidos e preocupados com a sociedade que nos abriga, respeitando os semelhantes que nos rodeiam.
Ninguém jamais será uma ilha. O homem é um ser social.
Somente a partir do momento em que conseguirmos tornar o ambiente em que vivemos rodeado de flores de felicidade é que também seremos felizes. Daí, sim, teremos encontrado a melhor parte e estaremos florescendo onde estivermos plantados.
FONTES: Vinha de Luz, Emmanuel; Por Uma Vida Melhor, Richard Simonetti.