MEU FILHO FOI PARA O INFERNO! E AGORA?
Sidney Fernandes -
Chris e Annie Nielsen eram muito felizes, até que seus dois filhos morreram num acidente. Juntos, conseguiram superar a tristeza, até que Chris, quatro anos mais tarde, ao prestar socorro a um paciente, em engarrafamento dentro de um túnel, também morreu.
Annie entrou em estado de profunda depressão, não suportou as mortes de seus entes queridos e se suicidou. Chris acordou no paraíso,
enquanto Annie foi parar em região tenebrosa, onde ficou aprisionada por tempo indeterminado.
Mesmo avisado de que a sina de Annie era imutável, Chris, contrariando todos os avisos e conselhos, lançou-se em perigosa jornada até encontrá-la e libertá-la.
Esta é a sinopse do filme Amor Além da Vida, dirigido por Vincent Ward, com Robin Williams no papel principal.
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Inverossímil! Ficcional! Improvável! Inadmissível! Dirão nossos leitores mais ortodoxos. E se eu lhes trouxesse um caso muito semelhante, narrado pelo médico e pesquisador brasileiro Sérgio Felipe de Oliveira? Segundo ele, a continuidade da vida, além da morte, tem profunda ligação com os nossos atos de amor.
Tudo pelo qual você lutou e se sacrificou tem uma retribuição da natureza, pois ela é amorosa.
— Uma senhora tinha um filho que, aos doze anos começou a usar drogas, aos quinze estava no crack, aos dezesseis estava no tráfico, aos vinte fazia sequestros. Era um rapaz frio, calculista, matava e não tinha mais sentimentos. Morreu num embate com a polícia.
Segundo algumas religiões tradicionais, o jovem foi para o inferno. A mãe continuou sendo prestimosa e boa, levou sua vida até
o final com dignidade e, após a morte, foi para o céu. Chegando lá, recebeu a boa notícia de que havia conquistado o paraíso. Qual foi a primeira pergunta que ela fez?
— Onde está o meu filho?
— O seu filho está no inferno — foi a resposta que obteve.
— Então eu não quero ficar aqui. Quero ir para o inferno com o meu filho.
— A senhora não pode — respondeu o interlocutor à mãe. A senhora conquistou o paraíso.
Ensina-nos a Doutrina Espírita que a bondade de Deus jamais falha e, então, ela ouviu a seguinte informação:
— Seu filho não pode vir para o paraíso, nem a senhora pode ir para o inferno, mas vocês poderão se reencontrar novamente.
— De que forma? — indagou a mãe.
— Renascendo com outro corpo, através do útero de outra mãe, você renascerá e poderá recebê-lo de volta como filho. Mas veja,
mesmo tendo outra oportunidade de vida, ele terá muitas dificuldades.
— Que dificuldades?
— Ele nascerá com limitações na sua motricidade, não poderá sair de casa, viverá sob o seu amor, para assimilar esse amor. Com
a assimilação desse amor, ele poderá vir junto da senhora ao paraíso.
— Isso é a bondade de Deus — afirma Dr. Sérgio Felipe —, isso é a bondade da natureza. Se uma criança, numa escola, tem a oportunidade de recomeçar, por que a natureza vai ser menos do que a professora de uma escola? A natureza é mais sábia e vai dar oportunidades também, em âmbitos maiores. A reencarnação também é um produto do amor.
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Ninguém está irremediavelmente perdido, nem nesta vida, nem em qualquer outra vida. As penas eternas são incompatíveis com a justiça e a generosidade de Deus. O amor dele pela humanidade permite que vivamos muitas vezes, a fim de compactuar nossas atitudes e comportamentos com a sua justiça.
O que não pudemos realizar numa vida realizaremos em outras, neste ou em outros planetas, de forma a caminhar sempre em busca do progresso.
Se admitirmos que já vivemos outras vidas e herdamos do passado os conhecimentos adquiridos em outras existências, bem como que trazemos, em nosso corpo físico, as marcas dos desequilíbrios do pretérito, em forma de limitações e deficiências, encontraremos respostas para todas as dúvidas filosóficas que nos acometem.
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A personagem Annie e o jovem que se perdeu nas drogas não foram salvos do inferno. A eles foram proporcionadas oportunidades, tantas quantas foram necessárias, para que despertassem e valorizassem, enfim, os verdadeiros e eternos tesouros da vida.