MENTE VIRTUOSA, CORPO SAUDÁVEL
Sidney Fernandes –
As pessoas cada vez mais estão buscando qualidade de vida e longevidade. Com isso, os exercícios físicos estão cada vez mais
frequentes em suas rotinas diárias. Grandes exemplos disso são a caminhada e a corrida, de fácil acesso e não tem custo algum. Basta
ter um tênis e usufruir desse bom “remédio”. Isso explica o aumento da expectativa de vida das pessoas, pela conscientização e escolha
de um modo de viver melhor e mais saudável.
José de Arruda Junior
Fisioterapeuta
Exercitou princípios de fraternidade e temperança? Manteve a fidelidade conjugal? E a lhaneza de trato? Procurou evitar a cólera e a exasperação demasiada? Manteve autodomínio, no trato com semelhantes? Absteve-se de ofensas? Aproveitou todas as oportunidades de construção de patrimônios, na esfera física?
Utilizou as chances de trabalho? Preveniu-se contra excessos alimentares e alcoólicos? Empenhou-se na reforma íntima?
Estas perguntas foram feitas por André Luiz, para ele mesmo, quando estava sendo auscultado por Henrique de Luna, do Serviço de Assistência Médica da Colônia Espiritual Nosso Lar.
Infelizmente, as respostas foram, quase todas elas, radicalmente negativas. André jamais poderia supor que lhe seriam pedidas contas de episódios, ao seu modo de ver, tão simples.
Aos olhos da sociedade, ele gozava de reputação invejável.
Embora, perante si mesmo, julgasse nada fazer de errado — afinal, dançava conforme a música da sua época —, aos olhos da espiritualidade estava comprometendo gravemente seu corpo e sua alma. Daí a pecha de suicida, que lhe fora atribuída pelos seres perversos das sombras. Agora, porém, a coisa era muito mais séria.
Um ponderado médico, demonstrando serenidade superior, depois de meticuloso exame, constatava os estragos do seu perispírito,
frutos de suas condutas repreensíveis, quando estava vivo, entre os homens.
Se bem pensarmos, era assim mesmo naquela época. As empresas tabagistas e as produtoras de bebidas pagavam altos cachês aos famosos — pasmem, leitores, até para os protagonistas da lendária figura do Papai Noel — para estimularem os consumos desenfreados de cigarros e alcoólicos.
Era tão raro o respeito com o corpo e para com os compromissos espirituais, que Manassés, diante de Silvério, que se preparava para reencarnar, proferiu a seguinte recomendação:
— Não volte aqui antes dos setenta...
Somente vinte anos mais tarde o mundo iria começar a despertar para a necessidade de se cuidar melhor do corpo e abandonar a cultura do charme dos poetas, que não passavam dos trinta anos de idade, pelos excessos da boemia e do descaso com as noites de sono. Embora desde a década de quarenta já se delineasse o modelo atual, a procura pelas academias se incentivou com Kenneth H. Cooper, que criou um teste de avaliação física, inicialmente para ser usado pelas forças armadas norte-americanas, e que depois, sob a influência de atores, atrizes e preparadores físicos, disseminou-se por todo o mundo.
A ciência progrediu muito e, com ela, maior conscientização do homem quanto à sua alimentação adequada, dietas para evitar a
obesidade e controlar o diabetes, maiores cuidados com o álcool e com as drogas e maior busca de qualidade de vida e longevidade,
através dos exercícios físicos.
Pesquisa publicada pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences, por exemplo, comprovou que a mesma proteína já conhecida por atuar na saúde mental também tem um papel central em manter a vitalidade do músculo cardíaco.
Missionários da Luz, livro de André Luiz.
Estaríamos diante de uma moderna aplicação da famosa citação latina do poeta romano Juvenal — mens sana in corpore sano —, que, em suma, numa tradução livre, quer dizer que, se a mente não estiver tranquila e não for virtuosa, dificilmente se poderá ter um corpo sadio? Pesquisadores sugerem uma possível relação bioquímica entre a depressão e a doença cardíaca, isto é, se a mente estiver equilibrada e plena de virtudes, todos os demais órgãos receberão essa benéfica influência.
Outra conclusão importante foi feita por cientistas da atualidade a respeito dos chamados hormônios da felicidade. Dos inúmeros neurotransmissores produzidos pelo cérebro, destaca-se a endorfina, que libera ações anti-inflamatórias e analgésicas. Embora ela esteja associada à prática regular de atividades físicas, muitas outras atitudes, desde o simples sorriso, até o contato com a natureza, podem auxiliar na liberação desse hormônio. Afirma o médico Dr. Uronal Zancan2 que a meditação séria e profunda, sorrir, dar e receber carinhos e desenvolver trabalhos beneficentes liberam neurotransmissores de satisfação pessoal. Exemplifica:
— Um homem está atrasado para o seu trabalho, quase correndo, atividade que libera endorfina, mas o mantém estressado, pela preocupação de não chegar no horário. De repente, vê uma senhora de idade, diante de movimentada avenida, com total impossibilidade de atravessá-la, se não receber ajuda. Os bichinhos da autossabotagem gritam nos seus ouvidos que ele não deve, sequer, pensar em ajudá-la, pela premência de tempo de que dispõe.
Uma força maior, dentro dele, no entanto, faz com que se esqueça da pressa e o faz auxiliar a pobre senhora. A sua boa ação absorve cinco longos minutos. Depois da travessia, e de receber caloroso abraço de agradecimento, de repente o nosso apressado executivo Médico com experiência em ortopedia, traumatologia e medicina esportiva, autor de Os cinco hormônios da felicidade, Youtube,
https://www.youtube.com/watch?v=Je52aOwxknQ.
sente-se envolvido por uma inusitada sensação de bem-estar que o acalma e lhe traz inesperada felicidade. Muito mais do que o exercício físico, o exercício da fraternidade, aliado à dignidade de uma consciência tranquila, lhe provocou uma enxurrada de endorfina e ele ficou muito feliz.
***
Ora, ora, caríssimos leitores. As mais avançadas e inquestionáveis evidências científicas estão falando em mente virtuosa? Em solidariedade? Em trabalhos beneficentes, visitas a hospitais e ações de cidadania? Estão combatendo a autossabotagem, que pode ser traduzida como más influências espirituais ou má vontade pessoal?
Isso nos faz lembrar recomendações do próprio André Luiz, exaradas há mais de seis décadas, quando nos falou que:
— o bem constitui sinal de passagem livre para os cimos da Vida Superior, enquanto que o mal significa sentença de interdição, constrangendo-nos a paradas mais ou menos difíceis de reajuste.
Ou, quando nos ensinou que:
— glândulas de secreções internas produzem recursos que decidem sobre saúde e enfermidade, equilíbrio e desequilíbrio nos indivíduos encarnados.
Ou ainda, expressões do próprio Jesus, ao afirmar:
— não peques mais, para que não te suceda coisa pior, alertando-nos de que a saúde depende do modo de vida de cada criatura humana e que não há doenças e sim doentes, que recebem exatamente, em seu corpo, os efeitos das causas que provocaram.
João, 5:14.
Podemos afirmar que hoje não existem mais retornos infelizes, ao plano espiritual, como os de André Luiz? Lamentavelmente, ainda estamos distantes dessa realidade. Cada vez mais, porém, as religiões, as filosofias e, agora, a ciência, estão sendo pródigas em nos recomendar o respeito e o cuidado com o nosso corpo, com as nossas atitudes, pensamentos e palavras, para que não nos ocorra coisa pior.
Ao que tudo indica, não estamos distantes dos tempos previstos por Richard Simonetti, em seu texto denominado Medicina Pioneira, quando disse que pacientes deixarão consultórios médicos com interessantes receitas:
— integrar-se em instituições de assistência social; participar de campanhas que visem ao bem-estar da coletividade; recolher livros para hospitais e prisões; angariar fundos para instituições socorristas; visitar doentes; atender necessitados, adotar órfãos…
Então o homem estará consciente de que, se sua alma for virtuosa, todo o seu corpo será saudável. Estará pronto, enfim, para voltar à vida maior em condições bem melhores do que quando aqui chegou.
Para Viver a Grande Mensagem, primeiro livro de Richard Simonetti.