O Acidente -Sidney Fernandes

O ACIDENTE

-Sidney Fernandes


Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Paulo, Romanos, cap. 8, v. 31
Podem os Espíritos tornar-se visíveis?
Podem, sobretudo, durante o sono. Entretanto algumas pessoas os veem quando acordadas, porém, isso é mais raro.
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns E o futuro, os Espíritos o conhecem?
Ainda isto depende da elevação que tenham conquistado.
Muitas vezes, apenas o entreveem, porém nem sempre lhes é permitido revelá-lo.
Allan Kardec, O Livro dos Espíritos
Tia Tita é médium psicofônica.
Trabalha no Centro Espírita Caminho do Mestre há trinta anos. Leva a sério a sua missão. Vê os Espíritos nas reuniões mediúnicas. Raramente fora delas.
Por isso, estranhou muito a vidência na via pública, a caminho de sua casa, em plena luz do dia: um grupo de Espíritos, liderados por mentor de classe elevada, reunidos para alguma missão muito importante.
Naquela noite, vários Espíritos compareceram ao "Caminho do Mestre"
pedindo orações. Muitas orações. Algo muito sério poderia acontecer.
Tia Tita pediu mais detalhes. Não foi possível a revelação. Perguntou quem eram os Espíritos da vidência.
– Socorristas! Em missão de salvamento e recepção. É tudo que pode ser dito – responderam os mentores.
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No dia seguinte, ocorreu um brutal acidente ferroviário. Choque frontal entre um trem de passageiros e um trem de cargas, repleto de combustível.
Entre ferros retorcidos e um inferno de gases, fumaça e fogo, 150 mortos e 300 feridos.
Tia Tita havia sido avisada. Nada pudera fazer além de orar.
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Nem sempre os Espíritos têm permissão para nos revelar o futuro.
Dão-nos, no máximo, algumas dicas, mais para que testemunhemos o andamento de um processo de resgate do que, propriamente, para que
tomemos alguma providência preventiva.
Também objetivam nos conscientizar da generosidade divina, que jamais falha. Espíritos familiares ou socorristas prestam assistência às vítimas de tragédias.
Aos olhos dos homens, tais acidentes não tem explicação. Aparentemente, vidas inocentes são ceifadas pela morte, num descaso do destino.
A Doutrina Espírita mostra o ângulo da espiritualidade. Nada acontece sem merecermos, tudo obedece à lei de causa e efeito.
Diz Emmanuel que, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em
dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.
E essa programação não poderia ter sido alterada? Sim, para muitos certamente o foi, consoante seus merecimentos. Provavelmente se
redimiram na presente vida e conseguiram alterar seus destinos.
Os que pereceram seguiram a programação que haviam traçado para eles mesmos.
E não há casos em que o futuro é revelado ao homem? Geralmente o futuro é oculto, informa Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado.
E essas provações coletivas, além de servirem de resgate, de acordo com processos que nós mesmos engendramos, despertam o homem para
a reflexão e o aprendizado de novas formas de segurança para valorização da vida.
Aprendemos com o Espiritismo a razão dos nossos sofrimentos, quando não podem ser explicados pelos atos da vida presente. Ocorre o mesmo com as provas coletivas.
Muitas vezes já renascemos no planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla (Emmanuel).
Deus jamais nos abandona! Ele é sempre por nós. E dele devemos esperar sempre o melhor.
Ele nos oferece muitas oportunidades de libertação sem que, necessariamente, tenhamos que passar pelo sofrimento.
No entanto, quando insistimos em viver fora dos ditames evangélicos, sofremos as consequências dos nossos atos nesta vida, no além ou em futura encarnação.
Lamentemos, sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontarem serão igualmente nossos.
Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o
sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o Melhor.
(Emmanuel, em Chico Xavier pede licença)