O MUNDO ESTÁ PERDIDO! (SERÁ?)
Sidney Fernandes -
Assisti a um vídeo mostrando as cenas de câmeras da Secretaria da Defesa Social de Recife. Elas foram instaladas para flagrar más ações. O resultado, no entanto, foi surpreendente: imagens de gestos que impressionam pela gentileza e pelo cuidado com o próximo.
Um pedestre foi atropelado. Um grupo de voluntários protegem-no da chuva, enquanto o socorro não chega; o homem cego recebe ajuda para atravessar a calçada que foi interditada e está cercada de cavaletes; o homem embriagado apagou na escadaria de uma igreja. Uma mulher tenta acordá-lo, mas não consegue.
Esconde a sua carteira, que estava à vista, embaixo do dorminhoco, para evitar que seja roubada; a solidariedade une até os adversários.
Um ciclista, torcedor do Sport Clube do Recife cai. Quem aparece para levantá-lo é um torcedor do Santa Cruz Futebol Clube; um carro enguiça, várias pessoas aparecem logo para empurrá-lo; um cadeirante não consegue subir pelo meio-fio, não demora e surge alguém para dar uma força; vários grupos de voluntários circulam bem tarde da noite pelas ruas, levando pão e café para muitos desamparados.
As câmeras, espalhadas por toda a cidade de Recife, registraram esses gestos de gentileza, solidariedade e honestidade.
A missão delas era captar furtos, roubos e acidentes, para facilitar a atuação da polícia. Mas, as boas ações, praticadas por gente anônima, de forma espontânea, sem receber nada em troca, foram se multiplicando de maneira surpreendente.
Assim se pronunciou o Coronel Ricardo Fendes, gerente-geral do CIODS – Centro Integrado de Operações de Defesa Social:
— Trouxe aquela sensação de que o bem não está morto, não, e de que ajudar as pessoas não é um sentimento do passado.
Em dois meses as equipes de monitoramento conseguiram captar cerca de 600 flagrantes do bem, que servem de exemplos e inspiração para os demais cidadãos que ainda não têm coragem de ajudar o semelhante.
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Se alguém disser que é difícil fazer o bem, simplesmente cumprindo a sua função de bom cidadão, basta verificar os exemplos abaixo, que, geralmente, fazem parte do nosso dia-a-dia e passam batidos, por falta de disposição ou receio de sair da zona de conforto.
Respeitar filas
Jogar o lixo no lixo
Colocar o carrinho do supermercado no lugar certo
Ser cortês no trânsito
Doar roupas usadas
Telefonar para um amigo cumprimentando-o pelo aniversário
Levar um café fresco ao vigilante noturno
Ser um bom ouvinte para quem precisa falar
Doar livros para uma escola ou biblioteca
Telefonar para um idoso que mora sozinho
Segurar a porta, para quem vem atrás
Visitar, telefonar ou mandar mensagem para alguém doente.
Além da prática da caridade, vamos dizer assim, tradicional, em que nos preocupamos com a dor material e a dor moral do próximo,
Richard Simonetti destacava sempre, em suas palestras, a necessidade de praticarmos a cidadania.
No seu modo de ver, a humanidade tem se aproximado do caminho ideal do evangelho, desenvolvendo ideias que lembram a prática da caridade.
Os deveres do cidadão, perante a sociedade, aproximam-se muito das regras morais cristãs. Pequenas atitudes podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas, principalmente nas nossas próprias vidas.
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Tanto quanto possível, devemos aderir aos programas de exercício de cidadania, a fim de enfatizar o comprometimento moral dos que, por timidez ou comodismo, não exercitam atos de gentileza e de educação social.
O exercício da cidadania consciente, responsável e caridosa, representa o início da instalação de uma sociedade verdadeiramente cristã.
Fontes consultadas:
Reportagem da Globo Nordeste, de Beatriz Castro; Texto sobre cidadania: Por Uma Vida Melhor, livro de Richard Simonetti;
Palestra: Perdoados, mas não limpos, de Sidney Fernandes.