O Poder embriaga -Sidney Fernandes

O PODER EMBRIAGA
Sidney Fernandes


O poder embriaga, mas a ressaca sempre vem.
Essa frase foi proferida por respeitado comentarista político, que se referiu, provavelmente, a desmandos cometidos por administradores e detentores de força econômica. Acrescentou ainda que os poderosos têm a sensação da impunidade, calcada na certeza de que, mesmo que venham a sofrer condenação, jamais cumprirão integralmente sua pena.
A leviandade de poderosos é tão antiga quanto o próprio homem e já foi objeto de Paulo, em uma de suas epístolas:
E se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.
Emmanuel comentou a expressão do apóstolo dando-lhe abrangência mais ampla, citando, além do conhecimento, do poder político e do poder econômico, o mau uso de instrumentos científicos, da comunicação, dos meios de transporte, que foram desvelados ao homem.
Allan Kardec abordou o assunto ao tratar do progresso humano. Embora admitam os espíritos que as conquistas intelectuais sejam contínuas e caminhem sempre, conhecimento e moralidade não andam juntos, embora quase sempre esta seja consequência daquele.
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A síntese do alerta evangélico é muito simples: o saber, o poder, a beleza e a fama precisam ser administrados com responsabilidade e parcimônia. Quem os recebe tem a obrigação de evitar a tirania, manter a humildade, cultivar a paciência, respeitar os simples e ignorantes e cumprir suas obrigações, ainda que sejam as mais comezinhas e domésticas.
O desrespeito a essas elementares condições provoca a ressaca depois da embriaguez. Aqueles que detêm dons e condições especiais jamais poderão se esquecer de que esses talentos não lhes pertencem e lhes foram temporariamente emprestados pelos enviados divinos.
Os que conhecem espiritualmente as situações ajudam sem ofender, melhoram sem ferir e esclarecem sem perturbar. Sabem como convém saber e aprenderam a ser úteis — ensina
Emmanuel.
Essa ressaca poderá se prolongar por largo tempo e influir no futuro dos que desonraram os dons divinos, que poderão perdê-los na vida atual e em vidas futuras. Terão que voltar à lição ou ao remédio, desta vez sem o poder, a inteligência, a beleza e a fama de que desfrutaram e fizeram mau uso.
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Reencarnação é ressurgimento. Em que condições?
Naquelas que forem mais favoráveis à reparação dos males cometidos e aos progressos cognitivo e moral.
Não cabe, todavia, ao raciocínio humano, ainda que distante das leis divinas, admitir novas concessões aos que desonraram as benesses divinas, sem correr o risco de novamente as desperdiçarem ou delas usufruírem apenas a benefício próprio.
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Precatemo-nos do uso indevido do saber, da riqueza, da fama e da beleza. Representam instrumentos para o progresso e à proteção dos mais fracos e necessitados de amparo.
Quaisquer vantagens, sejam elas físicas, intelectuais ou morais, não foram concedidas ao acaso. Representam responsabilidade e tutela aos mais carentes. São como lâmpadas que se ligam à força da Eterna Sabedoria para distinguir o bem do mal, a sombra da luz e a ignorância da sabedoria.
Saibamos bem utilizar os bens que nos foram concedidos por Deus. Deles teremos que prestar contas.
Referências: Vinha de Luz e Pão Nosso, Emmanuel, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.