O Quarto Vazio - Sidney Fernandes

O QUARTO VAZIO

- Sidney Fernandes


Milton Castro faz parte de uma equipe de visitadores aos hospitais da cidade. Uma vez por semana dá o seu plantão como voluntário. Percorre todas as camas da ala que lhe foi designada, fazendo orações, levando palavras de incentivo, um sorriso ou uma conversa informal aos
doentes em tratamento.
O objetivo da equipe, composta de adeptos de várias religiões, é levar um pouco de alívio às pessoas que passam pela dor e o desconforto da doença.
Há, todavia, os casos que não de acesso aos voluntários. São os quartos em situação de isolamento, de portadores de doenças infectocontagiosas, em que existe uma placa de alerta, à entrada. Somente enfermeiros e médicos com roupas e proteções apropriadas têm acesso a esses doentes.
Quando os voluntários veem esse alerta, postam-se em frente à porta fechada e ali fazem uma oração ao doente.
Certa ocasião Milton estava em seu plantão, quando notou num quarto mais afastado, referida situação de isolamento. Concentrou-se e fez a sua habitual oração. Na semana seguinte o quarto estava na mesma situação. Nova oração. Na terceira semana, quando estava diante desse
quarto, quando um médico amigo lhe perguntou:
— Castro! O que está fazendo aí.
— Estou orando em favor do doente. Não posso entrar. O quarto está isolado.
— Não há ninguém nesse quarto, Castro. Está em reforma há quase um mês...
— E a placa de isolamento? - perguntou.
— Esquecemos de tirá-la - respondeu o médico.
Milton Castro sentiu-se ridículo. Há duas semanas estava orando diante daquele quarto vazio. Dirigiu-se à casa de apoio do grupo, situada dentro do hospital. Ao chegar lá Carlos Alberto, o líder do grupo notou-o meio amuado.
— O que aconteceu Castro? - perguntou.
— Fiz papel de idiota, Carlos. Há duas semanas estou orando diante de um quarto vazio... Senti-me ridículo. Minha oração estava sendo inútil, pois estava orando para ninguém.
— Você está enganado, Castro. - argumentou Carlos Alberto. — Nenhuma oração jamais é inútil. Nunca é perdida, mesma na situação por que você passou. Os protetores do hospital com certeza aproveitaram-se do magnetismo que você estava doando, potencializaram-no e o encaminharam para outros doentes.
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Diz Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns, que o poder magnético residente no homem é aumentado pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. O que vale é a nossa intenção. Se ela tem intenção de curar, o magnetismo é encaminhado pelos Espíritos superiores
àqueles que dele necessitam, com as qualidades necessárias à cura do doente.
No entanto, nem todas as pessoas podem ser curadas.
Há situações em que julgamos que nossas orações não foram ouvidas. Ou que nosso poder magnético não foi suficiente. É preciso considerar, no entanto, que pode ser o melhor para o bem do doente ainda seja sofrer (Allan Kardec - O Livro dos Médiuns - Item 176 - nº 8).
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VATICANO, 12 Set. 12 / 03:23 pm (ACI/EWTN Noticias).- O Papa Bento XVIexplicou que não há orações inúteis e Deus, que é Amor e Misericórdia infinita, sempre responde a todas embora às vezes essa resposta seja misteriosa.
"Precisamos estar seguros de que não existem orações supérfluas, inúteis; nada está perdido.? E elas são respondidas, mesmo que às vezes de forma misteriosa, porque Deus é Amor e Misericórdia infinita".
Pai Nosso, que estás nos Céus
Na luz dos sóis infinitos,
Pai de todos os aflitos
Neste mundo de escarcéus.
Santificado, Senhor
Seja o Teu nome sublime,
Que em todo Universo exprime,
Concórdia, ternura e amor.
Venha ao nosso coração,
O teu reino de bondade,
De paz e de claridade
Na estrada da redenção.
Cumpra-se o teu mandamento
Que não vacila e nem erra,
No Céu, como em toda a Terra
De luta e de sofrimento.
Evita-nos todo o mal,
Dá-nos o pão no caminho,
Feito de luz, no carinho
Do pão espiritual.
Perdoa-nos, meu Senhor,
Os débitos tenebrosos,
De passados escabrosos,
De iniqüidade e de dor.
Auxilia-nos também,
Nos sentimentos cristãos,
A amar nossos irmãos
Que vivem longe do bem.
Com a proteção de Jesus
Livra a nossa alma do erro,
Neste mundo de desterro,
Distante da vossa luz.
Que a nossa ideal igreja,
Seja o altar da Caridade,
Onde se faça a vontade
Do vosso amor.. Assim seja
Emmanuel
A PRECE
 Agrada a Deus a prece? 
“A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para ele, a intenção é tudo. Assim, preferí-a prova B - livro dos espíritos.p65 393 16/09/04, 15:32
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
vel lhe é a prece do íntimo à prece lida, por muito bela que seja, se for lida mais com os lábios do que com o coração.
Agrada-lhe a prece, quando dita com fé, com fervor e sinceridade.
Mas, não creiais que o toque a do homem fútil, orgulhoso e egoísta, a menos que signifique, de sua parte, um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade.”
Qual o caráter geral da prece?
“A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece:
louvar, pedir, agradecer.”
A prece torna melhor o homem?
“Sim, porquanto aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.”
a) — Como é que certas pessoas, que oram muito, são, não obstante, de mau-caráter, ciosas, invejosas, impertinentes, carentes de benevolência e de indulgência e até, algumas vezes, viciosas?
“O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas supõem que todo o mérito está na longura da prece e fecham os olhos para os seus próprios defeitos. Fazem da prece uma ocupação, um emprego do tempo, nunca, porém, um estudo de si mesmas. A ineficácia, em tais casos,
não é do remédio, sim da maneira por que o aplicam.”
Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?
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DA LEI DE ADORAÇÃO 
“Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras.”
Pode-se, com utilidade, orar por outrem?
“O Espírito de quem ora atua pela sua vontade de praticar o bem. Atrai a si, mediante a prece, os bons Espíritos e estes se associam ao bem que deseje fazer.”
O pensamento e a vontade representam em nós um poder de ação que alcança muito além dos limites da nossa esfera corporal.
A prece que façamos por outrem é um ato dessa vontade. Se for ardente e sincera, pode chamar, em auxílio daquele por quem oramos, os bons Espíritos, que lhe virão sugerir bons pensamentos e dar a força de que necessitem seu corpo e sua alma. Mas, ainda aqui, a prece do coração é tudo, a dos lábios nada vale.
Podem as preces, que por nós mesmos fizermos, mudar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?
“As vossas provas estão nas mãos de Deus e algumas há que têm de ser suportadas até ao fim; mas, Deus sempre leva em conta a resignação. A prece traz para junto de vós os bons Espíritos e, dando-vos estes a força de suportá--las corajosamente, menos rudes elas vos parecem. Hemos
dito que a prece nunca é inútil, quando bem feita, porque fortalece aquele que ora, o que já constitui grande resultado.
Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, bem o sabes.
Demais, não é possível que Deus mude a ordem da natureza ao sabor de cada um, porquanto o que, do vosso ponto de vista mesquinho e do da vossa vida efêmera, vos parece um grande mal é quase sempre um grande bem na ordem 7a prova B - livro dos espíritos.p65 395 16/09/04, 15:32
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geral do Universo. Além disso, de quantos males não se constitui o homem o próprio autor, pela sua imprevidência ou pelas suas faltas? Ele é punido naquilo em que pecou.
Todavia, as súplicas justas são atendidas mais vezes do que supondes. Julgais, de ordinário, que Deus não vos ouviu, porque não fez a vosso favor um milagre, enquanto que vos assiste por meios tão naturais que vos parecem obra do acaso ou da força das coisas. Muitas vezes também, as mais das vezes mesmo, ele vos sugere a idéia que vos fará sair da dificuldade pelo vosso próprio esforço.”
664. Será útil que oremos pelos mortos e pelos Espíritos sofredores?
E, neste caso, como lhes podem as nossas preces proporcionar alívio e abreviar os sofrimentos?
Têm elas o poder de abrandar a justiça de Deus?
“A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma por quem se ora experimenta alívio, porque recebe assim um testemunho do interesse que inspira àquele que por ela pede e também porque o desgraçado sente sempre um refrigério, quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores. Por outro lado, mediante a prece, aquele que ora concita o desgraçado ao arrependimento e ao desejo de fazer o que é necessário para ser feliz. Neste sentido é que se lhe pode abreviar a pena, se, por sua parte, ele secunda a prece com a boa vontade. O desejo de melhorar-se, despertado pela prece, atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores, que o vão
esclarecer, consolar e dar-lhe esperanças. Jesus orava pelas ovelhas desgarradas, mostrando-vos, desse modo, que culpados vos tornaríeis, se não fizésseis o mesmo pelos que mais necessitam das vossas preces.”
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DA LEI DE ADORAÇÃO 
Que se deve pensar da opinião dos que rejeitam a prece em favor dos mortos, por não se achar prescrita no Evangelho?
“Aos homens disse o Cristo: Amai-vos uns aos outros.
Esta recomendação contém a de empregar o homem todos os meios possíveis para testemunhar aos outros homens afeição, sem haver entrado em minúcias quanto à maneira de atingir ele esse fim. Se é certo que nada pode fazer que o Criador, imagem da justiça perfeita, deixe de aplicá-la a todas as ações do Espírito, não menos certo é que a prece que lhe dirigis por aquele que vos inspira afeição constitui, para este, um testemunho de que dele vos lembrais, testemunho que forçosamente contribuirá para lhe suavizar os sofrimentos e consolá-lo. Desde que ele manifeste o mais ligeiro arrependimento, mas só então, é socorrido. Nunca, porém, será deixado na ignorância de que uma alma simpática
com ele se ocupou. Ao contrário, será deixado na doce crença de que a intercessão dessa alma lhe foi útil.
Daí resulta necessariamente, de sua parte, um sentimento de gratidão e afeto pelo que lhe deu essa prova de amizade ou de piedade. Em conseqüência, crescerá num e noutro, reciprocamente, o amor que o Cristo recomendava aos homens.
Ambos, pois, se fizeram assim obedientes à lei de amor e de união de todos os seres, lei divina, de que resultará a unidade, objetivo e finalidade do Espírito.”
Resposta dada pelo Sr. Monod (Espírito), pastor protestante em Paris, morto em abril de 1856. A resposta anterior, nº 664, é do
Espírito São Luís.
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O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Pode-se orar aos Espíritos?
“Pode-se orar aos bons Espíritos, como sendo os mensageiros de Deus e os executores de suas vontades. O poder deles, porém, está em relação com a superioridade que tenham alcançado e dimana sempre do Senhor de todas as coisas, sem cuja permissão nada se faz. Eis por que as preces que se lhes dirigem só são eficazes, se bem aceitas por Deus.”