Ora (direis) ouvir estrelas de Natal! -Sidney Fernandes

ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS DE NATAL!
Sidney F.Fernandes


“Não ajunteis tesouros na terra”. Mateus 6:19.
Cheguei a uma triste conclusão!
Nenhuma das reflexões que fiz, nos Natais passados, saíram das boas intenções. Mas a alegria do Natal, com seus apelos de paz e fraternidade, não teriam que “mexer” com meus brios e determinar novos rumos de vida?
A rigor, teriam. Concluo, porém, que uma vaga disposição para o bem, embalada pelos cânticos natalinos, adornada pelos trenós lotados de
presentes e modernas tecnologias e algumas cestas básicas a mais não farão esse milagre.
Vou precisar de algo mais drástico.
Algum tratamento de choque que provoque o meu despertamento.
Que tal dar uma olhadinha no passado, compatibilizando-o com frutos que estou colhendo hoje?
Ou verificar in loco os efeitos que minhas atitudes estão provocando na vida de outras pessoas?
Ou ainda ter uma antecipação do futuro que me espera, se as coisas continuarem no ritmo atual?
Ora (direis)ouvir estrelas! Certo perdeste o senso! (Olavo Bilac). Não, caro leitor, não estou delirando. Apenas me lembro de um escritor do século
XIX – Charles Dickens – que, antecipando-se em 14 anos ao lançamento de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, escandalizou a
sociedade britânica ao falar de spirits, ghosts e to haunt ( assombrar).
Motivado pelas aparições de seu pai, aos pés de sua cama, encontros espirituais com a irmã de sua esposa e outros fatos ocorridos em sua vida, Dickens escreveu o magnífico Christmas Carol, no qual ele encontra a fórmula ideal para “curar” o pãodurismo de Ebenezer Scrooge, cujo destino, traçado por sua avareza e egoísmo, prenunciava-se tenebroso.
E essa transformação acontece graças à visita de Jacob Marley, seu falecido sócio e irmão de avareza, e d’Os Três Espíritos do Natal - do
passado, do presente e do futuro - que vêm “despertar” Scrooge, enquanto é tempo.
Hoje vive só e não tem filhos?
Descobre que, no passado, desprezou aquela que seria sua esposa ideal.
O filho de seu empregado Bob corre risco de morrer ? Ele pode evitar esse desastre, se não continuar indiferente e omisso.
É mesmo Marley que aparece espetacularmente? Sim, é ele! Vem informar a Scrooge que até hoje paga o preço de seu egoísmo e apego ao
dinheiro.
- Será que este será também o meu destino? – pergunta-se Scrooge, atormentado.
Ah!, isso é ficção! - talvez dirá o meu caro e incrédulo leitor.
Mas, essa ficção não é muito parecida com os avisos que os espíritos nos trazem através da via mediúnica?
Quantos sofredores se comunicam através de médiuns confiáveis, alertando-nos: Cuidado! Não faça o que fiz na Terra. Hoje sofro muito com isso!
Essa ficção não está muito parecida com as viagens espirituais vividas por protagonistas das chamadas EQMs –
Experiências de Quase Morte, através das quais damos uma “espiadinha” em nossa contabilidade espiritual e voltamos da morte para contar a
história?
Essa ficção não está muito parecida com os avisos que a espiritualidade dispara, quando nos desviamos da rota Planejada, antecipando o futuro que nos aguarda, caso não venhamos a rever  nossos procedimentos?
Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes (frase atribuída a Albert Einsten). Mas não é exatamente isso que eu tenho feito durante toda a minha vida?
Provavelmente não receberei a visita d’ Os Três Espíritos do Natal, nem passarei por qualquer experiência de EQM, nem terei sonhos ou
comunicações reveladoras.
E nem precisarei disso, se eu tiver o bom senso de comemorar mais um aniversário de Jesus com ele em meu coração e, a partir de agora, também em minhas atitudes.