PERSISTIR, PRATICAR E REFLETIR
Sidney Fernandes
Ouça-o aquele que tiver ouvidos de ouvir.
Mateus, 11:15
Pelé era sempre o último a deixar o treino. No auge de sua carreira, quando poderia valer-se do físico e do talento inatos e privilegiados, permanecia treinando, testando novas jogadas, batendo faltas e pênaltis, superando-se.
Personagens da história mundial que se destacaram e permaneceram brilhando em suas atividades nunca abdicaram da reciclagem e do aperfeiçoamento.
O desenvolvimento da moral e da inteligência requer o mesmo empenho que, infelizmente, nem sempre praticamos.
Basta nos iniciarmos na área da literatura ou da oratória, por exemplo, para nos julgarmos autossuficientes e nos recusarmos à releitura de preciosas obras ou ainda a assistir a palestras de outros oradores.
Carecemos ainda da humildade de Sócrates:
— Só sei que nada sei!
Referia-se o sábio grego ao fato de que, quanto mais aprendemos, maior o entendimento do quanto ainda temos para caminhar.
O caro leitor já notou como nos surpreendemos a cada releitura que fazemos de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec?
A cada nova leitura, encontramos nas entrelinhas novos detalhes e ensinamentos que passaram despercebidos.
Jamais consideremos ociosos esses repetidos contatos com a cultura espírita. Num primeiro momento, algumas informações
doutrinárias realmente podem mesmo ser identificadas por nossa memória. Com humildade e atenção, todavia, como verdadeiros
garimpeiros do saber, saberemos pinçar preciosos insights que esses esforçados geradores de conhecimento caridosamente compartilham conosco.
Assim como Pelé e muitos outros atletas, do esporte ou do conhecimento, devemos aproveitar as oportunidades a nós proporcionadas por Deus, na atual encarnação.
Quando nos recusamos a reciclar o aprendizado ou a exercitar conhecimentos adquiridos, caminhamos para lamentáveis desvios de rota que misturam o certo com o errado.
Diz André Luiz, em Ação e reação, que, quando nossa alma passa a se comprometer, nesse ou naquele sentido, logrando vantagens evolutivas em determinados setores e perdendo em outros, soam alarmes na espiritualidade que geram as chamadas dores-auxílio.
As dores-auxílio são representadas por dolorosas enfermidades ou outras calamidades da vida e são provocadas pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, com o objetivo de nos despertar, através de longas e benéficas reflexões, à retomada do caminho certo.
Quando entramos nos chamados desvios de rota, tanto sob o aspecto físico, intelectual ou moral, ficamos sujeitos às intervenções do alto, para que não se percam os esforços e trabalhos do nosso atual projeto reencarnatório.
Exercitemo-nos, caros leitores, cultivemos a reflexão, persistamos nos estudos, nas leituras, nas releituras, aproveitemonos das generosas reflexões de outros companheiros que estão na vanguarda de gloriosas aquisições espirituais e conosco as compartilham. Ou será que teremos que ser incentivados pela espiritualidade porque paramos no tempo?