Por que sofremos? Diante do sofrimento - Sidney Fernandes

POR QUE SOFREMOS?
Diante do sofrimento - Sidney Fernandes


Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
Mateus, 5:7
Que atitudes adotar diante do sofrimento?
De rebeldia, revolta, desespero ou perplexidade?
Ou de reflexão, serenidade, compreensão e resignação?
Quando estou triste e minha alma está cansada
Quando o problema faz o coração pesar
Então eu paro no meio do silêncio
Até que venhas ao meu lado sentar
Tu me levantas para alcançar montanhas
Tu me levantas para andar sobre o mar
Eu sou forte quando estou sobre teus ombros
Tu me levantas mais do que eu possa alcançar
Na letra de You raise me up (Você me levanta), o compositor
– letra de Brendan Graham — assume uma atitude de confiança
perante o Criador, em atitude de oração.
Diante da adversidade devemos orar?
Sempre! É preciso considerar, contudo, que há sofrimentos
que precisam ser suportados durante toda a nossa vida. Deus, no
entanto, jamais desampara qualquer de seus filhos.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 663.
Com a oração atraímos bons Espíritos, que nos dão forças
para suportar as dores, e então elas nos parecem menos duras, pois
crescem nosso ânimo e a determinação para enfrentá-las.
Perante o sofrimento, a primeira atitude é a de buscarmos energias dentro do nosso íntimo, pois, quando ajudamos a nós mesmos, os céus também nos auxiliam.
Além disso, aquilo que nos parece uma desgraça é um grande bem, sob o ponto de vista da ordem geral do universo, destinado a retificar o passado e traçar nosso glorioso futuro.
É bom também fazer um exame de consciência, pois na maioria das vezes estamos simplesmente colhendo o que semeamos. Geralmente, o que debitamos ao Criador, como se fosse um castigo, nada mais representa do que o resultado de nossa imprevidência.
De qualquer forma, não é verdade que as coisas vão se ajeitando e daqui a pouco nem mais nos lembramos do problema?
Achamos que nossas orações não foram atendidas, na hora e no lugar em que as proferimos. Na verdade, Deus nos atendeu. Não com um passe mágica, mas de uma forma tão natural que nem percebemos.
Ou então, creditamo-nos por uma belíssima ideia que tivemos, sem saber, na verdade, que ela surgiu por inspiração de nossos protetores espirituais, para que superássemos o impasse, com os nossos próprios esforços.
Confesso que sou de origem pobre, mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez.
E deixa a vida me levar.
Sou feliz e agradeço, por tudo que Deus me deu.
Só posso levantar as mãos para o céu, agradecer e ser
fiel ao destino que Deus me deu.
Se não tenho tudo que preciso, com o que tenho, vivo.
De mansinho lá vou eu.
Se a coisa não sai do jeito que eu quero, também não me desespero.
O negócio é deixar rolar e, aos trancos e barrancos lá vou eu!
E sou feliz e agradeço, por tudo que Deus me deu.
A letra dessa música, composta por Serginho Meriti, interpretação de Zeca Pagodinho, sem dúvida, é um exemplo de aceitação e resignação, diante das coisas inevitáveis da vida.
Por outro lado, não podemos viver a esmo, ao deus-dará, deixando a vida nos levar. A aceitação e a resignação são virtudes meritórias, com elas temos menos atritos. O que é ótimo! No entanto, chega um momento em que precisamos tomar pé da situação, fazendo o melhor para a vida e para nós mesmos.
Deus não nos outorgou a inteligência para pedir a ele solução dos nossos problemas e, sim, para que dela nos sirvamos. E é exatamente por intermédio do nosso raciocínio que os Espíritos nos auxiliam, sugerindo-nos ideias propícias ao nosso bem. Eles socorrem, todavia, os que se ajudam .
***
As amarguras da vida impulsionarão o nosso adiantamento, desde que as vivenciemos sem murmúrios ou revoltas. É nesse momento que a religião nos proporciona a vacina contra o desespero e a resignação que nos preserva do desequilíbrio. 
Então somente através do Espiritismo encontrarei a minha salvação? 
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 532.
Introdução de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 982.
Que bobagem!
O bem será sempre o bem, qualquer que seja a sua origem ou a religião que eu professe.
Sem dúvida, a crença no Espiritismo me é plenamente satisfatória, ajuda-me a melhorar e me dá as respostas filosóficas que me pacificam a vida. É o meu ponto de apoio e uma luz que guia a minha vida. Com o Espiritismo tenho melhores condições de suportar os meus sofrimentos com mais paciência e resignação.
No entanto, é preciso ficar claro, definitivamente, que em nenhum momento a Doutrina Espírita afirma-se indispensável para que a felicidade seja alcançada.
Não estão deserdados os que não a professam e não é indispensável que creiamos nas manifestações espíritas para que tenhamos melhor sorte no futuro.
Encerramos estas linhas com as palavras de Allan Kardec, dirigidas aos espíritas, mas que poderiam, perfeitamente, ser aplicadas a qualquer criatura de bem, do planeta Terra:
Reconhece-se o verdadeiro homem de bem pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. 
Quem vier a se esforçar, seja qual for sua crença, por sua transformação interior e seu empenho por superar seus defeitos com certeza encontrará o alívio para suas dores e sofrimentos.
Adaptação da frase de Allan Kardec, contida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 4.