Por que sofremos? – E se surgir a dor? - Sidney Fernandes

Por que sofremos? – 
E se surgir a dor? - Sidney Fernandes


E se, de repente, surgir a dor? Estaremos preparados para enfrentá-la com coragem, dignidade, galhardia e equilíbrio?
Qual deverá ser a nossa atitude?
— Estamos preparados para enfrentar todas as intempéries da vida? Teremos forças para suportar todas as tempestades que
surgirem?
O sofrimento surpreende.
A dor inesperada desnorteia.
Os desprevenidos, não raro, perdem as poucas referências que lhes serviam de precário ponto de apoio. Quem é colhido nessa
instabilidade costuma sentir-se desarvorado, a ponto de revoltar-se contra a divindade:
— Por que comigo? Onde estava Deus quando meu ente querido foi colhido pelo sofrimento? De que lado está a justiça?
Aos de escasso preparo espiritual, certas dores se lhes assemelham à amputação de um membro. Daí o questionamento à divindade, porquanto perdem as deficientes referências de vida, fragilmente ancoradas em alicerces de areia.
Onde encontrar forças para viver depois que a lâmina da dor decepa a vida de seres amados?
O conhecimento, a experiência, a reflexão filosófica, a fidelidade religiosa e os hábitos da oração e da serenidade podem servir de resguardo e anteparo ao inesperado sofrimento, minimizando a surpresa e a perplexidade.
É preciso considerar, entretanto, que nunca, em toda a história da humanidade, foi outorgada ao homem tamanha profusão de revelações, informações e direcionamento, quanto no surgimento da Doutrina Espírita.
Quem se abebera de seus conhecimentos e os leva a sério, habilita-se a enfrentar qualquer embate que surja em sua vida.
Como sabemos, estamos neste planeta de provas e expiações para crescer, evoluir e praticar o bem. Será bem provável que surjam sofrimentos em nosso caminho.
Quem se der ao trabalho de estudar o Espiritismo, constatará que ele opera no sentido do bem. Seja qual for o ângulo a ser focalizado, científico ou moral, o sério estudioso chega à conclusão de que ele fez surgir uma ordem inteiramente nova de ideias, que, com a evolução da humanidade, provocará profunda modificação social.
Para o espírita, a morte passa a ter outro significado. Não que ele passe a desejá-la, mas sim a compreender que ela, a morte inevitável, deve ser aceita sem queixa ou pesar, pelo agradável estado que se lhe segue, aos que levam a sério os princípios cristãos.
Outro sentimento que passa a aflorar no seguidor da Doutrina Espírita é a resignação, diante das vicissitudes da vida material, porquanto vê, na vida espiritual, a vida verdadeira e definitiva, considerando a encarnação na matéria mero e fugaz mergulho, diante da vida espiritual. Surge, por consequência dessa tomada de consciência, a certeza do reencontro com nossos entes queridos que nos antecederam na vida infinita.
Finalmente, no espírita consciente consolida-se o esforço da indulgência, diante dos defeitos alheios, fruto da revivescência da moral do Cristo, promovida pela plena vivência do aspecto religioso do Espiritismo. O caminho do verdadeiro bem mostrado pelo Cristo andava esquecido. Havia de ser relembrado pelo generosos Espíritos que promoveram a codificação, coordenada por Allan Kardec.
Ora, esse não é exatamente o definitivo preparo para enfrentarmos os ventos que podem assolar nossas existências?


REFERÊNCIA -Conclusão de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.