Quem inventou a Reencarnação ? -Sidney Fernandes

QUEM INVENTOU A REENCARNAÇÃO?
Sidney Fernandes


Embora seja um tema milenar, a reencarnação até hoje ainda não é totalmente aceita por muitas pessoas, em razão de preconceito, desinteresse ou por falta de estudo.
QUEM INVENTOU A REENCARNAÇÃO?
Da mesma forma que Isaac Newton (1643-1727), célebre físico inglês, descreveu a lei de gravitação universal, o Espiritismo enunciou a reencarnação como lei divina que  disciplina a jornada evolutiva do espírito, com experiências que se repetem na Terra, até que ele possa viver em planos mais adiantados.
O QUE SIGNIFICA CONSCIÊNCIA REENCARNATÓRIA?
A expressão Consciência reencarnatória é de Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier, que nos convida a ter plena compreensão de que estamos em trânsito pela Terra, em jornada de aprendizado e reajuste.
Com essa consciência, conseguimos aceitar melhor dores, deficiências e eventuais sentimentos negativos, inclusive em relação a familiares, com a certeza de que nada é por acaso. Se não localizamos a origem de nossos males na presente vida, com certeza sua causa estará em vidas pretéritas.
POVOS DA ANTIGUIDADE ACEITAVAM A REENCARNAÇÃO?
Assim como se deixam as vestes gastas para usar vestes novas, também a alma deixa o corpo usado para revestir novos corpos.
Estas palavras encontram-se nos Vedas e no Bhagavat Gita, livros sagrados da Índia – berço intelectual da humanidade. A crença na reencarnação encontra-se também no Masdeísmo, da antiga Pérsia, como concepção elevada de redenção final, após as provas expiatórias que conduzem a alma humana à felicidade.
Povos orientais antigos, como os egípcios, hebreus, budistas e hinduístas, aceitavam as várias incursões da alma ao plano físico, dentro de ciclo evolutivo que a conduziria ao glorioso mundo espiritual.
Sábios gregos, como Pitágoras, Sócrates e Platão, aceitavam plenamente a teoria da palingenesia, que pressupõe várias vidas, onde aproveitamos os conhecimentos do passado, na forma de ideias inatas, na presente vida.
No livro Fédon, de Platão, Sócrates dialoga com um nativo de Élis, capturado em guerra e vendido como escravo. Demonstra que pode extrair dele conhecimentos de outra existência e trazêlos para a vida atual.
O ESPIRITISMO PODE EXPLICAR A REENCARNAÇÃO?
A Doutrina Espírita foi codificada com base nas informações trazidas por sábios espíritos que já haviam passado pela Terra e já se encontravam no plano espiritual. É uma doutrina filosófica, com bases científicas e consequências religiosas. A crença reencarnacionista poderá ser encontrada em fundamentos desses três aspectos da Doutrina Espírita: religioso, científico e filosófico.
QUAIS SÃO OS FUNDAMENTOS RELIGIOSOS?
Vamos encontrar os fundamentos religiosos da reencarnação na Bíblia, tanto no Velho, como no Novo Testamento.
Embora venhamos a encontrar em livros sagrados do Judaísmo, como a Cabala e o Talmude, a aceitação da reencarnação, geralmente ela era confundida com ressurreição, isto é, a volta à vida no mesmo corpo.
HÁ REFERÊNCIAS À REENCARNAÇÃO NO VELHO TESTAMENTO?
O Velho Testamento é uma espécie de história do povo judeu, desde os seus primórdios. Mesmo assim, nele vamos encontrar várias referências à reencarnação.
Em Jó, 14:14, o princípio da pluralidade das existências se acha claramente expresso: 
Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo.
Jó se coloca no intervalo de uma existência para a outra, após a morte, e diz que lá aguardará o momento de voltar.
Na Bíblia católica, encontramos em Sabedoria 8:19-20 o seguinte texto:
Eu era um bom rapaz, por isso caí num corpo perfeito.
Na citação “Eu era um bom rapaz”, pressupõe-se a vida anterior, isto é, a preexistência do espírito. Em seguida, na expressão “por isso caí num corpo perfeito”, refere-se, naturalmente, ao fato de o bom rapaz ter reencarnado em um corpo saudável.
A IDEIA DA REENCARNAÇÃO ERA FAMILIAR AO POVO JUDEU?
A ideia da reencarnação era familiar ao povo judeu.
Vejamos esta passagem em que Jeremias, como se fosse Jeová, assim se expressa:
Antes que te formasses no ventre, te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta (Jeremias, 1:5).
O texto fala claramente a respeito da preexistência do espírito, antes da concepção do corpo. Se o espírito existiu antes do corpo, pode ter vivido em outro corpo. Está implícita, portanto a ideia da reencarnação no texto judaico.
MOISÉS FEZ ALGUMA REFERÊNCIA ÀS VIDAS SUCESSIVAS?
Moisés fez referência às vidas sucessivas.
No primeiro mandamento da Tábua da Lei (Êxodo, 20:5) consta que:
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
Seria uma aberração admitirmos que os filhos tivessem que pagar pelos erros dos pais, pois a culpa não pode transcender a figura do culpado. Deduz-se que os males enfrentados pelos filhos, que se relacionam com ancestrais, são punições que os alcançaram porque reencarnaram como seus próprios descendentes. São eles próprios de retorno, enfrentando as consequências de seus erros.
PODEMOS ENCONTRAR A REENCARNAÇÃO NA IDENTIDADE DE JESUS?
Podemos encontrar a reencarnação na identidade de Jesus.
O povo judeu aguardava um salvador. Mas, como identificálo em Jesus, se as profecias anunciavam que Elias, um dos grandes profetas dos judeus, teria que vir antes para anunciá-lo?
O próprio Jesus ensejou essa identificação, quando estava nas proximidades da cidade de Cesareia de Filipe, ao perguntar aos discípulos:
– Que dizem os homens com relação ao Filho do Homem?
Quem dizem que eu sou?
Eles lhe responderam:
– Dizem uns que és João Batista; outros que és Elias; outros, que és Jeremias ou outro profeta.
Na resposta dos discípulos fica claro que aceitavam a reencarnação. A resposta refere-se a personagens que já haviam morrido.
QUE MENSAGEM ENCONTRAMOS, NA SEQUÊNCIA DO DIÁLOGO?
Vejamos a sequência do diálogo:
— E vós, quem dizeis que eu sou? — torna a perguntar Jesus.
— Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo! — responde Simão Pedro.
Como Pedro tinha essa informação? É o próprio Jesus que elucida essa dúvida:
— Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue que isso te revelaram, mas meu Pai que está nos Céus.
Nesse texto fica bem clara a informação de que Pedro obteve essa informação não através dos homens e sim por inspiração espiritual.
AO FINAL DA CONVERSA REGISTRADA PELO EVANGELISTA Mateus, 17:10-13 FICA EVIDENTE A IDEIA DA REENCARNAÇÃO?
Ao final do diálogo entre Jesus e os discípulos fica evidente a mensagem da reencarnação.
– Por que dizem os escribas ser preciso que antes volte oElias?
Jesus lhes respondeu:
— É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas; mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem.
Então seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara.
NO DIÁLOGO COM NICODEMOS JESUS ESTAVA SE REFERINDO À REENCARNAÇÃO? João, 3:1-10
Outro momento em que concepção reencarnacionista se apresenta de forma irrefutável é no diálogo de Jesus com Nicodemos.
Ora, entre os fariseus, havia homem chamado Nicodemos, senador dos judeus, que veio à noite ter com Jesus e lhe disse:
— Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com ele. 
— Em verdade, em verdade, digo-te: ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.
Embora a interpretação de irmãos de outras crenças refira-se a essa passagem como se fosse a renovação do ser humano, o Espiritismo entende que esse diálogo proclama para sempre a lei da reencarnação no Evangelho de Jesus.
COMO NICODEMOS ENTENDEU A EXPRESSÃO “NASCER DE NOVO” DITA POR JESUS?
Não foi com clareza que Nicodemos entendeu as palavras de Jesus.
— Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe para nascer outra vez?
Embora sendo Mestre em Israel e tendo por obrigação entender daquele assunto, Nicodemos até aceitou a ideia transmitida por Jesus, mas não sabia como ela seria possível.
— Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem não renasce da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus.
Ao falar em água e espírito, Jesus estava referindo-se à vida material, porquanto os antigos acreditavam que tudo vinha das águas, a matéria primeira. Era o material de construção do mundo.
JESUS ESTRANHA QUE NICODEMOS NÃO SAIBA DA REENCARNAÇÃO?
Ao final do diálogo, Jesus dá um “puxão de orelhas” em Nicodemos, estranhando que ele não entenda a lei da multiplicidade de vidas, pois esse princípio era sobejamente conhecido pelos iniciados judeus.
— Não te admires que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo. O espírito sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde ele vem, nem para onde vai. És mestre em Israel, e ignoras estas coisas?
O QUE REVELA A PASSAGEM DO CEGO DE NASCENÇA?
Uma das passagens mais expressivas no estudo da reencarnação é a do cego de nascença. João, 9:1-3 Caminhando, Jesus viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram:
— Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
Dessa pergunta depreendem-se algumas conclusões:
1) Os discípulos já conheciam aquele homem e sabiam que havia nascido cego;
2) Quem pecou, seus pais? A tradição judaica, baseada no primeiro mandamento da Tábua da Lei, admitiria, equivocadamente, que filhos pudessem pagar pelos erros dos pais. Descartada essa aberração, surgiu outra hipótese.
3) Quem pecou, este? Como assim? Se o homem era cego de nascença, quando teria pecado? Obviamente, essa indagação revela que os cristãos admitiam que aquele homem teria vivido uma vida anterior.
Os ensinamentos não param aí. Vejamos a resposta de Jesus:
— Nem ele pecou, nem seus pais, mas para que se manifestem as obras de Deus.
Quando encontramos um deficiente ou doente de nascença, logo deduzimos, segundo a Doutrina Espírita, que esse espírito teria errado em existência anterior e agora estaria expiando seus débitos. Nossos males mais graves geralmente são consequências de erros cometidos no passado.
Nem sempre é assim. Diante da afirmação de Jesus de que nem ele pecou, chegamos à conclusão de que em determinadas situações escolhemos passar por situações difíceis, não por débito ou comprometimento, mas para realizar uma missão, desenvolver determinado trabalho ou simplesmente coadjuvar experiência com o Cristo, como foi o caso daquele cego de nascença, com o objetivo de ensinar os homens.
Aquele homem não veio para pagar dívidas e sim por conta própria, em regime de provação, dentro do seu planejamento reencarnatório. Queria, provavelmente, fortalecer seu caráter, desenvolver novas habilidades e descobrir novas forças dentro dele mesmo.
Outra hipótese a ser considerada é a de que, ao longo de suas existências, ele reincidiu reiteradamente nos mesmos erros.
Pode ter solicitado nova encarnação com limitações para dificultar ou impedir a continuidade dessas falhas.
A ANTIGA IGREJA CRISTÃ FOI REENCARNACIONISTA?
A igreja primitiva cultivou durante séculos a reencarnação.
No entanto, em face das limitações da época, os cristãos não tinham ideias muito claras a respeito. Pensava-se que, com a adoção do Cristianismo como religião oficial, através de Constantino, as coisas fossem melhorar. Desandaram. A conversão do imperador aproximou a religião cristã dos césares e dos poderes constituídos. Com isso, entrou numa era de ligação com os poderes seculares, com forçadas concessões e, por consequência, perdeu a essência dos ensinamentos de Jesus Cristo.
SÁBIOS CATÓLICOS ERAM REENCARNACIONISTAS?
Importantes personagens religiosos sustentaram ainda por algum tempo a pureza da ideia cristã. Dentre eles, destaca-se Orígenes (185-254), que, segundo São Jerônimo, era, depois dos apóstolos, o grande mestre da Igreja, verdade que só a ignorância poderia negar.
Analisemos o texto a seguir:
Cada alma... vem a este mundo fortificada pelas fraquezas ou vitórias da vida anterior. Seu lugar neste mundo, como um vaso escolhido para honrar ou desonrar, é determinado pelos seus méritos e deméritos. Seu trabalho neste mundo determina a sua vida num mundo futuro.
De onde acha, amigo leitor, que retirei o texto acima? De algum livro espírita? Ou talvez de alguma religião oriental? Negativo! Estas palavras são de Orígenes, citadas por Edward Wriothesley Russel, repórter norte-americano, em seu livro Reencarnação – o mistério do homem.
Orígenes é considerado por esse escritor um dos sábios mais brilhantes das Igrejas Cristãs primitivas e Russel retirou essas palavras do livro Dos Princípios.
O QUE DIZ MARTINS PERALVA SOBRE ORÍGENES?
Vejamos algumas citações atribuídas a Orígenes, feitas por Martins Peralva, em seu livro Estudando o Evangelho:
As causas das variedades de condições humanas são devidas às existências anteriores.
A maneira por que cada um de nós põe os pés na Terra, quando aqui aportamos, é a consequência fatal de como agiu anteriormente no Universo.
Elevando-se pouco a pouco, os espíritos chegaram a este mundo e à ciência dele. Daí subirão a melhor mundo e chegarão a um estado tal que nada mais terão de ajuntar.
LÉON DENIS CITA ORÍGENES?
Diz Léon Denis, a respeito de Orígenes, em seu livro  Cristianismo e Espiritismo:
Dentre os padres da Igreja, Orígenes é um dos que mais  eloquentemente se pronunciaram a favor da pluralidade das existências.
Em seu livro célebre, “Dos Princípios”, Orígenes desenvolve os mais vigorosos argumentos que mostram, na preexistência e sobrevivência das almas noutros corpos, em uma palavra, na sucessão das vidas, o corretivo necessário à aparente desigualdade das condições humanas, uma compensação ao mal físico, como ao sofrimento moral que parece reinarem no mundo, se não se admite mais que uma única existência terrestre para cada alma.
O QUE SANTO AGOSTINHO PENSAVA SOBRE A REENCARNAÇÃO?
Em sua autobiografia Confissões, Santo Agostinho faz a seguinte pergunta:
Não terei vivido em outro corpo, em alguma parte, antes de entrar no útero de minha mãe?
E continua:
Dizei-me, eu vô-lo suplico, ó Deus, misericordioso para comigo, que sou miserável, dizei se a minha infância sucedeu a outra idade já morta, ou se tal idade foi a que levei no seio de minha mãe? (...) E antes desse tempo, quem era eu, minha doçura, meu Deus? Existi, porventura, em qualquer parte? Era eu, por acaso, alguém?
Decididamente, nessas palavras, há fortes indícios de que aceitava as vidas sucessivas.
POR QUE A IDEIA DA REENCARNAÇÃO PERDEUSE?
A reencarnação está claramente exposta no Evangelho.
Jesus reportou-se várias vezes a ela e se deu ao trabalho de detalhá-la a Nicodemos. Os discípulos admitiam-na e era aceita por vários segmentos do Cristianismo.
Por que motivo perdeu-se essa ideia no Cristianismo?
QUAL FOI A INFLUÊNCIA DE TEODORA?
Teodora era filha de um guardião de ursos. Teria sido atriz e cortesã e mais tarde a esposa do imperador bizantino Justiniano, que reinou entre os anos 527 a 565. Nessa época a reencarnação era aceita como parte essencial do Cristianismo.
Teodora teria se incomodado com os ensinamentos de Orígenes, que aceitava a preexistência do espírito ao corpo, base fundamental para a teoria da reencarnação. Ela não admitia a ideia de voltar em outra vida, em circunstâncias penosas, como, por exemplo, na condição de escrava, e resolveu mudar as regras divinas.
Na condição de imperatriz, era uma consorte ativa, que tomava parte nos negócios do governo. Ela defendia os direitos das mulheres. Considerada a mulher mais influente do Império Bizantino, usou sua influência para interferir nas decisões do Segundo Concílio de Constantinopla, no ano 553. 
Suas contas com a divindade seriam acertadas com a purificação através da extrema-unção. Admitia Teodora que talvez tivesse que passar, depois de sua morte, uma temporada no purgatório. Mas depois teria passagem livre para o paraíso.
Reencarnação? Nem pensar! Não queria submeter-se a nova vida que poderia reconduzi-la à pobreza, à indigência e à vulnerabilidade.
TEODORA FOI A ÚNICA RESPONSÁVEL?
Além de Teodora, podemos dizer que havia duas correntes.
Uma a favor, outra contrária à ideia da reencarnação na primitiva igreja. Venceu a corrente que defendia o interesse imediatista da Igreja para eliminar a reencarnação. A Igreja, atrelada ao carro do poder temporal, assimilou bem a ideia de um céu ou inferno imediatos, que lhe dava maior poder sobre os fiéis. A salvação deixava de ser esforço individual e passava a ser mérito da Igreja.
Segundo Richard Simonetti, na história de Teodora teríamos autêntica fofoca histórica:
Não há documentos que comprovem essa versão.
Improvável que algo tão sério tenha ocorrido por simples influência de uma mulher pretensiosa. Acredito que houve uma fatalidade histórica. O conceito reencarnacionista era muito avançado para a mentalidade medieval, o que não é de admirar.
Os teólogos não conseguiam sequer admitir a ideia de que a Terra se movimenta e não é o centro do Universo…
A verdade é que, com ou sem a influência de Teodora, a partir do Segundo Concílio de Constantinopla, o princípio da reencarnação, mesmo com a aceitação de eminentes religiosos, foi abolida.
FALE ALGO A RESPEITO DE SÃO JERÔNIMO E SUA GRANDE OBRA. ELE ACEITAVA A REENCARNAÇÃO?
A mando do papa Dâmaso, São Jerônimo iniciou uma compilação dos textos sagrados, em grego, traduzindo-os para o latim, dando origem à Vulgata, a Bíblia adotada pela Igreja Católica.
Havia dezenas de textos sobre a vida de Jesus, muitos dos quais ainda circulam, como apócrifos, geralmente muito fantasiosos, distantes da realidade: Evangelho de Maria,
Evangelho de Maria Madalena, Evangelho de Nicodemos, Evangelho de Pedro e Evangelho de Filipe.
Jerônimo aceitava a reencarnação e na compilação dos textos conservou aqueles em que ela aparece claramente. Daí essa contradição: O Catolicismo e as igrejas protestantes e pentecostais negam a reencarnação, mas ela está claramente enunciada no Evangelho. Buscando tapar o sol com a peneira, tentam dar interpretações diferentes do que o próprio texto evidencia.
FALE UM POUCO DOS EVANGELISTAS MATEUS E JOÃO
Dentre os primeiros seguidores de Jesus, Mateus é mencionado como tendo sido um coletor de impostos que foi convidado para o círculo dos doze apóstolos de Jesus.
Mateus foi uma das testemunhas oculares que conviveram com Jesus e autor de um dos evangelhos.
O evangelista João também conviveu com Jesus. Foi um dos doze apóstolos e escreveu, além do Evangelho, três epístolas e o livro do Apocalipse. João foi o mais novo dos doze discípulos e tinha, provavelmente, cerca de vinte e quatro anos quando foi chamado por Jesus.
FALE SOBRE OS EVANGELISTAS MARCOS E LUCAS
Marcos, sobrinho do apóstolo Pedro, foi discípulo de Paulo de Tarso, autor de um dos evangelhos e é venerado por várias igrejas cristãs.
Lucas, médico grego, inspirou-se nas memórias da mãe de Jesus para escrever um dos evangelhos. Escreveu também os Atos dos Apóstolos. Era chamado de O Médico Amado, por Paulo de Tarso, de quem era discípulo.
HÁ PROVAS CIENTÍFICAS DA REENCARNAÇÃO?
Fundamentos científicos Cientistas não falam em provas e sim em fortes evidências, a ponto de a ideia da reencarnação acabar por se impor naqueles que abrem suas comportas intelectuais para o aprendizado ou que cogitam dúvidas existenciais.
CITE ALGUM CIENTISTA QUE ESTUDOU A REENCARNAÇÃO
O Prof. Hemendra Nath Banerjee nasceu na Índia em 1929 e faleceu em 1985. Foi um dos mais destacados pesquisadores sobre a reencarnação.
Desenvolveu a maioria de seus trabalhos enquanto era Diretor do Departamento de Parapsicologia da Universidade de Rajasthan, na Índia.
Em 1979, publicou o livro Vida Pretérita e Futura, um relato de 25 anos de pesquisas na área da reencarnação. Nesse livro, descreve seus achados em mais de 1.100 casos estudados não apenas na Índia, mas em diversos países, inclusive nos Estados Unidos, onde há bastante aversão ao tema, principalmente por parte do meio científico.
A partir de seu trabalho, o assunto começou a despertar o interesse de alguns estudiosos, dentre os quais se destacou o Prof. Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia, autor do livro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação.
CITE UM DOS CASOS APRESENTADOS POR BANERJEE
A Menina Mohini, de 9 anos, de Punjab, Índia jantava com seus pais quando, inesperadamente, começou a falar da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
—Já morei lá — disse ela.
Passou a descrever os detalhes daquela cidade, onde, segundo ela, morara com um tio. Falou da casa onde residira, de seus hábitos, dos alimentos de que fazia uso, dos brinquedos, de como ia às festas e da escola que frequentava.
Citou até mesmo nomes e sobrenomes da família à qual dizia pertencer e informou que morrera aos 18 anos.
Banerjee pesquisou. Esteve em Nova Iorque, onde encontrou a família descrita, evidentemente com todos os seus membros mais velhos, vários já falecidos, precisamente no lugar indicado, e confirmou os pormenores da história.
Voltando à Índia, levou fotografias de pessoas da família, já falecidas, misturadas com as de pessoas desconhecidas. Mohini viu as fotografias e selecionou exatamente os membros da família que dizia ser a sua.
Temos aqui uma evidência da reencarnação, que foi exaustivamente pesquisada por um cientista de renome.
Geralmente crianças de até cinco anos têm mais facilidade para recordar-se de vidas passadas. Assemelham-se às pessoas que dormem e sonham com atividades passadas.
Notam os cientistas que quanto menor for a intermissão, isto é, o tempo de permanência na espiritualidade, entre uma vida e outra, maior a facilidade de acesso às lembranças.
FALE UM POUCO SOBRE O DR. BRIAN WEISS
Dr. Weiss graduou-se na Universidade de Medicina de Yale em 1970. Após algumas décadas de carreira, Dr.Weiss conduziu seus estudos à problemática da existência do ser após a morte, permanecendo atuante na vertente do reencarnacionismo até os dias atuais.
Seu caso mais famoso foi o de Catherine. Na busca dos traumas causadores de suas doenças, Brian deu um comando inespecífico à paciente, quando ela estava em estado de hipnose:
— Retorne à época em que surgiram as causas de suas dores.
Catherine voltou a milhares de anos atrás, à época dos antigos egípcios. Após confirmar todos os elementos das histórias de suas vidas passadas por meio de pesquisas em arquivos públicos, Dr. Weiss convenceu-se da sobrevivência do elemento da personalidade humana após a morte.
QUAL FOI A CONTRIBUIÇÃO DA PSICÓLOGA AMERICANA HELEN WAMBACH PARA A TEORIA DA REENCARNAÇÃO?
A psicóloga americana Helen Wambach teve uma experiência pessoal de reminiscência de vida anterior, o que a levou pesquisar sobre a reencarnação.
Entendeu que lembranças individuais não serviriam de testemunhos do renascimento. Passou a trabalhar com centenas de voluntários. Durante dez anos induziu-os ao retorno à determinada época ou geografia.
Alimentava seu computador com informações de trajes, vida social, hábitos, condição social, profissão, raça e cor colhidos dos voluntários. A partir daí, passava a compatibilizar os testemunhos com os dados da história, a fim de comprová-los. O índice de acertos era espantoso.
CITE OUTROS CIENTISTAS QUE ESTUDARAM A REENCARNAÇÃO
Dentre os cientistas que estudaram a reencarnação, podemos citar Ian Stevenson – Professor de Psiquiatria e Diretor da Divisão de Estudos de Personalidade do Departamento de Medicina Comportamental e Psiquiatria da Universidade de Virgínia e o Dr. Hernani Guimarães Andrade, engenheiro civil brasileiro, presidente do Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas de São Paulo.
CRIANÇAS PRODÍGIO SÃO INDÍCIOS?
Mozart demonstrou sua habilidade musical desde a tenra infância. Começou a compor aos cinco anos e passou a se apresentar para a realeza europeia, a todos maravilhando com seu talento precoce. Aos onze anos de idade já havia composto duas óperas.
Paganini também foi considerado uma criança prodígio. Aos nove anos de idade foi para Parma a fim de estudar com o famoso violinista Alessandro Rolla. Depois de executar um de seus mais recentes concertos, à primeira vista, o velho mestre disse:
— Nada tenho a lhe ensinar, meu menino.
Não há outra explicação plausível para esses talentos inatos, a não ser a da reencarnação de artistas que trouxeram para suas presentes vidas conhecimentos de vidas anteriores.
LISZT E MICHELANGELO JÁ NASCERAM SABENDO?
Desde pequeno Liszt revelou sua sensibilidade para a música e assimilava as aulas recebidas do pai com extrema facilidade. Com cinco anos começou a compor e com nove anos de idade apresentou-se como pianista na cidade de Oldemburgo.
Michelangelo foi considerado o maior artista do seu tempo.
Ao longo dos séculos, até os dias de hoje, é considerado na mais alta conta, como parte de reduzido grupo de artistas de fama universal, sendo, de fato, um dos maiores que já vieram com o protótipo de gênio.
PASCAL TAMBÉM FOI CONSIDERADO UM GÊNIO?
Blaise Pascal era filho de Éttienne Pascal, professor de matemática. Perdeu a mãe com três anos de idade. Seu talento precoce para as ciências físicas levou a família a Paris, onde ele se consagrou ao estudo da matemática. Aos treze anos de idade publicou seu primeiro tratado científico envolvendo as proposições de Euclides.
QUAIS SÃO OS FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA REENCARNAÇÃO?
Se os argumentos religiosos e científicos podem eventualmente ser contestados ou desacreditados, os filosóficos são irrefutáveis. Quando o homem passa a ter consciência das diferenças físicas, sociais, intelectuais e espirituais entre os homens, começa a lhe aparecer uma pulga atrás da orelha.
Certa ocasião uma senhora indagou a um conhecido sacerdote, que aliás merece todo o meu respeito e admiração, pelo discernimento e contribuição que tem dado aos seus fiéis:
— Padre, por que minha neta nasceu com Síndrome de Down?
— Minha filha — respondeu o pároco —, as famílias se reúnem em torno dessas criaturinhas e se tornam mais fraternas e solidárias.
— Sim, eu sei disso — disse a idosa. Mas, não foi isso que perguntei. Quero saber por que na minha casa e não na casa do meu vizinho.
Nesse momento, cresceu toda a minha consideração por esse religioso, pois ele teve a coragem de dizer:
— Isso eu não sei responder.
Com certeza essa sábio e estudado padre conhece a reencarnação e deve ter lido muito sobre a lei de causa e efeito.
No entanto, seus votos eucarísticos impediram-no de externar seu pensamento.
QUAL A IMPORTÂNCIA DE PITÁGORAS NESSE TEMA?
Perguntaram a Pitágoras, um dos mais lúcidos espíritos da antiga Grécia, o que ele era, numa época em que todos o chamavam de sábio. Ele, humildemente, respondeu:
– Sou apenas um amigo do saber.
Baseava-se na própria etimologia das palavras, separandoas:
Em grego, philos significa amizade, e sophoi, sábio.
Compunha-se daí a philosofoi, ou filósofo, amigo do saber.
PLATÃO TAMBÉM TINHA UM “CASO DE AMOR” COM A FILOSOFIA?
Para Platão, outro grande sábio grego, a filosofia era não um caso de amor, mas de necessidade. Filósofo não é simplesmente aquele que ama a sabedoria, mas o que faz da sabedoria a grande meta de sua vida.
O método (conjunto de normas que se segue para alcançar um objetivo) de Platão para alcançar a sabedoria era o método reflexivo. A procura da verdade pela meditação profunda, pelo estudo cuidadoso dos temas escolhidos, o que, segundo Platão, faz surgir em nossa mente conhecimentos que trazemos do passado, que dormitam em nosso íntimo. Seria como desenterrar um tesouro sepultado na intimidade de nós mesmos.
O método reflexivo envolve também um processo mediúnico. Na medida em que nos entregamos à meditação, estabelecemos sintonia com espíritos que guardam afinidade com a natureza de nossas reflexões.
É na filosofia, a busca da verdade pela reflexão, que encontramos a maior contribuição em favor da reencarnação.
OS ATRIBUTOS DE DEUS PODEM NOS LEVAR A ACEITAR A REENCARNAÇÃO?
Somente a concepção reencarnacionista nos permite encontrar as razões para tantas situações e acontecimentos que nos chocam, principalmente pelo aparente conteúdo de injustiça.
O primeiro conceito, para a abordagem da reencarnação, filosoficamente, são os atributos divinos.
Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. Os atributos de Deus, destacados por Jesus na figura do Pai misericordioso, compreensivo e bondoso, são incompatíveis com as chamadas penas eternas. 
O próprio Santo Agostinho indagava:
Como conciliar a infinita bondade de Deus com vingança infinita?
A concepção das múltiplas vidas, que dá ao faltoso tantas oportunidades quantas sejam necessárias para a sua redenção, guarda perfeita compatibilidade com o Deus justo propagado por Jesus.
COMO EXPLICAR AS DEFICIÊNCIAS FÍSICAS INATAS?
Como explicar que uma criança nasça com uma doença grave ou terminal, considerando que ainda não teve tempo para errar e pouco entende do sentido da vida?
Fiz essa pergunta para Richard Simonetti e ele me respondeu:
— A criança não está sendo castigada, nem punida, pois a lei divina não é punitiva e sim educativa. Quando praticamos o mal e nos comprometemos no vício, na irresponsabilidade, no crime e no suicídio, provocamos desajustes perispirituais violentos. O nosso corpo espiritual fica totalmente desequilibrado e desajustado. O mal praticado repercute no perispírito. Um espírito nessa condição reencarna muito fragilizado. Seu corpo físico terá graves deficiências, em razão dos desajustes do corpo perispiritual, porquanto ele é a “fôrma” da forma física. Se o reencarnante tem um perispírito comprometido por desvios do passado, como se estivesse com o corpo astral doente, essa doença vai se refletir no corpo físico, dando origem a males variados, que é o que acontece com todos nós. Mas, às vezes, com esses comprometimentos que o espírito traz do passado, o novo corpo não resiste. E então, surge uma doença mais grave e de repente a criança desencarna.
— Ah! Mas, que pecado — alguém poderá dizer —, como é que Deus faz isso com uma criança?
— Nós estamos vendo o presente da criança, não estamos considerando aquele espírito que veio com comprometimentos do pretérito. Essa breve existência vai representar uma espécie de escoamento dos desajustes perispirituais que aquele espírito acumulou no passado, para que, numa próxima encarnação, ele possa vir em melhores condições.
E SOBRE AS DEFICIÊNCIAS MENTAIS? DEUS SE ESQUECEU DELAS?
Alguns argumentam que as deficiências mentais são originárias de problemas hereditários. No entanto, às vezes encontramos, numa mesma família, filhos deficientes ao lado de filhos com rara inteligência. Vou trazer aqui um depoimento de Haroldo Dutra Dias sobre esse assunto.
— Recordo-me, em Belo Horizonte, quando eu era jovem, tínhamos uma atividade de visita a crianças com paralisia cerebral. Nossa mocidade ia até lá e cantava para as crianças.
Aquilo chocava muito a gente pois algumas crianças não tinham qualquer movimento e quando íamos até lá ficávamos muito sensibilizados.
— Alguns amigos de Chico Xavier, que iam vê-lo com muita frequência, perguntaram a ele o que era aquilo. Chico disse assim:
— Na sua maioria, são grandes inteligências que se perverteram, sendo que algumas, inclusive, eram recém egressas do nazismo.
— A lei de causa e efeito, ou o resgate doloroso, a expiação, é um mecanismo de restrição de liberdade. A pessoa nasce numa situação física de extrema carência.
Neste pequeno trecho de palestra de Haroldo Dutra Dias, ele menciona ligeiramente o problema da microcefalia como uma das consequências para as grandes inteligências que se desviaram e utilizaram mal suas faculdades.
COMO EXPLICAR OS CASOS DE MICROCEFALIA?
Quais seriam as causas pregressas dos casos de microcefalia que afetaram milhares de crianças brasileiras? O médico espírita Dr. Paulo César Fructuoso tem um importante depoimento sobre esse assunto.
— Quando minha nora estava de três para quatro meses de gestação, minha netinha Isabela contraiu o vírus da zica e nasceu com microcefalia. A criança não anda, não fala, não senta e não come — está com uma sonda no estômago para não morrer de fome — e graças a Deus está na minha família, porque nós compreendemos o que pode estar acontecendo e o que pode ter ocorrido em vidas passadas.
— Pesquisadores da USP – Universidade de São Paulo — implantaram em cérebros de ratos tumores malignos que acometem principalmente crianças. Pegaram o vírus da zica e injetaram nos ratos. Todos os ratos estavam com comprometimento tumoral do esqueleto, metástases ósseas. O mesmo vírus da zica que causa microcefalia eliminou todas as células cancerosas, tanto no cérebro, como nos ossos dos animais.
— Uma tremenda solução para o câncer foi trazida por esses três mil espíritos que encarnaram com microcefalia.
Somente o Espiritismo explica isso. Eles vieram com uma bagagem cármica e uma bagagem missionária.
E QUANTO ÀS DEFICIÊNCIAS MORAIS? COMO EXPLICAR AS CHAMADAS “OVELHAS NEGRAS” DAS FAMÍLIAS?
Herdamos as condições morais de nossos pais? O corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito. Filhos costumam parecer com seus pais pela atração de suas tendências.
Nossos pais podem nos auxiliar a superar ou acentuar nossas tendências negativas. Mas, a matriz do espírito pertence a ele mesmo. Não é raro que um mau espírito peça que lhe sejam dados bons pais e bons irmãos para tentar superar más tendências. Como não é impossível que um bom espírito nasça em ambiente adverso, para elevar o padrão moral de um grupamento.
Voltando ainda às questões físicas, citarei Richard Simonetti em seu livro Uma razão para viver:
Ocorre que já vivíamos antes do berço. Transitamos pela Terra há milênios, em múltiplas existências. A morte representa sempre uma avaliação evolutiva que define o quanto andamos ou nos desviamos das metas de perfeição estabelecidas pelo Criador.
QUAIS ERAM AS DÚVIDAS DE EPICURO?
Epicuro de Samos foi um filósofo grego do período helenístico. As supostas injustiças divinas provocaram-lhe dúvidas. Eis suas reflexões:
Ou Deus quer eliminar o mal do mundo e não pode, ou pode e não quer.
Se quer e não pode, é impotente.
Se pode e não quer, é perverso.
Se não pode e não quer, é impotente e perverso.
Se pode e quer, por que não o faz?
PARECE QUE ESSAS DÚVIDAS DE EPICURO SE GENERALIZARAM. MUITOS RELIGIOSOS SE TORNARAM INCRÉDULOS?
Poder-se-ia fazer dezenas de citações, de casos que têm levado muitos à incredulidade, à negação, porque não conseguem, na religião que professam, encontrar explicações lógicas, racionais, aceitáveis, para tantas discrepâncias.
EXISTE UMA CHAVE MÁGICA PARA RESPONDER ÀS INÚMERAS DÚVIDAS FILOSÓFICAS? 
A doutrina da reencarnação é a chave mágica. Resolve estas questões. Com a compreensão de que o espírito vive muitas vezes e de que a nossa vida presente foi determinada pela maneira como vivemos no passado, podemos compreender o problema do menino com câncer, do filho retardado, do filho deficiente, da criança de má índole, das diferenças sociais.
QUAL SERIA A RESPOSTA PARA AS DÚVIDAS DE EPICURO?
Diz ainda Richard Simonetti em Uma razão para viver:
Cada reencarnação é a bênção do recomeço, com mecanismos retificadores que funcionam na intimidade de nossa consciência, imprimindo no corpo físico algo dos desajustes que provocamos em nós mesmos quando transitamos por vielas escuras de rebeldia e agressividade.
É o que a filosofia oriental define como carma, representando a conseqüência de nossas ações pretéritas que se projeta no presente, num mecanismo de causa e efeito que tem, num primeiro estágio, três finalidades principais:
Primeira: É a conta a pagar, o montante que devemos pelos prejuízos causados, segundo um princípio divino enunciado por Jesus: “A cada um segundo suas obras”. Se nos comprometermos  com o mal, fatalmente terminaremos às voltas com males correspondentes, impostos pela Justiça Divina. De acordo com esse mecanismo, o indivíduo violento poderá renascer em corpo extremamente frágil, o alcoólatra com disfunções hepáticas, o intrigante com limitações mentais...
Segunda: Contenção. O comprometimento com o mal entranhase no indivíduo na forma de tendências que precisam ser contidas e eliminadas. Assim, a violência será inibida pela fragilidade do corpo. O alcoolismo será sofreado pelo fígado sensível e será impossível semear intrigas sem acuidade mental. Tivéssemos a noção exata da extensão de nossas mazelas e agradeceríamos a Deus determinadas inibições.
Terceira: Renovação. O sofrimento decorrente das limitações físicas impõe um fastio das ilusões humanas. Nada melhor para nos inspirar a procura de valores religiosos. Espíritos superiores em trânsito pela Terra, no desdobramento de gloriosas missões, nunca planejam um corpo perfeito, não que tenham tendências inferiores a superar, mas porque sabem que essa é a melhor forma de não se perderem nos enganos do Mundo.
Deus permite que o homem sofra, para que ele aprenda, com seus próprios recursos e méritos, a galgar novos degraus evolutivos, que o levarão à perfeição como espírito.
COM A REENCARNAÇÃO, COMO FICAM OS LAÇOS FAMILIARES?
A algumas pessoas a doutrina da reencarnação se afigura destruidora dos laços de família. Ela os distende, não os destrói.
Fundando-se o parentesco em afeições anteriores, menos precários são os laços existentes entre os membros de uma mesma família.
Essa doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto, no nosso vizinho, ou no nosso amigo, pode achar-se um espírito a quem tenhamos estado presos pelos laços da consanguinidade.
QUANTAS VEZES TEREMOS QUE REENCARNAR?
Quantas forem necessárias para que sejam depuradas as impurezas que nos impedem a marcha evolutiva. À medida que atingimos novos patamares evolutivos, podemos dar continuidade ao voo evolutivo.
COMO EXPLICAR O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL? DE ONDE VÊM ESSES ESPÍRITOS?
Se os espíritos estão sempre reencarnando, como explicar o crescimento da população mundial? De onde vem tanta gente?
Deus jamais deixou de criar. Além disso, há o intercâmbio de almas que passam a viver em nosso planeta e aquelas que daqui saem, até que se adequem ao nível evolutivo do qual a Terra está se aproximando.
A REENCARNAÇÃO NÃO NOS INDUZ À PASSIVIDADE?
Cada um de nós terá que dar conta da indolência ou da inutilidade voluntária de sua existência. Elas comprometem a felicidade futura e alcançá-la dependerá do bem que seja feito, assim como a infelicidade será decorrência do mal praticado.
HÁ UM PRAZO CERTO PARA REENCARNAR?
Tudo depende das necessidades e do nível alcançado pelo espírito. Alguns permanecem por séculos na erraticidade. Outros reencarnam em seguida. Outros vão para mundos mais elevados e outros se aproximam de mundos adequados à sua condição evolutiva.
COMO POSSO TER SIDO A MESMA PESSOA EM VIDAS PASSADAS SE HOJE SOU DIFERENTE?
Os corpos mudam e se adequam à atmosfera do local em que passam a habitar. Os espíritos são os mesmos, com suas personalidades, seus débitos e seus méritos.
ENCERRANDO, PODERÍAMOS PERGUNTAR: A DOUTRINA DA REENCARNAÇÃO CONFIRMA A IDEIA DE JUSTIÇA QUE FAZEMOS DE DEUS?
A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior.
É a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros através de novas experiências  A razão nos impõe a ideia da reencarnação. Sábios, tanto do passado como da atualidade, veem nela a única explicação
factível para as dores e diferenças entre os homens e o meio pelo qual poderão promover a sua evolução.
Referências: Fundamentos da Reencarnação e Uma razão para viver, de Richard Simonetti; O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec; Boa Nova, de Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier.