Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
Mateus 6:15
Perdoados, mas não limpos. Emmanuel
Sidney F. Fernandes
Mabel, um exemplo de mansuetude. Fora bem preparada para o renascimento. De boa índole, coração generoso e conectada com a imperiosa
necessidade do autoaprimoramento, situava-se merecedora dos investimentos da espiritualidade em sua nova existência.
Tendo recebido educação rigorosa dos pais, receptiva às orientações religiosas na infância e simpática às ideias espiritas na adolescência,
empenhava-se no estudo filosófico, na prática da caridade, na superação de antigas falhas e numa vivência digna das expectativas espirituais.
Ah, mas a vida não é fácil. A vitória sobre nossas más tendências não é tarefa para pouco tempo. Quando surgem as decepções, as agressões
de espíritos imaturos, que se aproveitam da nossa docilidade para impor suas vontades, e as ofensas, é preciso ter muita fé, reflexão e tenacidade, para se manter equilibrado.
Diante das injustiças e das agressividades, Mabel tentava se defender, evitando o mal. Mas a natural reação do espírito é sempre devolver na
mesma moeda o prejuízo sofrido, o que cria um círculo vicioso entre criaturas do mesmo nível: ora vítimas, ora verdugos.
Felizmente, o hábito da oração e a mansuetude de seu coração prevaleceram. Alma nobre, procurava imprimir em suas atitudes a grandiosidade que sonhava solidificar em seu coração. Orou com toda sinceridade, atraindo benfeitores espirituais, que acalmaram o seu espírito. Sua resignação e a prevalência de sua força moral poderiam lembrar as imortais palavras de Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra
(Lucas 1:38).
Vencendo o bom senso, restabeleceu-se o equilíbrio. Mabel se afastaria de seus detratores, deixando que seguissem seu caminho, não cogitando de vingança, perdoando-os incondicionalmente. Eles que se entendessem com a justiça divina.
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E que ocorreu com os faltosos, os maledicentes os caluniadores, os ofensores, os invigilantes, os agressivos e os venenosos injuriadores?
perdoados por Mabel e, portanto libertos? Ledo engano. O mal que provocamos nos outros torna-se nosso companheiro de vida, envolvendo, com seus reflexos, a nossa consciência.
Podemos até ser perdoados. Perdoados, mas não limpos, assevera Emmanuel.
O fogo, a ofensa, a sombra, o desastre, a invigilância, a violência, as chagas e as aflições que impomos aos outros são males a nós mesmos
infligidos.
A lei sempre é cumprida. Daí Jesus asseverar, no Sermão da Montanha, não apenas a obrigação de perdoarmos, mas também de nos mantermos mansos, confiando na justiça divina.
Ridicularizados, atacados, perseguidos ou dilacerados, evitemos o mal, mesmo quando o mal assuma a feição de defesa, porque todo mal que
fizermos aos outros é mal a nós mesmos.
(Emmanuel).
Que a mansuetude e a vitória de Mabel sobre as más inclinações sirvam de modelo e estímulo às nossas realizações espirituais.