Ser Feliz é o meu Destino? -Sidney Fernandes

SER FELIZ É O MEU DESTINO?

Sidney Fernandes


Parecerá estranho ao caro leitor, à primeira vista, falarmos em destino. Com a Doutrina Espírita aprendemos que não existe, como diria a expressão árabe maktub, a ideia de que tudo já estava escrito, característica do fatalismo muçulmano.
E mesmo para os árabes essa expressiva palavra não é utilizada com a intenção de se renunciar às iniciativas de crescimento e progresso do espírito humano, e sim nos momentos de dor ou angústia. Não é um brado de revolta, e sim o choro resignado diante dos desígnios da vida.
Se pudéssemos aproveitar o termo maktub para afirmar que alguma coisa de nossa vida já estava escrita, talvez pudéssemos nos referir ao planejamento que fazemos para uma nova encarnação.
Quando o Espírito escolhe as provas a que deseja submeterse para apressar o seu adiantamento, de certa forma cria o seu próprio destino, ou pelo menos as linhas mestras que conduzirão sua próxima encarnação.
Esse plano, geralmente de iniciativa do próprio reencarnante, representa uma programação de meios para adiantar seu progresso, que guardam correlação com as faltas que lhe cumpre expiar.
Antes de encarnar o Espírito toma conhecimento das fases principais da sua existência. Dessa forma, no momento de vivenciá-las ele tem a nítida impressão de que ela já estava programada, numa espécie de déjà vu, dando-lhe a impressão de destino previamente traçado.
Sim, de certa forma já estava escrito, não pelo destino, mas sim pela escolha do próprio Espírito, na espiritualidade, no planejamento dessa nova existência.
Em algumas circunstâncias, soa em seus ouvidos como uma espécie de pressentimento, mas essa fatalidade é simplesmente o fruto de sua prévia escolha.
Assim agindo, o Espírito institui para si uma espécie de destino, que nada mais é do que a consequência da posição evolutiva em que se acha colocado.
Essa fatalidade existe, no entanto, tão somente com relação às provas físicas, pois no que se refere às provas morais e tentações, o Espírito conserva o seu livre-arbítrio. Quanto ao bem e ao mal, ele é sempre senhor de ceder ou de resistir. Os atos da vida moral emanam sempre do próprio homem, com sua liberdade de escolha.
Com a Doutrina Espírita aprendemos que o nosso destino está em nossas mãos.
Ora, notamos sempre que os sofrimentos guardavam relação com o proceder que eles tiveram e cujas consequências experimentavam; que a outra vida é fonte inefável ventura para os que seguiram o bom caminho. Deduz-se daí que, aos que sofrem, isso acontece por que o quiseram.
Allan Kardec, Da vida espírita, O Livro dos Espíritos A fatalidade, contudo, não é uma palavra vã – continua Kardec –, pois, dependendo da prova escolhida, sofreremos as vicissitudes a ela inerentes. A partir daí, porém, acaba a fatalidade, pois vai depender da nossa vontade ceder ou não a essas tendências.
Claro está também, caro leitor, que está em nossas mãos a possibilidade de nos libertarmos de nossas dores, atuais ou futuras, ainda no atual momento que estamos vivendo. Isto é, agora, enquanto estamos encarnados.
Na questão nº1000, de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga aos Espíritos:
Já desde esta vida poderemos ir resgatando nossas faltas?
Sim – respondem os Espíritos, – reparando-as.
A escolha é nossa: fazer ou não fazer.