Um Anjo de Cem Anos -Sidney Fernandes –

UM ANJO DE CEM ANOS
Sidney Fernandes –


Uma das mais extraordinárias crônicas que li, em toda a minha vida, foi ditada pelo espírito Irmão X, por intermédio de Francisco Cândido Xavier, publicada no livro Contos Desta e Doutra Vida.
Esse precioso relato descreve os esforços da espiritualidade para amparar o homem encarnado, por intermédio de vários anjos, personificados por enviados de Deus, cada um com sua função e, curiosamente, com a sua cor.
O anjo branco, da pureza, foi representado pela mãezinha amorável, que lhe ensinou as primeiras noções da divindade. O anjo verde, da esperança, foi representado pela primeira professora, que lhe passou novas noções do Criador. O anjo dourado, da sabedoria, foi representado pelos educadores do ensino superior, que lhe falou do Eterno pela linguagem da filosofia e da ciência. O anjo azul, da fé, foi representado pelo representante de uma das religiões da Terra, que lhe recomendou a prática do trabalho, da humildade, com retidão da consciência e com perseverança no bem. O anjo róseo, da caridade, foi representado pelos livros, que poderiam conduzir o homem à prática do amor, da renúncia, da benevolência e do sacrifício, que o conduziriam ao Divino Encontro.
O homem casou-se, constituiu família e garantiu seu sustento.
No entanto, por mais que os anjos do senhor se esforçassem, ele começou a se tornar caprichoso, exigente e repudiou seus generosos conselhos:
— Deus? Mas, existirá efetivamente Deus? — exclamava o homem, arrogante e rebelde.
Reuniram-se, na espiritualidade, os anjos da pureza, da esperança, da sabedoria, da fé e da caridade, suplicando a compaixão do Senhor, a benefício do indócil tutelado.
Foi então que desceu da Glória Celeste um anjo cinzento, de semblante triste e discreto. Não tomou qualquer instrumento para comunicar-se. Abraçou o homem insubordinado e assoprou no seu coração a mensagem que trazia.
O homem cambaleou, deitou-se e começou a refletir sobre todas as bênçãos que havia recebido na vida e o quanto fora convencido, egoísta e indisciplinado. Compreendeu que tudo de que desfrutava era empréstimo da Divina Bondade. Meditou, meditou e, em lágrimas de sincera emoção, como se voltasse a ser um tenro menino, dirigiu-se, pela primeira vez, com toda a sua alma, ao Todo-Poderoso, suplicando:
— Deus de Infinita Misericórdia, meu Criador e meu pai, compadece-te de mim!
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O Anjo Cinzento, que dá nome à página de Irmão X, salvou o homem do abismo, para onde estava se dirigindo, com o abraço da dor e do sofrimento. O Anjo Cinzento era o Anjo da Enfermidade.
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Neste ano de 2019, o nosso querido CEAC – Centro Espírita Amor e Caridade de Bauru — está completando um século de existência. Nesses 100 anos, tem acolhido inúmeras almas sofredoras, que vêm recebendo as bênçãos dos espíritos, como anjos protetores da nossa Casa.
A pureza da sua mensagem, a esperança para os que sofrem, a sabedoria da libertação, a fé que impulsiona e, principalmente o amor e a caridade, na forma de acolhimento e trabalho, têm sido a consoladora mensagem do nosso Centro, proporcionando a todos os que o procuram a esperança e o amparo que sustentam.
Diretores, voluntários e servidores, inspirados por essa plêiade de bondosos anjos, têm contribuído, com seu trabalho, para afastar o Anjo Cinzento da vida de muitas pessoas. A dor e a doença são os últimos recursos utilizados pela Divindade para despertar os  homens que se distanciam da verdade.
Que, neste início de ano, todos nós estejamos conscientes do  esforço da Espiritualidade Maior a nosso favor, para que as enfermidades, do corpo e da alma, sejam evitadas.
Importante lembrar, no entanto, que o nosso despertar não acontecerá somente com o trabalho dos espíritos protetores.
Caberá, a cada um de nós, atender ao chamado de cada anjo, deixando entrar em nossos corações o esforço do trabalho, a prática da humildade, a retidão de consciência e a perseverança no bem.
Somente assim, ouvindo as permanentes mensagens dos anjos do CEAC, estaremos nos habilitando ao progresso que a espiritualidade espera de nós, sem a necessidade da vinda do Anjo Cinzento para nos acordar para o bem.