VOLTANDO AO PASSADO
Sidney Fernandes
O que você diria para si mesmo hoje, caso pudesse voltar no tempo?
Não por acaso, gostaríamos de estar nos verdes anos, com a experiência e as transformações que o tempo e a dor nos proporcionaram. Talvez errássemos menos. Talvez sofrêssemos menos.
A verdade é que, mesmo buscando fazer o melhor, por inexperiência, medo ou insegurança, acabamos por cometer erros que marcam nossa existência. E poderão ir além dela.
Muitas vezes nos anulamos. No afã de não arranjar confusão, não raramente somos subservientes, atitude que não é aplaudida, nem estimulada pelos mentores maiores.
Como agir? Diz a psicologia que, quando alguém, um grupo ou até uma nação, encontra-se na situação laissez-faire, isto é, deixando as coisas ficarem do jeito que estão, para ver como é que ficam, tornam-se necessárias medidas coercitivas.
Isso significaria que, se voltasse ao passado, eu deveria ser menos tolerante e mais agressivo? Negativo! Isso seria inverter as posições entre vítimas e verdugos, situações que tenderiam a se perpetuar por várias encarnações.
A palavra-chave é equilíbrio. Tal qual o pêndulo de um velho relógio, quando nos encontramos em posição de extrema apatia ou submissão, a solução vem através de um tranco elaborado pela própria vida, que nos desperta do maléfico sono comprometedor.
Em se tratando, porém, de acomodação ou resignação e omissão ou covardia, parecem-nos oportunas e judiciosas as palavras de Emmanuel, quando nos fala sobre A caridade da coragem.
Ele nos lembra de companheiros que adoeceram por falta de energia emocional; dos que enlouqueceram ouvindo denúncias lamentáveis; dos que mergulharam nos alucinógenos; dos que se impressionaram em demasia com sintomas de moléstias imaginárias; dos que acompanharam impensadamente atitudes destrutivas e, finalmente, dos que desertaram dos compromissos assumidos.
Emmanuel nos concita a meditar nesses infortúnios e nos sugere que roguemos ao Senhor a capacidade de resistir às tentações, ao medo, à omissão e ao desânimo.
Todos precisamos de equilíbrio.
Todos precisamos de força espiritual suficiente para agir com intrepidez, sem temeridade, e a disposição de cultivar a coragem de sermos fiéis à Lei de Deus.
(Do livro: O Essencial – Emmanuel – Chico Xavier)
Se uma hipotética máquina do tempo nos levasse de volta ao passado, quem nos garante que agiríamos de forma diferente de outrora?
Uma coisa, porém, a Doutrina Espírita nos garante. Ainda nesta encarnação ou na próxima, as dores e as experiências vividas nos darão condições para começarmos tudo de novo, com outra disposição, em outro nível evolutivo, com melhores possibilidades de acertarmos ou, pelo menos, de errarmos menos.
Temos que viver o tempo de agora, valorizando os infortúnios, fugindo da acomodação ou da falsa resignação, sem confundir a tolerância devida com omissão ou covardia, cientes de que aquilo que nos parece um grande mal é quase sempre um bem sob o ponto de vista espiritual.
É preciso, como alertam os Espíritos superiores, que o bem se torne um hábito. A partir daí, não mais importará o passado, porquanto com sua forja teremos moldado em nosso espírito a iniciação do cumprimento das Leis de Deus.