Vós sois o sal da terra. E se o sal for insípido, com que se há de salgar? Mateus 5:13
Sidney Fernandes
Jeca Tatu, figura criada por Monteiro Lobato em 1914, descrevia o caboclo sem vocação, a não ser para a preguiça. Mais tarde o autor descobriu que a causa principal da indolência do homem do campo era o descaso dos governos com a população rural. Os caipiras eram barrigudos e preguiçosos por causa das doenças e não por opção. A figura foi largamente usada por Rui Barbosa para tentar minimizar a precária condição de saúde do homem do campo. Já naquela época a condição de ingênuo e indolente cedeu lugar ao homem saudável e rico que curou seus males físicos e conquistou melhores condições de vida.
Nos tempos atuais, passados quase 100 anos do surgimento do primeiro Jeca Tatu, encontramos uma nova geração que cuida da terra. Não obstante inúmeras dificuldades como a seca, solo árido e precárias condições de comercialização de seus produtos, o ruralista atual está muito mais consciente de seu poder de mobilização, da necessidade de se instruir e racionalizar o uso da terra e consegue contornar muitos obstáculos que outrora eram intransponíveis.
Secas e enchentes ainda acontecem. O atravessador ainda prejudica e incomoda. A concorrência com os grandes grupos ainda atrapalha. Mas, a sociedade de hoje começa a aprender que o elemento mais importante desse largo contexto é o homem. E a ele cabe o ônus e o mérito da grande transformação ocorrida. O caipira quase que desapareceu. Começa a surgir um novo personagem que tende a se conscientizar de que ELE é o “Sal da Terra”.
A que atribuir essa grande mudança? Conhecimento e Educação. "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.
João 8:32"
Os novos hábitos adquiridos, os bons exemplos das novas gerações, a lenta, porém gradativa e inexorável conscientização de seus valores, fizeram com que o homem se desprendesse da letargia da indolência e ingressasse em nova e consciente fase de seu progresso evolutivo.
E a boa notícia é que não somente no campo material ocorreu esse avanço. O castigo da dor, as consequências dos desatinos e a reação da própria vida estão redirecionando o homem para a educação moral de que trata Allan Kardec nos comentários à questão 685 de O Livro dos Espíritos.
Nós somos o “Sal da Terra”. Mas, nenhum sal de liberdade é desacompanhado do sal da responsabilidade. Também a nós caberá o bom uso dessas potencialidades.
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Com séculos de antecedência, Jesus já antevia as dificuldades que surgiriam em nossa jornada evolutiva. Ao mesmo tempo, alentava-nos com as imensas potencialidades do espírito e seu imenso poder de transformação. Estamos ensaiando ainda os primeiros passos, mas já começamos a tomar consciência das revelações do Divino Mestre.
Valorizemos o “Sal da Terra” contido em cada um de nós e façamos da nossa presença neste planeta, ainda que transitória, uma jornada de transformação, tanto dos valores da terra, como de conquista de novos valores espirituais.